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Educação é a chave: inglês e faculdade de elite não são questão de competência, e sim oportunidade

ESG e diversidade são cada vez mais presentes nos planos estratégicos, mas as empresas estão fazendo o que podem para reduzir a desigualdade?

Educação: "quantas pessoas excluímos quando exigimos coisas como inglês ou intercâmbio em um processo seletivo?" (Germano Lüders/Exame)
Carolina Cavenaghi

Cofundadora e CEO da Fin4she

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 10h19.

O que muda o ponteiro da desigualdade social?

A estudante Luana Nascimento viralizou recentemente no TikTok por mostrar a própria realidade como uma estudante da USP de baixa renda. Aluna de uma das principais universidades do país, ela mostra os desafios que moradores da periferia enfrentam para conseguir primeiro entrar em uma faculdade e depois concluir os estudos. Seus conteúdos, que ganharam as redes, escancaram a desigualdade social e reforçam o quanto a educação é o único meio que pode mudar a realidade das pessoas e do país.

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Os vídeos de Luana me chamaram atenção principalmente em contraste à relevância que o tema da diversidade tem ganhado no meio corporativo nos últimos anos. ESG, diversidade e inclusão se tornaram pauta recorrentes e estão sempre presentes nos planejamentos anuais das empresas, mas o quão efetivas são as ações que estão sendo tomadas?

Como instituições com responsabilidade social, estamos conseguindo reduzir a desigualdade racial e de gênero? Temos mais mulheres e pretos em cargos de liderança? Uma empresa que tem 50% de funcionários negros tem uma taxa equivalente à população brasileira. Mas eles estão em todos os cargos ou só em serviços gerais? Se a liderança continua apenas branca, o racismo institucional segue existindo.

Quantas pessoas excluímos quando exigimos coisas como inglês ou intercâmbio em um processo seletivo? Li em uma reportagem esses dias que " Estudar numa universidade de elite, ter inglês, não é competência, é oportunidade. Falam em resiliência para o cara que fez intercâmbio e se virou num país que não conhece ninguém. O cara da periferia, que trabalha no centro, que sustenta a família, trabalha de dia e estuda à noite, ele não é resiliente?

Estamos realmente fazendo tudo que podemos para que jovens negras, de baixa renda tenham chances nas nossas empresas?

A pesquisa “Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022 e tendências para 2023” mostrou que 81% das 117 empresas brasileiras participantes têm um orçamento específico para ações de diversidade e inclusão. Em contraponto, as mulheres representam apenas 17% dos CEOs do país, ocupam apenas 34% das cadeiras de vice-presidências das instituições e 21% dos conselhos de administração.

A justificativa para essa falta de diversidade não pode ser baseada em números. Um estudo feito pelo Instituto Identidades do Brasil (IDBR) mostrou que para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, a produtividade das empresas aumenta quase 4%; já com a elevação da diversidade de gênero (10%), a produtividade cresce até 5%.

Honestamente, estamos muito aquém de todo o impacto que podemos gerar. Ainda tratamos o ESG como uma obrigação a ser cumprida para garantir a reputação da empresa. Precisamos de mais.

Aqui na Fin4She, acreditamos que esse “mais” é a educação. Em 4 anos de existência, só constatamos que é através dela que os ponteiros da desigualdade social e da diversidade podem realmente mudar. Mas também vimos o quão pouco fazemos enquanto instituições privadas para mudar de verdade essa realidade.

Foi por sentirmos falta de ações pragmáticas que criamos o Young Women Summit, um programa de desenvolvimento de líderes femininas em parceria com a Anbima, com o objetivo de construir um mercado financeiro sustentável e inclusivo. As inscrições para a turma de 2024 estão abertas e podem ser feitas neste link : https://womeninfinance.club/index/youngsummit

No Young Women Summit queremos desenvolver e capacitar mulheres para se tornarem líderes futuramente. Fazemos isso a partir de uma abordagem prática e participativa, combinando sessões teóricas com atividades, mentorias em grupo, cursos, certificações e interações com líderes de destaque no setor financeiro.

Nós proporcionamos:

- a oportunidade de construir uma rede sólida de contatos com profissionais experientes no setor financeiro, além de acesso a eventos da área.;

- o desenvolvimento de habilidades de liderança, comunicação e negociação;

- uma educação financeira abrangente desde os estágios iniciais da carreira, permitindo que as participantes tomem decisões financeiras inteligentes e construam uma base sólida para o futuro.

- um curso preparatório para certificação do mercado financeiro da Academia Rafael Toro, empresa apoiadora do programa

- a prova para certificação da Anbima

O programa tem foco em jovens mulheres, que estejam cursando qualquer curso superior e até 5 anos de formada. Para participar, é preciso completar o cadastro e passar por uma seleção. As selecionadas serão anunciadas dia 8 de abril.

Talvez a sua empresa não possa criar um evento de desenvolvimento de jovens mulheres, mas pode ajudar, seja como apoiador, seja como patrocinador de uma ou mais jovens. Para apoiar o Young Women Summit, basta entrar em contato conosco pelo e-mail contato@fin4she.com.br.

Tem muitas outras formas que as empresas podem promover a diversidade. Elas podem abrir os processos seletivos para quem não tem inglês ou uma universidade de ponta, e podem também buscar parcerias que ajudem a desenvolver essas habilidades nos funcionários; podem oferecer um serviço de transporte para os colaboradores que moram na periferia e levam horas para chegar ao trabalho; sua instituição pode investir no desenvolvimento de mulheres para os cargos de liderança - e garantir que elas cheguem lá. As possibilidades são muitas e o fato é que se tem alguém com poder de fazer algo são as empresas e os tomadores de decisão. Então, apenas faça.

Acompanhe tudo sobre:Carolina CavenaghiESGEducaçãoMulheresDesigualdade social

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