Nas ruas de Seul: população jovem caminha em frente a um shopping no bairro Myeong-dong (Maremagnum/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de maio de 2023 às 19h08.
Última atualização em 23 de maio de 2023 às 15h45.
Por Marcelo Tripoli, CEO da Zmes
A Coreia do Sul deverá passar por uma nova transformação nessa década. A constatação vem da prestigiada Drª. Soojin Lee, Ph.D. em Ciência do Consumidor e coautora do Consumer Trend Korea 2023, um relatório anual publicado desde 2008, que visa oferecer às empresas insights sobre as mudanças econômicas e de tendências do consumidor do país.
Parte de seus estudos foi apresentado durante minha primeira incursão em Seul, durante uma apresentação na prefeitura da capital. O pesquisador revelou inúmeras tendências, motivo pelo qual os autores do relatório estão questionando se o mesmo não deve passar a ser semestral em vez de anual. No entanto, gostaria de destacar as duas tendências que mais me chamaram a atenção.
A primeira delas é o desaparecimento da média, em que o valor médio como medida representativa de um grupo está se tornando insignificante. Isso ocorre devido à polarização, em que os valores se concentram em extremos, à multipolaridade, em que os valores individuais estão amplamente dispersos, e à unipolaridade, em que os valores se inclinam para um lado. Essa tendência é impulsionada pelo capitalismo, que gera divisões entre ricos e pobres, intensificadas pela pandemia e pela economia de plataforma, onde poucos se destacam.
Além disso, as empresas precisam se adaptar a esse novo cenário, adotando estratégias claras. Podem escolher um lado em direção a um dos extremos, personalizar suas estratégias para atender a pequenos grupos específicos ou construir um amplo ecossistema que os concorrentes não possam imitar. É hora de "redistribuir a média" e reconhecer a diversidade que reflete uma sociedade cada vez mais individualizada.
A segunda tendência abordada foi a evolução das relações sociais e como ela está relacionada ao desenvolvimento dos meios de comunicação. Antes, estabelecer relações significava formar amizades próximas com poucas pessoas. Agora, as relações são gerenciadas de forma eficiente, com diferentes tipos de relacionamentos indexados de acordo com seu propósito. Esse conceito, chamado de "Relações Indexadas", envolve três estágios: criação, categorização e gerenciamento. À medida que os meios de comunicação se diversificam, os relacionamentos se tornam mais complexos em termos de intimidade. A forma como nos relacionamos está se tornando mais diversificada e complexa, exigindo uma abordagem adaptativa e flexível.
Essas mudanças refletem a influência do avanço tecnológico e da transformação da sociedade. É fundamental compreender a importância das Relações Indexadas e estar disposto a se adaptar a esse novo paradigma, construindo e gerenciando relacionamentos com propósito claro e atenção às necessidades mutáveis de uma sociedade em constante evolução.
Durante a palestra, Dr. Soojin Lee também explicou sobre o tema central do livro "Rabbit Jump" ("Salto do Coelho"), que é um acrônimo para apresentar dez conceitos distintos. Ela explicou que essa escolha está relacionada ao fato de 2023 ser o ano do coelho e se inspira em um dos seus adágios favoritos, que pode ser traduzido como "o coelho astuto escava três túneis secretos para se esconder". Essa metáfora simboliza a importância de se adaptar e se ajustar às mudanças em um mundo em constante transformação.
Essas tendências apontam para grandes transformações na sociedade contemporânea, impulsionadas pela polarização econômica e pela busca incessante de excelência e diversidade no mercado. Além disso, a evolução das relações pessoais reflete uma nova abordagem no gerenciamento e categorização dos relacionamentos. É um reflexo da maneira como nos conectamos e interagimos em um contexto em constante evolução. Amanhã, estarei de volta com mais atualizações diretamente da Coreia do Sul. Fiquem atentos para mais novidades e insights sobre esses temas fascinantes.