São Paulo - Não há como prever, muitas vezes, como o público reagirá a uma campanha publicitária . Nem sempre as ações de marketing saem como o planejado, seguindo à risca o roteiro pensado.
Às vezes é falta de sorte da marca, mas em outras tantas é falta de bom senso mesmo.
Em 2016, diversas marcas passaram por momentos de crise ao ter de lidar com uma gafe de marketing .
Seja por uma mensagem confusa, uma aposta arriscada ou simplesmente uma ideia muito ruim, o público não perdoa nessas horas.Sobram críticas e risadas pelas redes sociais.
Às vezes, são pequenas gafes que rendem um momento desconfortável, mas passam rapidamente sem grandes danos. Outras vezes, a gafe acaba virando coisa séria e a marca envolvida precisa repensar seus conceitos.
Confira a seguir, nas imagens, as 25 gafes do ano.
- 1. Ficou menor
1 /25(/Divulgação)
O chocolate da marca Toblerone, ao diminuir de tamanho e mudar seu formato,
causou uma avalanche de piadas, memes e críticas nas redes sociais. A caixa, do mesmo tamanho, traz um chocolate menor dentro (com espaços maiores entre seus tradicionais "gomos"). A marca justificou a mudança dizendo que teria de aumentar o preço do produto caso o tamanho permanecesse o mesmo.
- 2. Gafe geopolítica
2 /25(Reprodução)
A Coca-Cola causou uma grande crise na Ucrânia. Primeiro, a marca colocou em seu anúncio um mapa da Rússia, mas não incluiu a região da Crimeia – que pertence à Ucrânia, mas é território disputado entre os dois países. Após reclamações dos russos nas redes sociais, a marca alterou a imagem e incluiu a Crimeia como território sob comando de Moscou. Mas isso, claro, causou profunda revolta entre os ucranianos, que veem na luta pela região uma afirmação nacionalista e contra a influência de Putin.
Um delicado e complexo problema geopolítico que a Coca não deveria ter tentado citar.
- 3. Magra demais
3 /25(Reprodução)
- 4. Prêmio perdido
4 /25(Reprodução)
Uma campanha da Aspirina, da Bayer,
teve de devolver prêmio no Festival de Cannes após intensas críticas nas redes sociais. Na campanha criada pela agência brasileira AlmapBBDO para a Aspirina e para a sua versão com cafeína (CafiAspirina), uma situação foi apresentada em duas cores. A cor verde trazia uma frase e remetia à Aspirina. A cor vermelha, que de certa forma "contrariava" a primeira frase, representava a CafiAspirina. Três frases compunham as peças da campanha: "Relaxa, até parece que estou gravando isso .MP3"; "Calma amor, não estou filmando isso .MOV"; e "Tá tudo bem, não estou anotando nada .DOC". As duas primeiras foram consideradas machistas e de profundo mau gosto, já que pareciam relativizar um crime.
- 5. Columbia
5 /25(Divulgação/Adidas)
A Adidas cometeu uma gafe e tanto em seu anúncio para a Copa América de 2016, que aconteceu nos Estados Unidos. A marca é a patrocinadora do material esportivo da seleção da Colômbia. Para promover a camisa especial da seleção para o torneio (branca e azul, em vez do tradicional amarelo), a marca divulgou imagens do astro James Rodriguez e de outros jogadores. A questão é que,
em vez de escrever Colômbia, os americanos "traduziram" e escreveram “"Columbia" nas imagens publicitárias. Columbia é o nome de algumas cidades dos EUA e também o nome de uma famosa universidade americana. Mas, em inglês, a grafia correta do nome do país é Colombia.
- 6. Sem noção
6 /25(Reprodução)
Uma escola de natação da cidade de Esteio, no Rio Grande do Sul,
errou feio em um cartaz para promover aulas de natação para crianças. A peça trazia a famosa imagem de um menino sírio morto por afogamento em uma praia após o naufrágio da embarcação onde estava com sua família. A terrível fotografia correu o mundo e alertou a todos para o grave problema dos refugiados de guerra que fogem da guerra civil síria e buscam refúgio na Turquia e na Europa.
- 7. Escravidão fashion
7 /25(Divulgação / Maria Filó)
Uma roupa da marca Maria Filó não foi bem recebida pelo público.
A peça trazia uma estampa com imagens da escravidão no Brasil. Uma negra servia uma sinhá nos desenhos da estampa. A transformação de um episódio tenebroso da história brasileira em mera decoração fashion pegou mal. Uma consumidora expôs o caso no Facebook e a marca teve de tirar a peça de circulação. A explicação da Maria Filó foi que o desenho se inspirava na obra de Jean-Baptiste Debret.
- 8. James Bond enganado
8 /25(Pan Bahar/Divulgação)
Uma marca indiana errou feio ao usar a imagem do ator Pierce Brosnan (que interpretou James Bond) em sua campanha indevidamente. A marca Pan Bahar, que vende a marsala, uma mistura com tabaco para mastigar (bem tradicional na Índia e outros países da região), fez um comercial no estilo 007 e filmes de ação. Mas o ator garante que jamais venderia um produto que causa câncer e que, no contrato,
ele deveria anunciar somente a versão sem tabaco.
- 9. Gafe do garoto-propaganda
9 /25(REUTERS/David Gray)
Desa vez,
a gafe não foi de uma marca, mas de um garoto-propaganda. E sua gafe lhe custou patrocinadores e muito dinheiro. Quando o nadador americano Ryan Lochte foi pego mentindo na Rio 2016 (inventou um assalto à mão armada para esconder sua noite de farra), marcas parceiras saíram correndo, entre elas a poderosa Speedo. O episódio feriu a credibilidade do atleta e também causou problemas para o Time EUA na Olimpíada.
- 10. Gafe do personal branding
10 /25(Divulgação)
Nesse caso, o personal branding esteve em questão. Bel Pesce, empreendedora, autora e conhecida como "a Menina do Vale", criou um projeto de crowdfunding com dois amigos. A ideia era abrir uma hamburgueria em São Paulo. O projeto, mal-elaborado e carente de sentido e detalhes, acabou sendo alvo de intensas críticas. Em poucos dias, o projeto foi cancelado e a
imagem de Pesce - sua marca pessoal - ficou muito abalada.
- 11. Esponja da discórdia
11 /25(Reprodução)
No Big Brother Brasil, da TV Globo, um utensílio de cozinha causou um grande problema. No caso, um pequeno objeto decorativo, escondido na pia: uma esponja para a louça. A esponja, contudo, não era convencional:
tinha formato de um homem negro, com cabelo afro. O cabelo seria a parte de esponja. O utensílio causou grande revolta nas redes sociais e também foi alvo de críticas de um dos participantes do programa. Vendido em uma coleção, o boneco se chama Disco Washing Up Sponge.
- 12. Foto do concorrente
12 /25(Reprodução)
- 13. Longe demais
13 /25(YouTube/Reprodução)
No Reino Unido, o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals ) acabou passando um pouco dos limites em uma campanha contra o leite. A organização fez as pessoas acreditarem que estavam tomando leite de cadela, o que casou reações um tanto extremas, entre xingamentos e cuspes.
Era leite de soja, mas muita gente achou a campanha pesada e exagerada.
- 14. Censura
14 /25(Reprodução)
Um simples beijo entre um casal foi motivo de polêmica no Quênia. A campanha da Coca-Cola "Taste The Feeling", lançada em todo o mundo, foi censurada no país africano. Diversos consumidores reclamaram que o beijo entre um homem e uma mulher não era adequado para "as famílias". A breve cena acabou eliminada da propaganda local. Mas tal censura, por um beijo tão simples e inocente,
acabou sendo criticada em outras partes do mundo.
- 15. Calças curtas
15 /25(Reprodução/Sports Illustrated)
A marca esportiva Under Armour ficou um tanto incomodada com uma capa da revistaSports Illustrated que trazia o seu garoto-propaganda Michael Phelps durante a Rio 2016.
É que, na fotografia, Phelps usava uma calça Nike (marca oficial do Time EUA). O concorrente acabou aparecendo justamente no momento de consagração (que a Under Armour gostaria de ter aproveitado) - e ainda em uma revista de grande circulação.
- 16. Erro de métricas
16 /25(Justin Sullivan/Getty Images)
O Facebook comprou uma briga e tanto com grandes marcas.
A empresa exagerou, e muito, sobre a audiência dos vídeos publicitários em seu site. E isso por longos dois anos. A empresa exagerou os dados de uma das métricas mais importantes para empresas e anunciantes: o tempo de visualização do usuário (chamado de time spent). Segundo o Facebook, foi um erro honesto e se deu pelo uso incorreto de um filtro. Mas o erro gerou métricas e relatórios errados por parte das equipes de marketing de centenas de marcas.
- 17. Gorda?
17 /25(Reprodução/C&A)
Uma campanha da C&A deixou todo mundo confuso. Em uma imagem com a modelo Maria Luiza Mendes, que tentava passar uma ideia de quebra de estereótipos e empoderamento, a frase "sou gorda, sou sexy" não pegou bem. Muita gente não considerou a modelo "gorda" e as críticas foram muitas nas redes sociais - o que mostrava, assim, que a C&A
achava uma mulher "normal" gorda, o oposto da intenção da campanha.
- 18. Made In China
18 /25(Reprodução)
- 19. Lata perigosa
19 /25(Heinz/Divulgação)
No Reino Unido, a Heinz criou uma música para sua lata de feijão e só queria que as pessoas batucassem e se divertissem. Até um vídeo tutorial foi feito para mostrar a brincadeira - como adaptar a lata para o batuque e como cantar a música.
Mas a campanha acabou proibida porque a lata poderia ser "perigosa": a borda de metal poderia causar acidentes. Ideia frustrada.
- 20. Memes interinos
20 /25
Assim que assumiu o governo interino, Michel Temer dispensou o slogan de Dilma "Brasil, pátria educadora" e criou a sua própria versão. Dessa vez, apenas a esfera azul da bandeira do Brasil e o lema "Ordem e Progresso". A simplicidade (o mau gosto em termos de design e a falta de imaginação em termos de marketing) do novo logo do governo
acabou sendo um prato cheio para memes hilários nas redes sociais.
- 21. Muro de Trump
21 /25(/Getty Images)
A marca de óculos de sol Hawkers
acabou perdendo o seu garoto-propaganda após uma piada infeliz. A marca patrocinava o piloto mexicano de F1 Sergio Pérez. Quando ela postou no Twitter uma piada sobre Trump e o tal "muro" que ele prometeu construir, o piloto imediatamente expressou estar ofendido e rompeu seu contrato. "Que comentário ruim. Hoje mesmo encerro minha relação com a Hawkers. Nunca vou deixar que ninguém brinque com meu país", o piloto escreveu na ocasião.
- 22. Provocativa demais
22 /25(Reprodução)
Os novos anúncios da Calvin Klein trouxeram para o mundo da moda, novamente, o polêmico debate sobre fotos que "abusam da sensualidade".
E acabou sendo criticado por ser "provocativo demais". A campanha de primavera usou o conceito "I ______ in #mycalvins" para criar dezenas de peças diferentes. O espaço em branco foi preenchido com palavras diversas, assim como varia a fotografia que o acompanha. Entre as palavras: flash, glow, light up, burn on, push, evoke, rise, explore. A peça mais polêmica e criticada era uma imagem de uma garota fotografada por baixo de seu vestido, mostrando roupas de baixo.
- 23. Censura plus size
23 /25(Reprodução/Cherchez la Femme)
- 24. Livro nazista
24 /25(Reuters/Fabrizio Bensch)
O jornal italiano Il Giornale, de Milão, causou uma grande polêmica no país. É que o jornal, considerado de direita e conservador,
criou uma promoção e deu, como "brinde-surpresa", uma edição do livro "Mein Kampf", de Adolf Hitler. Parte da biografia/manifesto "Minha Luta" foi escrita por Hitler durante seus anos na prisão. No texto, ele difunde as ideias que já se desenvolviam nos círculos nazistas alemães e elabora suas ideias antissemitas. O livro veio em um suplemento de sábado aos leitores do Il Giornale.
- 25. Verde da discórdia
25 /25(Starbucks/Divulgação)
Tradicionalmente, o Starbucks nos EUA usa copos vermelhos, em vez de brancos, na época do Natal. Mas, em 2016, antes dos vermelhos, a marca resolveu investir na cor verde. O novo copo trazia um desenho do ilustrador Shogo Ota. Nele, um traço contínuo forma o rosto de 100 pessoas, todas "conectadas". Mas, por algum motivo obscuro, os eleitores de Donald Trump acharam que o copo verde era propaganda política para Hillary Clinton e a revolta tomou conta das redes sociais.
A mensagem de "paz, tolerância e respeito" da marca foi para o espaço.