Os investimentos que mais renderam na década. E não foi a bolsa
Apesar da força do longo prazo, Ibovespa perdeu para o CDI no rendimento dos últimos dez anos por causa de perdas até 2016
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 08h10.
Última atualização em 22 de dezembro de 2020 às 12h11.
A forte valorização da bolsa brasileira nos últimos três anos -- uma alta de 92% desde o fim de 2017 -- deixou em muitos investidores a convicção de que esse ativo da renda variável oferece um dos melhores caminhos para multiplicar o patrimônio. E isso é verdade, segundo especialistas em finanças. Mas, em jornada com muitas incertezas e crises econômicas no caminho, coube a um ativo conhecido como refúgio de segurança o título de melhor rendimento da década: o ouro se valorizou 256,73% desde o fim de dezembro de 2010 até a última sexta-feira, 18, segundo a consultoria Economatica.
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O rendimento médio nominal -- ou seja, sem desconto da inflação -- do metal precioso no período foi de 13,82%. Com o ajuste da variação de preços, a alta anual caiu para 7,66%.
Em segundo lugar ficaram títulos públicos atrelados à inflação, medidos pelo IMA-B: a variação acumulada na década foi de 238,88%, ou 13,01% ao ano. O IMA-B representa uma carteira com títulos como o IPCA+ e o IPCA+ com juros semestrais, também conhecidos como NTN-B Principal e NTN-B, respectivamente.
Com o Ibovespa, o principal índice de ações do país, como referência, a bolsa apresentou uma valorização menor na década até a última segunda-feira, 21 de dezembro: um rendimento de 73,61%, com média anual de 5,78% no período.
"A bolsa brasileira registrou uma queda de 45,9% na primeira metade da década, do final de 2010 até 26 de janeiro de 2016", explica Einar Rivero, da Economatica, sobre o desempenho mais fraco da categoria nos últimos dez anos. Foi um período marcado por muitas incertezas e fraco desempenho da economia brasileira, especialmente de 2013 a 2016. Vale lembrar que o país enfrentou uma das mais profundas e duradouras recessões entre 2015 e 2016.
Com o ajuste da inflação no período, o Ibovespa ficou praticamente no zero a zero na década, com alta acumulada de 0,50%. Obviamente, o índice de ações é uma referência. Muitas ações registraram forte valorização desde o fim de 2010, a exemplo da própria B3, que opera a bolsa brasileira: a alta acumulada foi de quase 600%, mais que o dobro do ouro.
Com esse desempenho, o Ibovespa perdeu para o CDI, o índicador que acompanha a taxa Selic e que, portanto, se beneficiou da elevada taxa básica de juros em boa parte da década que passou, a maior parte do tempo na casa de dois dígitos -- a última vez em julho de 2017, quando estava em 10,25% ao ano.
Quem investiu em fundos DI ou CDBs que acompanharam o CDI obtiveram na década uma rentabilidade de 139,01%, com uma média anual de 9,13%.
Fundos multimercados -- representados pelo IHFA, o Índice de Hedge Funds Anbima -- tiveram valorização acumulada de 184,56% na última década, com alta média anual de 11,06%.
O levantamento considera alguns dos principais ativos de referência no mercado brasileiro, mas não inclui todas as categorias, como fundos de ações. O objetivo é ilustrar a variação na janela de tempo da última década.
Veja abaixo o desempenho de alguns ativos do mercado brasileiro entre 2011 e 2020*:
- Ouro: +256,73% (média anual de +13,82%)
- IMA-B: +238,88% (média anual de 13,01%)
- Dólar**: +198,20% (média anual de +11,57%)
- IHFA: +184,56% (média anual de +11,06%)
- Euro: +177,26% (média anual de 10,76%)
- CDI: +139,01% (média anual de +9,13%)
- Ibovespa: +73,61% (média anual de +5,78%)
*De 18 de dezembro de 2010 a 18 de dezembro de 2020
**Dólar ptax venda