Haiti: o batalhão conta com pouco menos de 1.000 militares, mas cerca de 37.500 oficiais já atuaram na missão (John Moore/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h25.
Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 08h10.
A partir desta sexta-feira, os haitianos começam a assistir à saída das tropas brasileiras de suas ruas. Depois de 13 anos, a ONU concorda que é hora de encerrar a missão humanitária, chamada de Minustah.
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O batalhão brasileiro no Haiti é conhecido por Brabat e conta com pouco menos de 1.000 militares, mas cerca de 37.500 oficiais já atuaram na missão. A operação — que se encerra oficialmente em 15 de outubro — teve início em 2004 para ajudar a garantir segurança no país, mas há dúvidas sobre o seu sucesso.
A missão liderada pelo Brasil foi instalada depois de o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide sofrer seu segundo golpe de estado — dentre vários que o país sofreu desde que o mesmo Aristide foi o primeiro presidente a ser democraticamente eleito, em 1991.
O objetivo da Minustah era ajudar a estabilizar a segurança no país. Os levantes políticos e a violência foram contidos, mas a democracia do país ainda patina, já que o atual presidente, Jovenel Moise, recebeu o comando do país em 2017 de um governo interino e em meio a uma grave crise política.
O país também continua o mais pobre das Américas, com um PIB per capita de 730 dólares (em 2004, girava em torno 690). A média da idade da população é de 22,6 anos, e 40% da população é analfabeta. Apesar de a natureza não ajudar — um terremoto devastou o Haiti em 2010 e o furacão Matthew piorou a situação em 2016 —, a missão em si também trouxe problemas para o país.
No ano passado, foram relatados escândalos de abusos sexuais por oficiais de uma série de países que também integravam a missão, inclusive brasileiros. Em 2011, tropas do Nepal foram responsáveis por provocar um surto de cólera entre os haitianos.
Agora, em vez dos capacetes azuis, como são conhecidos os oficiais das missões da ONU, estão pelas ruas 15.000 soldados haitianos, armados com fuzis. Foram investidos 346 milhões de dólares por ano ao longo de 13 anos, tendo o Brasil contribuído com 1,5 bilhão de dólares em todo o período.
Apesar de se dizer que chegou a hora de o Haiti caminhar com as próprias pernas, é difícil imaginar como isso pode acontecer num país que segue completamente dependente de doações e imerso na mais plena miséria. O Brasil, agora, deve negociar a liderança de outra missão – provavelmente no Líbano ou algum país africano.