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Entenda o reflexo da pandemia no setor imobiliário em 2021

Centenas de executivos globais ouvidos em teleconferências de balanços nos últimos cinco meses abordaram a urgência de cortar custos imobiliários

Imóveis: as táticas incluem reduzir o espaço dos escritórios, acelerar o fechamento de filiais, renegociar aluguéis de depósitos e até mesmo fechar centros de dados (Mailson Pignata/EyeEm/Getty Images for National Geographic Magazine)

Imóveis: as táticas incluem reduzir o espaço dos escritórios, acelerar o fechamento de filiais, renegociar aluguéis de depósitos e até mesmo fechar centros de dados (Mailson Pignata/EyeEm/Getty Images for National Geographic Magazine)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 18h10.

(Bloomberg) -- Investidores do setor imobiliário estão prestes a descobrir quanto do impacto da crise global de saúde sobre edifícios desertos e abandonados se espalhou para os resultados financeiros.

Centenas de executivos globais ouvidos em teleconferências de balanços nos últimos cinco meses abordaram a urgência de cortar custos imobiliários, de acordo com um modelo de inteligência artificial treinado pela Bloomberg para examinar as transcrições.

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As táticas incluem reduzir o espaço dos escritórios, acelerar o fechamento de filiais, renegociar aluguéis de depósitos e até mesmo fechar centros de dados.

Em 4.767 teleconferências de balanços globais entre 21 de julho e 8 de dezembro, cerca de uma em cada oito transcrições geradas por máquina revelou que as empresas estavam repensando suas necessidades imobiliárias, com muitas a caminho de economizar milhões de dólares no processo.

Embora a pandemia tenha pressionado proprietários e derrubado títulos atrelados a imóveis comerciais, os estragos nos fluxos de caixa representam o risco de cauda longa para investidores. Em cerca de US$ 10 trilhões do grupo global de propriedades mantidas para fins de investimento, as principais fontes de capital do setor - fundos de pensão e seguradoras - contam com renda estável para arcar com seus próprios compromissos de longo prazo.

“Essa é a principal lógica para comprar um imóvel. A maioria dos proprietários são, na verdade, fundos de pensão e seguradoras e, no final, são os que pagam por isso”, disse Adrian Benedict, responsável por soluções imobiliárias da Fidelity International, em Londres.

Os investidores já sentem o impacto: o índice global de ações do setor imobiliário caiu mais de 10% neste ano, enquanto um indicador de todos os tipos de ações subiu cerca de 13%. Do lado da dívida, a inadimplência em hipotecas comerciais nos EUA aumentou para quase 6% em novembro, de acordo com a Mortgage Bankers Association. Os prêmios de risco para títulos lastreados em hipotecas comerciais com classificação BBB quase dobraram desde o início do ano, de acordo com dados do índice Bloomberg Barclays.

À medida que a recessão global se aprofunda e as empresas se preparam para o novo normal, os negócios exigirão menos espaço do que antes da Covid. Uma pesquisa divulgada em outubro pelo Instituto de Diretores do Reino Unido revelou que 74% das empresas planejavam fazer mais uso do trabalho remoto depois da pandemia, e mais da metade pretende reduzir o espaço de trabalho usado.

Embora as vacinas contra o coronavírus tenham entusiasmado investidores no mundo todo e puxado a recuperação de ações do mercado imobiliário, a comemoração pode ser prematura. As mudanças que executivos têm discutido costumam ser de natureza permanente e estrutural, e as economias previstas são amplamente bem-vindas por acionistas e analistas das empresas.

Mesmo companhias que alugam principalmente espaços em locais mais baratos planejam cortes.“Queremos economizar 35% de nossos metros quadrados na sede”, disse Jan Juchelka, CEO do Komercni Banka, um banco com sede em Praga, durante teleconferência em agosto, quando comentou o novo plano da empresa de “escritório inteligente, local de trabalho flexível”, que combina trabalho remoto e a chamada hot desking - sem mesas definidas para funcionários - para fazer cortes radicais.

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