Consumo do café cresce na quarentena e Nestlé aposta em bebida premium
Sobre as estratégias de fortalecimento do segmento em meio à pandemia do novo coronavírus, Rachel Müller, diretora de cafés falou com exclusividade à Exame
Marina Filippe
Publicado em 25 de maio de 2020 às 10h59.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 15h56.
O café faz parte do dia a dia dos brasileiros. Em 2019, o Brasil foi o país com segundo maior consumo da bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Durante a pandemia do novo coronavírus o consumo aumentou ainda mais, com crescimento de 35%, segundo a Asssociação Brasileira da Indústria do Café.
Neste cenário, a Nestlé, que vinha numa onda de lançamentos com 12 novos produtos em 2019 na marca Nescafé, aproveita o momento para desenvolver o paladar dos consumidores locais. Sobre as estratégias de fortalecimento em meio à pandemia, Rachel Müller, diretora de cafés da Nestlé falou com exclusividade à Exame.
Como a Nestlé tem aproveitado o crescimento no consumo de café?
O café tem um papel importante na cultura do brasileiro e, neste momento, cumpre o papel de normalização de ritual conhecido e de segurança emocional. Percebemos também que as pessoas estão dispostas a experimentar novos produtos que permitam uma novidade simples no dia a dia, especialmente das que podem estar em casa.
Como a Nestlé tem incentivado essas experimentações?
Estamos buscando apresentar os produtos premiuns. Acreditamos que o café está hoje num momento que a cerveja artesanal esteve há 10 anos. Como a experimentação está acontecendo fora das cafeterias, que estão fechadas, mandamos amostras de cafés especiais para quem compra no e-commerce próprio. Este canal cresceu 30% no período da quarentena. É uma importante estratégia porque quem gosta do premium dificilmente vai retroceder no paladar.
Estamos vendo todo o impacto econômico que a pandemia gera. As pessoas estão dispostas a pagar mais pelo produto premium?
Temos conversado muito sobre o desafio do desembolso financeiro, mas percebemos que o premium tem sido bem aceito. No ano passado, por exemplo, foram 12 lançamentos na marca Nescafé e os resultados são bons desde então. Vendemos mais de 1 milhão de produtos nessas novas linhas e pensamos na comercialização de diferentes tamanhos.
A produção foi comprometida de alguma forma?
Temos 1.079 produtores que trabalham próximos. Agora, apesar de não ser presencial as conversar continuam acontecendo virtualmente. Reforçamos a comunicação de boas práticas, temos agrônomos em uma conversa constante via whatsapp e estamos dando o apoio necessário para a produção se manter estável. Fora isso, apoiamos a iniciativa Apoie um Restaurante, iniciada pela marca de cerveja Stella Artois, na qual os consumidores podem comprar antecipadamente vouchers com desconto para cafeterias e confeitarias, e metade do valor é subsidiado pela Nestlé como uma forma de apoiar o comércio.