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Biden confirma envio de sistemas de defesa à Ucrânia e diz que Otan 'está mais forte do que nunca'

Na abertura de reunião que pode marcar um passo decisivo para a adesão de Kiev, o presidente americano afirmou que 'a Rússia não vai prevalecer'

US President Joe Biden and Ukrainian President Volodymyr Zelensky (L) shake hands after signing a bilateral security agreement during a press conference at the Masseria San Domenico on the sidelines of the G7 Summit hosted by Italy in Apulia region, on June 13, 2024 in Savelletri. Leaders of the G7 wealthy nations gather in southern Italy this week against the backdrop of global and political turmoil, with boosting support for Ukraine top of the agenda. (Photo by Mandel NGAN / AFP) (Mandel NGAN/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 10 de julho de 2024 às 08h09.

Última atualização em 10 de julho de 2024 às 08h12.

O presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou na terça-feira, 9, que enviará, ao lado de outros quatro países, novos sistemas de defesa aérea à Ucrânia , no momento em que o país é alvo de recorrentes e cada vez mais violentos ataques aéreos da Rússia no último deles, na segunda-feira, 43 pessoas morreram e um hospital pediátrico em Kiev foi atingido. A declaração foi feita em um evento que marcou os 75 anos da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, que antecedeu uma cúpula dos líderes da organização em Washington.

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"A Ucrânia pode e vai parar [Vladimir] Putin [presidente da Rússia", disse Biden, no Auditório Mellon, o mesmo onde, há 75 anos, foi firmado o Tratado do Atlântico Norte, dando início à aliança militar. — A Rússia não vai prevalecer. A Ucrânia vai prevalecer.

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Realizado em um momento difícil para a Ucrânia na guerra, no qual não há perspectivas de retomadas de terras ocupadas pelos russos iminentes, e no qual os mísseis caem em grande quantidade sobre posições militares e cidades de todos os tamanhos, Biden considera esse encontro uma oportunidade para reiterar o apoio a Kiev, seja ele político, financeiro ou, especialmente, militar. Mais do que isso, mostrar também aVladimir Putinque o apoio da aliança aos ucranianos não está se esfarelando. Pelo menos por enquanto.

Pouco antes do presidente subir ao palco, a Casa Branca divulgou um comunicado no qual os EUA,
Romênia e Alemanha se comprometiam a fornecer — cada — uma bateria do sistema de defesa aérea Patriot, um dos itens mais requisitados pelos ucranianos. A Holanda se comprometeu a buscar junto a outros países meios para entregar uma quarta bateria, enquanto a Itália disse que entregará um sistema de defesa de longa distância SAMP-T.

"Estes cinco sistemas estratégicos de defesa aérea ajudarão a proteger as cidades, os civis e os soldados ucranianos, e estamos a coordenar estreitamente com o governo ucraniano para que estes sistemas possam ser utilizados rapidamente", diz o comunicado. "Além disso, nos próximos meses, os
Estados Unidos e os parceiros pretendem fornecer à Ucrânia dezenas de sistemas táticos de defesa aérea, incluindo NASAMS, HAWKs, IRIS T-SLM, IRIS T-SLS e sistemas Gepard."

No auditório Mellon, o discurso de 13 minutos foi lido cautelosamente no teleprompter — desde o catastrófico debate da semana retrasada contra Donald Trump, as falas públicas do presidente são escrutinadas detalhadamente, e qualquer escorregão serve de argumento para os que querem uma substituição na chapa democrata à Presidência. Na sexta-feira passada,em uma entrevista à rede ABC, o presidente afirmou que sua participação na cúpula, na qual também fará um discurso na quinta-feira, seria uma boa chance de "julgar" suas capacidades. Na noite desta terça, Biden não cometeu deslizes sérios, e adotou um tom duro ao falar sobre o futuro da Ucrânia e da própria Otan.

"Quando esta guerra sem sentido começou, a Ucrânia era um país livre. Hoje, continua a ser um país livre e a guerra terminará com a Ucrânia sendo um país livre e independente", disse Biden. "Hoje, a Otan está mais forte, mais inteligente e mais energizada do que quando começou. Um bilhão de pessoas na Europa e na América do Norte, na verdade, em todo o mundo, colherão os frutos do seu trabalho nos próximos anos".

A cerimônia desta terça-feira, que contou com uma homenagem ao secretário-geral da aliança,Jens Stoltenberg, hoje em seus últimos momentos no cargo, foi o ponto de partida para uma das reuniões mais cruciais desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Segundo integrantes do governo americano, devem ser anunciados compromissos contundentes sobre o envio de armas e dinheiro para Kiev, e o rascunho da declaração final, obtido pela rede CNN, afirma que o caminho da Ucrânia rumo à Otan "é irreversível".

"Quanto tempo mais Putin poderá resistir? A resposta está aqui mesmo em Washington: com a sua liderança, a sua ação, a sua escolha, a escolha de agir agora", disse, em discurso na capital americana, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que acompanhará a reunião. "E mesmo hoje em dia, na reunião da Otan, que deveria ser um evento importante, são necessárias decisões fortes, e estamos à espera delas, e contamos com elas".

Contudo, a forma como essa adesão poderá ocorrer, e quanto tempo levará até que saia do papel, é uma incógnita: afinal, além das disparidades técnicas das Forças Armadas locais em relação aos padrões exigidos pela aliança, caso Kiev se torne o 33º membro, qualquer ataque russo ao país seria considerado um ataque contra os demais 32 integrantes. No mês passado, Putin afirmou que uma das condições para ele iniciar negociações de paz era a Ucrânia abandonar os planos de entrar na Otan.

"As tropas ucranianas devem ser completamente retiradas da República Popular de Donetsk, da República Popular de Lugansk, das regiões de Kherson e Zaporiíjia" , disse Putin a diplomatas russos, se referindo às quatro regiões anexadas unilateralmentre pela Rússia. "Assim que Kiev disser que está pronta para fazer isso e começar a realmente retirar as tropas e renunciar oficialmente aos planos de aderir à Otan, adotaremos imediatamente um cessar fogo e iniciaremos negociações".

Como esperado, Kiev rejeitou a proposta, alegando que não abre mão de suas fronteiras estabelecidas em 1991, logo após o fim da União Soviética.

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