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Após eleições, Macron defende formação de coalizão ampla e 'republicana' na Assembleia Nacional

Nenhum partido ou aliança conseguiu a maioria das cadeiras na votação concluída no domingo, e presidente quer manter a voz em políticas e indicações

Emmanuel Macron, presidente da França (MOHAMMED BADRA / POOL/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 10 de julho de 2024 às 14h21.

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Três dias depois de eleições legislativas nas quais nenhum partido ou coalizão garantiu o controle da Assembleia Nacional, o presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu uma coalizão de forças que defendem uma “orientação europeia e a defesa da independência francesa”. Com o apelo, Macron tenta ao menos compartilhar o comando do Legislativo francês, e garantir um final de mandato com um mínimo de governabilidade.

“Nenhuma força política obtém por si só uma maioria suficiente e os blocos ou coligações que emergem destas eleições são todos minoria”, escreveu Macron, em carta publicada na imprensa francesa. “Divididas no primeiro turno, unidas por desistências mútuas no segundo, eleitas graças aos votos dos eleitores dos seus antigos adversários, apenas as forças republicanas representam a maioria absoluta.”

Macron afirmou que o voto contra a extrema direita, que após o primeiro turno parecia perto de conquistar a maioria na Assembleia e indicar o primeiro-ministro, foi uma mensagem clara dos eleirores, especialmente ao Reagrupamento Nacional. Mas, que, agora, é hora de formar uma aliança concisa, com valores em comum.

“É por esta razão que peço a todas as forças políticas que se reconhecem nas instituições republicanas, no Estado de direito, no parlamentarismo, numa orientação europeia e na defesa da independência francesa, que se empenhem num diálogo sincero e leal para construir uma maioria sólida, necessariamente plural”, afirmou Macron.

Segundo o presidente, será “à luz destes princípios” que acontecerá a indicação do novo ou nova premier.

“Isto exige dar às forças políticas um pouco de tempo para construir estes compromissos com serenidade e respeito por todos”, escreveu. “Coloquemos a nossa esperança na capacidade dos nossos líderes políticos em demonstrar um sentido de harmonia e apaziguamento no seu interesse e no do país. O nosso país deve ser capaz de fomentar, como fazem tantos dos nossos vizinhos europeus, este espírito de superação que sempre defendi.”

Logo depois da vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu, em junho, Macron surpreendeu o país (e a Europa) ao convocar eleições legislativas no país. Analistas viram na decisão uma manobra para demonstrar a força do que o presidente chamou de “frente republicana”, partidos de centro, centro-direita e centro-esquerda com pontos programáticos em comum, como a defesa da União Europeia. Contudo, os resultados do primeiro turno, no final de junho, quando a extrema direita terminou à frente da maior parte das disputas, puseram a estratégia de Macron em xeque.

Mas no segundo turno, Macron e forças de esquerda entraram de cabeça na campanha, repetindo o chamado “cordão sanitário” contra a extrema direita, uma manobra vista em eleições presidenciais, como a de 2002 e, mais recentemente, 2022. Desta vez, com sucesso: a aliança de esquerda Nova Frente Popular terminou em primeiro, enquanto o bloco liderado pelo presidente, o Juntos, ficou em segundo — a extrema direita ficou em terceiro, mas o Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, elegeu o maior número de deputados desde sua fundação.

Macron não delimitou quem está dentro em sua frente republicana, mas aliados sinalizaram que dois partidos devem ficar de fora: o Reagrupamento Nacional e a França Insubmissa, de esquerda, e cujo líder, Jean-Luc Mélenchon, exigiu ter voz em políticas de governo, e na própria escolha do novo premier. Apesar de ter sido o partido mais votado da Nova Frente Popular, a França Insubmissa e o próprio Mélenchon estão longe de serem unanimidades.

— Todo governo que tenha ministros da França Insubmissa será objeto, por nossa parte, de um voto de moção de censura — afirmou nesta quarta-feira Laurent Wauquiez, novo presidente dos Republicanos, de direita. Ele rejeitou qualquer participação da sigla, que não integrou a chamada “frente republicana” e que se aliou em parte ao Reagrupamento Nacional, em qualquer coalizão governista.

Segundo uma pesquisa da rede BFMTV, em parceria com o instituto Elabe, 39% dos franceses apoiam uma coalizão entre o bloco de Macron, os Republicanos e os partidos de esquerda, excluindo a França Insubmissa. Para 30%, uma coalizão composta “apenas pela esquerda”, incluindo o bloco de Mélenchon, é a melhor opção. Para metade dos entrevistados, se a coalizão de esquerda que terminou em primeiro nas eleições de domingo apresentar um primeiro-ministro, Macron deve encarregá-lo de formar um governo. Não existe um prazo para que a indicação aconteça, e enquanto o novo premier não é anunciado, o ministro demissionário, Gabriel Attal, segue no posto — ele tem, segundo a pesquisa da BFMTV, aprovação de 38%.

Em uma tentativa de amenizar as resistências à sua participação no governo, Mélenchon afirmou, em Bruxelas, que “não tem qualquer interesse em entrar em choque com a União Europeia” sobre as regras de equilíbrio orçamentário do bloco. Apesar de ter uma plataforma centrada no aumento dos gastos do Estado, em especial Da rede de apoio social, ele garantiu defender a redução dos déficits, ao mesmo tempo em que “aumentará as receitas”, citando a taxação sobre fortunas e mudanças no regime de apoio a empresas.

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