Campanha de Biden no Animal Crossing: candidato é forte entre eleitores jovens (Joe Biden Campaign/Reprodução)
Carolina Riveira
Publicado em 5 de setembro de 2020 às 07h50.
O candidato democrata Joe Biden encontrou uma nova forma de fazer campanha na eleição americana. A equipe do ex-vice presidente implementou ferramentas do candidato dentro do jogo Animal Crossing, um dos maiores sucessos do mundo dos games na quarentena.
Com as funcionalidades, que estrearam nesta semana, os jogadores poderão colocar placas diversas apoiando Biden em frente a suas casas virtuais no jogo.
No Animal Crossing, o jogador constrói uma ilha e, ao longo do jogo, pede empréstimos para comprar e aumentar sua casa e patrimônio. No tempo livre, os personagens podem ainda pescar, fazer projetos ou comprar roupas. Jogadores e os personagens de seus amigos também podem conversar ou visitar as ilhas dos colegas.
Foram quatro placas lançadas pela campanha de Biden para os apoiadores usarem em seus quintais virtuais: "Team Joe", "Biden-Harris", uma com as cores da comunidade LGBT e uma última com o vermelho, azul e branco, cores da campanha. Para usar, é preciso escanear um QR Code.
A primeira versão do Animal Crossing foi lançada pela japonesa Nintendo em 2001, e o jogo que virou febre neste ano é a edição "New Horizons". O sucesso do jogo também ajudou a Nintendo a quintuplicar seu lucro e mais que dobrar as vendas do Switch, um dos videogames da empresa.
Nem só a Nintendo fatura com Animal Crossing: no mundo virtual do jogo, o dono do dinheiro, o guaxinim Tom Nook, cuida de todas as questões financeiras e de engenharia civil da ilha -- e, se existisse na vida real, seria mais rico que Jeff Bezos, o presidente e fundador da Amazon.
Empresas também vêm implementado ferramentas no jogo. No Brasil, a varejista de moda Amaro criou a personagem "Mara" especialmente para o Animal Crossing.
Aya Kyogoku, um dos funcionários da Nintendo que trabalha no jogo desde 2003, disse ao jornal The Guardian que "o Animal Crossing é um jogo de comunicação". É exatamente o que espera a campanha de Biden, que tenta se aproximar de alguns dos jogadores do game para convencê-los não só a apoiar o democrata e ir às urnas na eleição de 3 de novembro (uma vez que votar não é obrigatório nos Estados Unidos).
Do Animal Crossing às ações nas redes sociais, os candidatos em eleições neste ano em todo o mundo têm precisado do online como nunca em meio à pandemia, que fez comícios e outros eventos de massa serem descartados.
A própria convenção do Partido Democrata no último mês de agosto, o evento mais importante do ano eleitoral, foi feita totalmente online pela primeira vez na história, com só alguns palestrantes no estúdio. A convenção do Partido Republicano, na semana seguinte, incluiu a presença de delegados e outros membros do partido fisicamente, mas, ainda assim, foi assistida majoritariamente pela internet e pela TV.
Para Biden, em especial, os comícios e outros eventos seriam essenciais neste ano para que ele consiga votos nos estados decisivos na eleição americano -- os chamados estados-pêndulo, como Flórida e Ohio. Biden, contudo, tem evitado eventos desde o começo da pandemia.
Já o presidente Donald Trump, que é crítico das medidas de distanciamento, têm feito alguns eventos presenciais, embora menos do que aconteceriam na campanha normalmente. Um dos mais simbólicos foi em Tulsa, no estado do Oklahoma, em julho -- que reuniu centenas de pessoas e pode ter começado uma onda de casos de covid-19 na região, segundo as autoridades.