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Arte de rua combate assédio disfarçado de elogio

Com um rolo, cola e um grupo de voluntárias, campanha luta contra assobios, vulgaridades e comentários gratuitos sofridos por mulheres

Mulher passeia em Nova York: o assédio verbal de rua é a agressão à mulher menos documentada e a mais difícil de classificar em termos legais (Spencer Platt/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 09h40.

Washington - Assobios, vulgaridades e comentários gratuitos são o pão da cada dia de milhões de mulheres no mundo.

É a forma de assédio mais tolerada socialmente e que acontece na rua, espaço eleito por Tatyana Fazlalizadeh para uma campanha que aborda os homens : "Pare de dizer às mulheres para que sorriam".

Com um rolo, cola e um grupo de voluntárias que não para de crescer, a criadora americana imprimiu nas paredes das principais cidades do país os rostos de mulheres reais - inclusive o seu - que sofreram assédio na rua junto de fortes mensagens em inglês e em espanhol que respondem às agressões verbais mais comuns.

"Meu nome não é "pequena"", "Minha roupa não é um convite", "Não estou aqui para você", "As mulheres não buscam sua aprovação". Estas são algumas das frases que a artista de 27 anos levou a um espaço, a rua, onde as mulheres se sentem frequentemente "incomodadas e inseguras", explicou no manifesto de sua campanha.

O assédio verbal de rua é a agressão à mulher menos documentada e a mais difícil de classificar em termos legais, apesar de sua incidência superar os 80% entre adolescentes e jovens, segundo os estudos da organização sem fins lucrativos "Stop Street Harassment" (SSH).

Uma de cada quatro meninas já foi vítima desse tipo de assédio aos 12 anos e 90% das meninas de 19 anos respondeu afirmativamente quando perguntadas se já se sentiram intimidada pelas "palavras e ações desrespeitosas de desconhecidos em um espaço público".

Essa é a definição que a SSH dá ao "assédio de rua", um termo muito menos estudado e regulado do que "assédio sexual" ou "agressão sexual", já que se refere em boa medida a comportamentos que, embora ofensivos e perturbadores, não são tipificados como crime.

E mais, chamar a atenção das mulheres na rua e fazer comentários obscenos sobre seu corpo em muitos casos é tratado com condescendência, como um elogio ou uma piada inofensiva.

Mudar esta visão é o que moveu Fazlalizadeh a pegar sua câmera, seu rolo e sua tinta no outono de 2012, quando começou a ocupar as ruas do bairro nova-iorquino do Brooklyn com rostos, frases e uma mensagem clara: este comportamento não é aceitável.


O que começou então como uma modesta iniciativa individual se transformou agora em uma campanha nacional que envolveu centenas de mulheres.

"Apesar de sua incidência, a violência e o assédio contra as meninas e as mulheres nos espaços públicos continua sendo um assunto amplamente ignorado, do qual poucas leis ou políticas se ocupam", escreveu a ex-presidente do Chile Michele Bachelet quando era diretora-executiva de ONU Mulheres, a entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero.

Para reverter esta situação, Fazlalizadeh ofereceu várias formas de participação em sua campanha através de um site que recruta voluntárias tanto para pegar o rodo como para dar a conhecer a iniciativa nos meios de comunicação e nas redes sociais.

A pintora e ilustradora, nascida em Oklahoma e de ascendência iraniana e afro-americana, fotografou primeiro as voluntárias, depois desenhou seus rostos, sempre com olhar desafiante, e por último os imprimiu em cartazes em branco e preto junto de mensagens em letras maiúsculas: "As mulheres não saem à rua para o entretenimento dos homens".

Esses textos não são fruto da imaginação de Fazlalizadeh, nasceram das histórias reais que as voluntárias revelaram nas entrevistas que fez por todo o país.

A falta de conscientização social sobre o assédio verbal de rua pode ser comprovada com a reação que alguns homens tiveram diante da campanha: em alguns cartazes apareceram pintadas sobre a mensagem " Pare de dizer às mulheres para que sorriam" o texto: "Obriguem-nas".

Muitas das protagonistas desta iniciativa pertencem às minorias afro-americana, asiática e latina, grupos onde a incidência deste tipo de agressões é ainda maior. Daí que alguns dos cartazes estejam escritos em espanhol..

A escolha dos muros públicos em lugar das paredes de uma sala de exposições não foi casual. Fazlalizadeh quis levar as mensagens das mulheres ao mesmo cenário em que são vítimas do assédio, a rua. Como advertência a eles, e de lembrança para elas: "Não estão sozinhas".

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É a forma de assédio mais tolerada socialmente e que acontece na rua, espaço eleito por Tatyana Fazlalizadeh para uma campanha que aborda os homens : "Pare de dizer às mulheres para que sorriam".

Com um rolo, cola e um grupo de voluntárias que não para de crescer, a criadora americana imprimiu nas paredes das principais cidades do país os rostos de mulheres reais - inclusive o seu - que sofreram assédio na rua junto de fortes mensagens em inglês e em espanhol que respondem às agressões verbais mais comuns.

"Meu nome não é "pequena"", "Minha roupa não é um convite", "Não estou aqui para você", "As mulheres não buscam sua aprovação". Estas são algumas das frases que a artista de 27 anos levou a um espaço, a rua, onde as mulheres se sentem frequentemente "incomodadas e inseguras", explicou no manifesto de sua campanha.

O assédio verbal de rua é a agressão à mulher menos documentada e a mais difícil de classificar em termos legais, apesar de sua incidência superar os 80% entre adolescentes e jovens, segundo os estudos da organização sem fins lucrativos "Stop Street Harassment" (SSH).

Uma de cada quatro meninas já foi vítima desse tipo de assédio aos 12 anos e 90% das meninas de 19 anos respondeu afirmativamente quando perguntadas se já se sentiram intimidada pelas "palavras e ações desrespeitosas de desconhecidos em um espaço público".

Essa é a definição que a SSH dá ao "assédio de rua", um termo muito menos estudado e regulado do que "assédio sexual" ou "agressão sexual", já que se refere em boa medida a comportamentos que, embora ofensivos e perturbadores, não são tipificados como crime.

E mais, chamar a atenção das mulheres na rua e fazer comentários obscenos sobre seu corpo em muitos casos é tratado com condescendência, como um elogio ou uma piada inofensiva.

Mudar esta visão é o que moveu Fazlalizadeh a pegar sua câmera, seu rolo e sua tinta no outono de 2012, quando começou a ocupar as ruas do bairro nova-iorquino do Brooklyn com rostos, frases e uma mensagem clara: este comportamento não é aceitável.


O que começou então como uma modesta iniciativa individual se transformou agora em uma campanha nacional que envolveu centenas de mulheres.

"Apesar de sua incidência, a violência e o assédio contra as meninas e as mulheres nos espaços públicos continua sendo um assunto amplamente ignorado, do qual poucas leis ou políticas se ocupam", escreveu a ex-presidente do Chile Michele Bachelet quando era diretora-executiva de ONU Mulheres, a entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero.

Para reverter esta situação, Fazlalizadeh ofereceu várias formas de participação em sua campanha através de um site que recruta voluntárias tanto para pegar o rodo como para dar a conhecer a iniciativa nos meios de comunicação e nas redes sociais.

A pintora e ilustradora, nascida em Oklahoma e de ascendência iraniana e afro-americana, fotografou primeiro as voluntárias, depois desenhou seus rostos, sempre com olhar desafiante, e por último os imprimiu em cartazes em branco e preto junto de mensagens em letras maiúsculas: "As mulheres não saem à rua para o entretenimento dos homens".

Esses textos não são fruto da imaginação de Fazlalizadeh, nasceram das histórias reais que as voluntárias revelaram nas entrevistas que fez por todo o país.

A falta de conscientização social sobre o assédio verbal de rua pode ser comprovada com a reação que alguns homens tiveram diante da campanha: em alguns cartazes apareceram pintadas sobre a mensagem " Pare de dizer às mulheres para que sorriam" o texto: "Obriguem-nas".

Muitas das protagonistas desta iniciativa pertencem às minorias afro-americana, asiática e latina, grupos onde a incidência deste tipo de agressões é ainda maior. Daí que alguns dos cartazes estejam escritos em espanhol..

A escolha dos muros públicos em lugar das paredes de uma sala de exposições não foi casual. Fazlalizadeh quis levar as mensagens das mulheres ao mesmo cenário em que são vítimas do assédio, a rua. Como advertência a eles, e de lembrança para elas: "Não estão sozinhas".

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