Vista da usina nuclear de Chernobyl (Gleb Garanich/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2022 às 07h50.
Última atualização em 9 de março de 2022 às 08h25.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que perdeu contato com os sistemas de monitoramento do complexo nuclear desativado em Chernobyl, na Ucrânia. O local foi palco da maior tragédia nuclear acidental da história, em 1986, e está sob domínio russo desde o primeiro dia da guerra no país, em 24 de fevereiro.
Em comunicado, a agência afirmou que "a transmissão remota de dados dos sistemas de monitoramento de salvaguardas instalados na central nuclear de Chornobyl foi perdida". A AIEA afirmou que está analisando os dados em sistemas em outras partes da Ucrânia e "fornecerá mais informações em breve".
Nesta quarta-feira, autoridades ucranianas também falaram sobre o tema publicamente, acusam a Rússia de ter desconectado a usina do sistema e afirmam que, sem isso, não é possível saber quais os níveis de radiação.
O ministro da Energia, Herman Halushchenko, lembrou que a Ucrânia não tem controle, além disso, sobre as decisões no complexo de Zaporizhzhia tomado na semana passada, segundo reportou a agência Reuters.
"No momento, ninguém entende o que está acontecendo em Chernobyl e o que ameaça a região. Uma situação extremamente perigosa", escreveu, disse nesta quarta-feira nas redes sociais o conselheiro do gabinete da presidência da Ucrânia, Mikhail Podolyak.
The IAEA has unexpectedly lost connection with the Chornobyl monitoring systems of guarantees. At the moment no one understands what is happening in Chornobyl and what is threatening the region. An extremely dangerous situation.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 9, 2022
Outro dos problemas em Chernobyl é a rotatividade de pessoal. A AIEA afirma que a agência reguladora na Ucrânia tem alertado para a necessidade de trocar os funcionários ucranianos atualmente trabalhando em Chernobyl, pois a mesma equipe está operando desde que tropas russas controlaram o complexo nuclear, há 13 dias.
A rotatividade é um dos pilares para a segurança dos complexos nucleares, afirma a AIEA. A agência aponta que "os funcionários operando instalações nucleares devem ser capazes de descansar e trabalhar em turnos regulares", assim como "tomar decisões livres de pressão indevida".
“Estou profundamente preocupado com a situação difícil e estressante que os funcionários da usina nuclear de Chernobyl enfrentam, e os riscos potenciais que isso acarreta para a segurança nuclear", disse o diretor-geral da AIEA, o diplomata argentino Rafael Mariano Grossi.
"Apelo às forças no controle efetivo do local para facilitar urgentemente a rotação segura de pessoal."
Em declarações nas últimas semanas, Grossi também tem sugerido à Rússia uma visita da AIEA à Ucrânia de modo a discutir a garantia de segurança dos locais durante a guerra.
Já em Zaporizhzhia, o controle foi tomado por tropas russas no último dia 3 de março. O local chegou a ter um incêndio registrado em um prédio anexo durante o ataque, mas não foram causados danos aos reatores, afirmaram na ocasião agências reguladoras.
Ao contrário de Chernobyl, que foi desativada após o acidente, o complexo de Zaporizhzhia é mais recente e ativo, sendo o maior da Europa e fornecendo energia para 4 milhões de casas ucranianas.
Após o ataque russo ao local, só dois reatores seguem ligados, e a Rússia detém o controle da operação.
Ao todo, dos 15 reatores nucleares existentes na Ucrânia, oito estão em operação. Na nota desta terça-feira, a AIEA afirmou que monitoramento aponta que "os níveis de radiação nos locais estão normais" até o momento.
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