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Uvas selecionadas

Para os produtores do vale dos Vinhedos, a procedência passa a ser um selo de qualidade

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h55.

Na estrada sinuosa que conduz às mais de 20 cantinas espalhadas pelos 81 quilômetros quadrados do vale dos Vinhedos, o visitante pode ter a sensação de estar no interior da Europa. Belas paisagens emolduram as pequenas propriedades familiares, nas quais os mais velhos ainda se comunicam em dialetos italianos. As videiras estendem-se por encostas com altitudes de até 700 metros e misturam-se a matas nativas. Desde o final de 2002, os vinhos finos dessa região são certificados com a indicação Vale dos Vinhedos.

Trata-se do primeiro registro de procedência geográfica do Brasil, outorgado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) com base numa lei de 1997. Os produtores de café do cerrado de Minas Gerais e os vinicultores do vale dos Vinhedos foram os primeiros a requerer a certificação. Depois de cinco anos, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) recebeu o registro. O café do cerrado deve ser o próximo.

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A indicação geográfica é uma tradição centenária na Europa e colaborou para que produtos de determinadas regiões ganhassem notoriedade. Qual a primeira associação que você faz quando escuta palavras como Roquefort, Champagne ou Cognac? "O certificado é uma espécie de aval de qualidade", diz Deyse Gomes Macedo, técnica do Inpi. "Para conseguir isso é preciso ter produtos uniformizados e rigorosamente controlados."

Só podem estampar o selo de procedência no rótulo vinhos elaborados com algumas variedades de uvas produzidas no vale e engarrafados ali mesmo, conforme as regras da Organização Internacional do Vinho. Vinícolas como Aurora e Salton, localizadas no centro de Bento Gonçalves, embora utilizem uvas do vale, só poderão usar o selo se passarem também a produzir ali. O vale dos Vinhedos responde por quase 25% do volume de vinhos finos brasileiros. Os produtores esperam ganhar novos mercados. "O selo nos dá mais prestígio no Brasil e lá fora", diz Adriano Miolo, presidente da Aprovale.

MERCADO CONSUMIDOR BRASILEIRO DE VINHOS FINOS

MERCADO CONSUMIDOR BRASILEIRO DE
VINHOS FINOS (Entre 50 e 60 milhões litros/ano)
2001* 2002*
Nacional50,52%50,94%
Importado49,48%49,06%
*janeiro a outubro
Fonte: Associação Brasileira de Enologia
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