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Viajar ao exterior fica em média 59% mais caro neste ano

Já voos domésticos de ida e volta estão 55% mais caros, em média, em relação a 2021

Barcelona: rota que teve o maior aumento no estudo foi São Paulo - Barcelona, que ficou 114% mais cara que no ano passado (Albert Gea/Reuters)

Barcelona: rota que teve o maior aumento no estudo foi São Paulo - Barcelona, que ficou 114% mais cara que no ano passado (Albert Gea/Reuters)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 16 de novembro de 2022 às 16h52.

Última atualização em 16 de novembro de 2022 às 17h19.

A recuperação do mercado aéreo após anos de baixa demanda é uma boa notícia para o turismo, mas traz consequências aos viajantes: uma delas é o aumento do preço médio dos voos no Brasil.

Segundo dados do estudo anual do buscador de voos Viajala.com.br, o preço dos voos internacionais de ida e volta também subiram em média 59% em relação a 2021.

A rota que teve o maior aumento entre as analisadas no estudo foi São Paulo - Barcelona, que ficou 114% mais cara que no ano passado (o preço médio de ida e volta foi de R$ 2.342 para R$ 5.009).

Na comparação com a pré-pandemia, os voos internacionais têm preço médio mais alto hoje em 74%. A maior alta de 2019 para cá, entre as rotas analisadas no estudo, foi entre São Paulo e Córdoba, viagem que ficou 180% mais cara (foi de R$ 1.153, em média, para R$ 3.230).

A rota que apresentou o menor aumento foi São Paulo - Cancun, 20% mais cara hoje que em 2021 (o preço médio de ida e volta foi de R$ 2.895 para R$ 3.470) e 29% mais cara hoje que em 2019, quando o preço médio de ida e volta era de R$ 2.684.

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Segundo Rodrigo, a demanda por voos internacionais ainda era muito baixa até o ano passado, já que muitos países mantinham restrições de viagem. "Isso derrubou o preço das viagens internacionais, devido à insegurança dos viajantes sobre a manutenção das restrições, e se reflete em altas maiores agora."

Já voos domésticos de ida e volta estão 55% mais caros, em média, em relação a 2021. Entre as 40 principais rotas domésticas analisadas, nenhuma apresentou queda ou estabilidade no preço médio no último ano: todas apresentaram aumento.

As duas rotas que menos subiram de preço médio nos voos de ida e volta em 2022, em comparação com o ano passado, foram:

  • São Paulo - Petrolina, aumento de 21% (de R$749 para R$908)
  • São Paulo - Florianópolis, aumento de 34% (de R$524 para R$703)

Os dois maiores aumentos de preço médio de voos nacionais de ida e volta entre as 40 rotas analisadas pelo Viajala envolvem o Rio de Janeiro:

  • Salvador - Rio de Janeiro, aumento de 120% (de R$ 558 para R$ 1.225)
  • Rio de Janeiro - São Paulo, aumento de 108% (de R$ 290 para R$ 605)

Enquanto em 2020 havia uma demanda muito por viagens e os preços eram atraentes, em 2021 as viagens nacionais foram sendo retomadas e normalizadas com o avanço da vacinação, e os preços foram se aproximando do patamar de 2019, explica Rodrigo Melo, diretor comercial do Viajala Brasil.

Entre 2019 e 2022, o preço médio de voos nacionais subiu 50%, ou seja, similar ao aumento deste ano para o ano anterior. A rota mais afetada entre o pré-pandemia e os dias de hoje, entre as analisadas, foi Porto Alegre - São Paulo, que subiu 118%, de R$ 394 para R$ 861 no voo de ida e volta. Já a rota São Paulo - Vitória da Conquista, na Bahia, foi a que apresentou aumento menos significativo: 16%, de R$ 870 para R$ 1.007.

O estudo utilizou um algoritmo próprio para analisar milhões de buscas realizadas por usuários do site em diferentes países da América Latina, incluindo o Brasil, entre janeiro e setembro de 2022, e comparou-as com os mesmos meses do ano passado, 2021, e do último ano pré-pandemia, 2019.

Fim da ITA e mais slots para a Azul

A última virada de ano trouxe um balde de água fria para os viajantes brasileiros: a quebra da companhia aérea ITA, do grupo Itapemirim, que operou por apenas seis meses e deixou a ver navios centenas de viajantes que já tinham passagens compradas justo na semana do Natal de 2021, um dos momentos de mais alta demanda e de passagens mais caras do ano.

"O Brasil tem poucas companhias aéreas nacionais, o que prejudica a concorrência e a possibilidade de preços mais baixos", afirma Rodrigo Melo. "O surgimento da ITA chegou a baixar o preço médio das rotas operadas por ela, mas a instabilidade da operação e a falência em poucos meses devolveram a concorrência à estaca zero."

Para Rodrigo, além da baixa concorrência, outros fatores causam a alta constante de preços, que é o maior desafio do mercado no momento. "A alta dos combustíveis, a inflação, a instabilidade política, as perdas acumuladas da pandemia e a necessidade de reacomodar passageiros dos últimos dois, três anos, sem custo adicional, pressionam os preços e dificultam prever uma queda nos valores das passagens tão cedo."

Apesar da baixa expectativa de preços mais atrativos nos próximos meses ou ano, as aéreas nacionais operam com otimismo. A LATAM anunciou em outubro que deve sair do processo de recuperação judicial (pedido em maio de 2020) em novembro de 2022 e a Azul prevê ampliar suas rotas em cerca de 30% em 2023, boa parte devido à conquista de novos slots no Aeroporto de Congonhas.

A malha prevista por Azul, Gol (junto à VoePass, antiga Passaredo) e Latam para os meses de alta temporada (de dezembro a janeiro) já é maior que a de 2019. "Embora haja queda no número total de voos operados, há uma maior conexão no Brasil, especialmente no interior de estados do Sul, do Sudeste e do Nordeste", explica o executivo do Viajala.

Planejamento do viajante já se aproxima de 2019

O estudo também aponta para uma volta à normalidade no planejamento de viagem dos brasileiros.

Entre janeiro e setembro, o planejamento mais comum de uma viagem nacional foi com 30 dias de antecedência, ou seja, a maior parte dos usuários buscou voos 30 dias antes da data de partida, 43% maior que o planejamento de voos nacionais mais comum de 2021, que foi de 21 dias de antecedência.

Segundo o estudo, a antecipação máxima mais comum para viagens nacionais foi a de 80 dias de antecedência em relação à data do voo, 33% mais que em 2021, quando o planejamento máximo típico dos usuários era de cerca de 60 dias.

Já nos voos internacionais, a antecipação típica mínima, ou seja, o intervalo mínimo entre data de busca e data de viagem mais praticado entre os usuários do Viajala, subiu 50% entre 2021 e 2022, de 22 dias antes do voo para 33 dias.

O planejamento mais comum de uma viagem internacional foi com antecipação de 80 dias, ou seja, a maior parte dos usuários buscou voos internacionais 80 dias antes do embarque, 14% mais que o planejamento comumente praticado no ano passado, que foi de 71 dias.

“A incerteza quanto às restrições de viagem devido ao COVID-19 foi diminuindo este ano, enquanto os preços seguem subindo, dois fatores que nos levam a antecipar mais o planejamento hoje que em 2021”, explica Melo.

Apesar deste aumento de programação dos viajantes em relação ao ano passado, o Viajala observa pela primeira vez, desde o começo da pandemia, um planejamento similar ao de 2019, antes da Covid. "A antecipação típica de busca de voo doméstico passou de 28 dias antes da viagem em 2019 para 30 dias agora. A antecipação típica internacional teve uma queda pouco expressiva de 4 dias: de 84 dias antes da viagem em 2019 para 80 dias antes em 2022".

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