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Posturas proativas ajudam mulheres a avançar na carreira  

Hoje é uma tendência buscar patrocinadores que acreditem no potencial das futuras líderes e que as apoiem no desenvolvimento da trajetória profissional

BlackRock: Em 2021, as mulheres responderam por quase metade das contratações da BlackRock, elevando a participação feminina no quadro de colaboradores para 43,5% (FG Trade/Getty Images)

BlackRock: Em 2021, as mulheres responderam por quase metade das contratações da BlackRock, elevando a participação feminina no quadro de colaboradores para 43,5% (FG Trade/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 13 de outubro de 2022 às 09h20.

*Karina Saade

A participação feminina no mercado de trabalho brasileiro continua menor do que a dos homens, apesar de avanços. A desigualdade é ainda maior em posições de liderança. Na batalha por equidade, as mulheres não só podem como devem aproveitar iniciativas de inclusão e adotar posturas proativas na busca de apoio para crescer na carreira.

Um exemplo de apoio é a mentoria, mas as mulheres precisam ir além. É importante procurar patrocinadores. O patrocínio ultrapassa o aconselhamento. É a relação na qual uma pessoa bem posicionada dentro da empresa advoga a favor de outra menos graduada.

Esta pessoa - um alto executivo, por exemplo - precisa conhecer as complexidades da carreira e da organização, ter bom trânsito com outras lideranças e ser capaz de abrir oportunidades. Em suma, tem que ser influenciador.

O patrocinador deve acreditar no potencial da patrocinada e utilizar sua influência de forma desinteressada. Não é simples, mas a prática ganha força em empresas internacionais. É o caso da BlackRock, que conta com programas assim. Eu mesma sou exemplo de profissional que procurou este tipo de apoio.

Em 2021, as mulheres responderam por quase metade das contratações da BlackRock, elevando a participação feminina no quadro de colaboradores para 43,5%. A companhia assumiu o compromisso de ampliar a presença feminina em cargos de liderança dos atuais 30% para 32,5% até 2024. Esses números mostram a importância de as mulheres saírem na frente e se colocarem ativamente como interessadas em receber patrocínio.

Isto pode ser feito de maneira gradual. Primeiro, identifique alguém com quem tenha alguma afinidade e aproxime-se em busca de um relacionamento bilateral, como uma mentoria. Dê preferência a uma pessoa que não esteja diretamente acima de você na linha hierárquica, para evitar conflitos de interesse.

Comece com conversas sobre aperfeiçoamento do trabalho e conselhos de carreira, para em seguida passar a trocar ideias acerca de estratégias de crescimento dentro da organização.

Conforme a confiança aumenta, as interações devem se tornar cada vez mais públicas. O patrocinador pode falar de você, te apresentar a outros influenciadores e abrir as portas para alguma oportunidade de destaque.

A ideia é que o grau de consideração chegue ao ponto em que o patrocinador atue em seu favor em diferentes situações, até mesmo o apoio para uma promoção. Mas respeite os limites da pessoa e do que ela está disposta a fazer por você no momento. Vá ampliando o espectro aos poucos.

Iniciativas assim me auxiliaram muito no desenvolvimento da minha carreira. Houve um período em que eu quase coloquei a carreira em pausa pela dificuldade de conciliar compromissos profissionais e pessoais. Meu patrocinador na época me convenceu do contrário e advogou internamente a favor de um modelo não convencional de trabalho. Isso permitiu a retenção de uma profissional qualificada pela empresa e a continuidade da minha trajetória.

Políticas de inclusão são essenciais, mas não bastam. Mulheres têm que fazer um esforço extra para galgar os mesmos degraus dos homens. O patrocínio pode ser este impulso.

*Head da BlackRock no Brasil

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