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Capitão do México é uma kryptonita para as marcas americanas

O capitão da seleção mexicana foi acusado pelo Tesouro dos EUA de lavar dinheiro para um dos cartéis mexicanos. Marcas patrocinadoras fogem do jogador

Rafael Márquez: ele tem uma imagem quase fantasmagórica para marcas americanas (Robert Cianflone/Getty Images)

Rafael Márquez: ele tem uma imagem quase fantasmagórica para marcas americanas (Robert Cianflone/Getty Images)

São Paulo  O capitão da Seleção do México, Rafael Márquez, contabiliza uma carreira de duas décadas, com participação em cinco Copas do Mundo. Até aí qualquer um diria que se trata de um jogador de sucesso, certo? Não é bem assim.

O jogador foi acusado em agosto do ano passado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos de lavar dinheiro para um dos chefões de um dos cartéis mexicanos. Ele teria usado empresas de fachada para Raúl Flores Hernández, suspeito de liderar uma organização de narcotráfico na capital mexicana e na região de Guadalajara.

https://twitter.com/USTreasury/status/895333012446920704

Márquez nega veementemente a acusação, mas, como está nessa lista negra, as marcas americanas procuram torná-lo invisível. Existe até mesmo um verdadeiro boicote a sua imagem, de acordo com uma notícia publicada nesta segunda-feira pelo jornal The New York Times.

Visa, Coca-Cola, Budweiser e McDonald's fogem de qualquer ligação com o craque, ainda segundo a reportagem.

O capitão não é entrevistado ao final dos jogos, não é fotografado em frente a logotipos de patrocinadores, não bebe nem da mesma água que seus companheiros. Na hora de dormir, acomoda-se longe da equipe mexicana — o seu alojamento é vistoriado para não haver nenhuma conexão com os patrocinadores americanos.

Além de toda essa existência quase que fantasmagórica, Márquez escolheu não receber pagamento pela sua atuação na Copa do Mundo. Sua imagem não pode estar atrelada a bancos americanos, usados para fazer a transferência do dinheiro.

Ainda de acordo com o The New York Times, a Fifa chegou a transferir 1,5 milhão de dólares à seleção mexicana (o montante que a organização envia a todas as equipes na preparação para Copa) por meio de bancos desconectados ao sistema financeiro dos Estados Unidos.  

Pela legislação americana, se uma empresa for acusada de ter feito uma publicidade não-intencional com o capitão mexicano (por exemplo, ele é fotografado segurando uma bebida da Coca-Cola), a empresa poderá ser multada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em até 1,5 milhão de dólares.

Já se a companhia for acusada de tê-lo contratado intencionalmente para fazer uma campanha, a penalização fica ainda mais grave: a multa pode chegar a até 10 milhões de dólares, com direito a uma passagem na cadeia por até 30 anos.

Risco

Mas nem tudo é um caminho árduo para o capitão mexicano.

As empresas com sede em outros países arriscam a ligação com o craque mexicano, uma vez que as multas são menos onerosas nesse caso.

Márquez usa o mesmo uniforme do México, fabricado pela alemã Adidas, e seu patrocinador pessoal, a também alemã Puma, o parabenizou pelo seu desempenho em sua 5ª Copa do Mundo através do Twitter. 

A despeito de seus problemas com a lei, Márquez continua sendo muito popular no México, um fato que não foi abalado pelas acusações que carrega.

A seleção mexicana joga contra a Coreia do Sul no próximo sábado, às 12h (horário de Brasília).

 

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