Palestinos assistem a anúncio de cessar-fogo em TV em Khan Yunis, na Faixa de Gaza (Bashar Taleb/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 17h27.
Israel e Hamas fecharam nesta quarta-feira 15, um acordo de cessar-fogo para pausar o conflito em Gaza que dura 15 meses. Os detalhes do acerto ainda estão sendo divulgados. Segundo a imprensa israelense, o tratado permitirá a libertação de reféns pelo Hamas, em troca da saída de forças israelenses de Gaza e da libertação de presos palestinos.
A primeira fase do acerto durará seis semanas e prevê a liberação dos reféns israelenses que foram levados pelo Hamas, na invasão em 7 de outubro de 2023 , que deu origem ao conflito. Em troca, Israel retirará parte de suas forças da Faixa de Gaza e libertará palestinos presos.
A liberação de reféns começará no primeiro dia em que o cessar-fogo entrar em vigor. A data ainda não foi confirmada, mas poderá ser assim que ocorrer a assinatura pelos dois lados. Cerca de cem reféns israelenses estão em poder do Hamas, estima o governo de Israel. Desses, estima-se que cerca de um terço possam estar mortos.
O tratado ainda precisa ser assinado formalmente pelos dois lados. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse, em nota, que o acordo ainda tem alguns pontos pendentes, mas que espera resolvê-los na noite desta quarta. O tratado precisará ser aprovado formalmente pelo gabinete de Netanyahu, o que pode ocorrer na terça pela manhã.
O Hamas confirmou o acordo em uma declaração distribuída via Telegram, segundo o New York Times. "É uma conquista para o nosso povo. Um momento histórico no conflito com nosso inimigo", disse.
Veja abaixo os compromissos a serem seguidos, segundo informações da imprensa israelense e da entidade StandWithUs, que combate o antissemitismo.
Libertação de reféns: serão soltos 33 reféns mantidos na Faixa de Gaza (vivos e mortos), com base na lista fornecida por Israel, de forma escalonada.
Essa lista inclui mulheres — entre civis e aquelas que são soldadas das Forças de Defesa de Israel (IDF) —, crianças, idosos acima de 50 anos e homens classificados na categoria humanitária com menos de 50 anos.
Cronograma de libertação:
• Dia 1: 3 reféns serão libertados.
• Dia 7: 4 reféns serão libertados.
• Dia 14: 3 reféns serão libertados, com prioridade para mulheres.
• Dia 21: 3 reféns serão libertados.
• Dia 28: 3 reféns serão libertados.
• Dia 35: 3 reféns serão libertados.
• Última semana: os 14 reféns restantes serão libertados.
No 16º dia, começarão as negociações para a Fase 2. Em troca, Israel libertará aproximadamente 1.000 prisioneiros palestinos, incluindo alguns que estão cumprindo pena de prisão perpétua após serem julgados em Israel por terrorismo e assassinatos.. Condenados com histórico de mortes serão enviados para Faixa de Gaza, Turquia ou Qatar.
A partir do 22º dia, civis palestinos poderão retornar a suas casas no norte da Faixa de Gaza – com inspeção de veículos durante o retorno. Enquanto isso, as IDF reduzirão sua presença no Corredor Filadélfia e se retirarão completamente do Corredor Netzarim. Será permitido que 600 caminhões de ajuda humanitária entrem na Faixa de Gaza.
Durante os 42 dias iniciais, haverá retirada parcial de tropas israelenses da Faixa de Gaza.
Libertação de todos os reféns vivos restantes em troca de um cessar-fogo permanente. As IDF disseram que não retirarão todas as tropas da Faixa de Gaza até que o último refém seja libertado.
Desde sua fundação, em 1948, Israel é criticado por ter se estabelecido em parte sobre terras onde palestinos viviam. Todos os vizinhos apoiam a causa palestina e poucos reconhecem Israel como um Estado (veja mapa abaixo). Nos últimos anos, no entanto, isso vinha mudando.
Em 2020, foram assinados os Acordos de Abraão, com Israel, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Os tratados criaram parcerias, como abertura comercial e criação de voos diretos. Assim, turistas israelenses foram a Dubai, e os negócios entre Israel e os Emirados atingiram 500 milhões de dólares em 2023.
O ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, freou esse processo. Naquele dia, terroristas invadiram Israel e mataram pelo menos 1.195 pessoas e sequestraram mais de 200, segundo o governo israelense. O Hamas disse que atacou em resposta a pressões de Israel, a quem acusa de sufocar a economia de Gaza e de seguir criando assentamentos em áreas em disputa.
Um dia após o ataque, Israel invadiu Gaza. De forma dura. O governo local, controlado pelo Hamas, diz que mais de 41.000 palestinos foram mortos e 95.000 ficaram feridos desde o início da operação.
Além disso, centenas de milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas. Isso aumentou a pressão sobre Israel, especialmente do Irã. O país encabeça o “eixo da resistência”, que inclui grupos como Hamas e Hezbollah, rebeldes houthis no Iêmen e milícias que apoiavam o governo da Síria.