Minhas Finanças

10 coisas que você paga e não usa

De uma faca elétrica, até uma casa na praia, veja 10 sugestões de gastos que podem ser cortados

Gastos da casa na praia podem ser revertidos para viagens internacionais e aplicações (Keith Pomakis/Wikimedia Commons)

Gastos da casa na praia podem ser revertidos para viagens internacionais e aplicações (Keith Pomakis/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2012 às 15h03.

São Paulo - Mesmo quem tem mais controle sobre os gastos, se refletir com calma vai encontrar algo que comprou ou que paga normalmente e de que não usufrui. Desde uma casa na praia, até um coçador de costas e as mensalidades da academia, estes gastos, quando inúteis, acabam pesando nas contas sem motivo e assim podem permanecer pela simples falta de atenção ou por comodismo.

O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas César Caselani explica que muitas vezes as compras são feitas por impulso, sem que a utilidade do produto seja considerada. “As pessoas acabam tendo custos muito maiores do que os benefícios. Elas deveriam avaliar o custo de oportunidade para ver que o dinheiro gasto com algo que não é usado, poderia ter sido investido em outra finalidade”, afirma.

É por isso que vale a pena fazer uma pausa para reflexão sobre os dez gastos com alto potencial de inutilidade descritos abaixo. Eles podem servir como inspiração para alguns cortes, ou como forma de prevenção sobre gastos que não trazem nada mais do que um enorme arrependimento.

1. Linha de telefone fixo

Uns nunca ficam em casa, outros têm planos no celular que permitem falar com números favoritos de graça e assim o telefone fixo fica ali, desamparado, e quando toca é uma surpresa. Dados divulgados pela Anatel mostram que cada vez mais pessoas estão usando a telefonia celular e deixando de usar a telefonia fixa no Brasil. O número de linhas de telefonia celular em uso dobrou nos últimos quatro anos, passando de 126 milhões em março de 2008 a 251 milhões em março deste ano. Nesse mesmo período, o número de linhas fixas em uso diminuiu 13%, passou de 35 milhões para 30 milhões.

De acordo com a tabela de tarifas de telefonia fixa da Anatel, o preço mínimo de uma assinatura residencial varia em torno de 30 reais. Somando os impostos, que mudam de acordo com o estado, pode-se dizer que apenas para ter a linha telefônica ativa são gastos em média 40 reais mensais – desconsiderando o preço do novo plano de Acesso Individual Classe Especial (Aice) que tem tarifas mínimas de 12 reais, mas é válido apenas para consumidores de baixa renda.

Se abandonar a telefonia fixa ainda parece uma ideia muito moderna para você, uma boa opção pode ser contratar os serviços de banda larga, telefonia móvel e fixa, de uma mesma empresa, o que permite maior economia do que o pagamento dos planos separadamente.

2. Roupas

Um dos gastos sem utilidade mais comum não poderia deixar de fazer parte desta lista. Apesar da obviedade, alguns dados sobre a tamanha falta de uso das roupas podem ser impressionantes. Uma pesquisa feita pelo site britânico My Celebrity Fashion, com 1.623 mulheres britânicas de 18 a 30 anos mostrou que 79% delas confessaram que já compraram alguma peça de roupa sabendo que não iriam usá-la.

Pior: 91% delas possuem pelo menos uma peça de roupa que ainda está com a etiqueta e 25% dizem que com certeza só usam 10% das roupas que possuem. Apenas 8% disseram usar todas as roupas.


Ainda que a pesquisa tenha sido feita em Londres, é bem possível que muitos brasileiros tenham os mesmos hábitos, e fazer uma reflexão pessoal. Uma dica do presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos, Anísio Castelo Branco, para aqueles que não se controlam na hora de comprar roupas, é que antes de finalizar a compra, o consumidor avalie se aquele gasto é um investimento, ou um impulso.

"Se o comprador perceber que aquele item trará uma grande satisfação, pode aumentar a autoestima e, portanto, pode trazer, inclusive, retornos financeiros, vale a pena comprar. Porém, se houver dúvida quanto a isso, vale pedir para a vendedora reservar a peça por um ou dois dias para avaliar melhor se aquele item é essencial", recomenda.

3. Compras coletivas

Quem nunca se sentiu seduzido com as impressionantes ofertas dos clubes de compras? É comum que elas induzam ao seguinte pensamento: “Eu não estou precisando de um porta-retrato eletrônico com capacidade para 1500 fotos e que funciona como despertador também, mas custa só 200 reais, acho que vou comprar”.

O publicitário Tácio Gimenez comprou em uma dessas ofertas duas diárias em uma pousada de Maresias, com direito a um acompanhante. Ele pagou quase 200 reais, mas a oferta expirou antes que ele conseguisse usar o cupom. “Eu tive que visitar minha família no interior em um final de semana, depois minha namorada teve que trabalhar dois sábados seguidos. Eu acabei gastando dinheiro à toa, mesmo não sendo uma pessoa que tem dinheiro sobrando”. Ele conta que também comprou junto a oito amigos cupons para um jogo de paint ball, mas eles não conseguiram marcar uma data em comum para o jogo e perderam o prazo. Ao todo o desperdício foi de 120 reais. 

Castelo Branco dá a dica: “Cuidado com as promoções. Elas nos levam a gastar dinheiro que efetivamente nós não precisaríamos gastar. Muita gente acaba gastando só porque é barato”. Ele explica que estas promoções funcionam melhor para comprar que já se pretendia fazer. Assim o prazo e a distância nâo serão problemas para usufruir da compra.

4. Academia de ginástica

Maria Emília Garcia, relações públicas, fez um plano semestral em uma academia há um mês e já se comprometeu com o pagamento de seis parcelas de 130 reais. “Eu fiz o plano porque queria entrar em forma, mas não fui nenhuma vez à academia porque não tenho tempo e às vezes fico muito cansada”. Mesmo sendo um gasto saudável, se não usufruído, é outra despesa que pesa no bolso sem motivos.


Muitas academias possuem planos reduzidos, que permitem aos matriculados frequentar a academia três dias por semana e são mais baratos. Ou ainda oferecem a opção de o aluno pagar apenas pela aula de que participa, sem a opção de usar os equipamentos da academia. Antes de pagar por um pacote completo, portanto, vale fazer uma avaliação da disponibilidade e da disposição para frequentar a academia.

Uma boa alternativa para quem não quer abandonar as esperanças de conseguir frequentar a academia diariamente é começar pagando um plano reduzido no início, e depois, se possível, ampliar o plano.

5. Segundo carro

Para o professor da FGV, Cesar Caselani, o segundo carro estaria no topo da lista sobre itens que os brasileiros compram e não usam. Segundo ele, o primeiro carro é para muitos uma necessidade, mas o segundo, a menos que as duas pessoas da família o utilizem muito, é dinheiro jogado fora.

“Um carro traz muitas despesas, com seguro, manutenção, gasolina, imposto e a depreciação que ele sofre. Logo na venda, ele já perde parte do valor”, diz Caselani. Ele acrescenta que se este segundo carro for utilizado esporadicamente, o melhor que pode ser feito é utilizar um táxi quando for necessário.

Dessa forma, todo o dinheiro que seria gasto no veículo poderia ser revertido para alguma aplicação financeira, que com certeza traria mais retornos do que um automóvel que se deprecia.

6. Gadgets

A sensação causada por um gadget pode ser comparada ao sentimento de entrar em uma loja de objetos utilitários. No momento em que você está lá dentro tudo parece extremamente inovador e útil, mas a impressão causada já é esquecida minutos depois de sair da loja. Ainda assim, os acessórios para banheiro, cozinha, limpeza e aparelhos eletrônicos com funções mais do que criativas quase sempre levam a melhor na hora que o consumidor tenta resistir à tentação.

Alguns exemplos dos gadgets mais inúteis foram revelados por uma pesquisa realizada pela empresa de seguros de aparelhos eletrônicos Protect Your Bubble com britânicos. Nem todos se aplicam aos brasileiros, mas o resultado pode sugerir quais tipos de aparelhos têm potencial para ser comprados e não usados.

Os mais inúteis, em ordem decrescente, são: vela elétrica, lixa elétrica de unhas, tesoura guiada a laser, máquina de fazer pão, cortador de ovos, máquina de cozinhar ovos, coçador de costas, removedor de bolinhas de tecidos, kit de fondue USB, mini disk player, máquina de fazer iogurte, massageador de costas, coqueteleira, faca elétrica, máquina de água com gás, bronzeador de face artificial, máquina de fazer chá, máquina de waffle, massageador de pés e aquecedor de toalhas. Cerca de 75% dos entrevistados afirmaram possuir ao menos um gadget que usam pouco ou raramente.

A pesquisa mostrou ainda que mais de 50% dos entrevistados se arrependeram de ter comprado o gadget, porque assim que eles o trouxeram para casa, rapidamente perceberam que não há uso para eles. Conclusão: pense bem antes de entrar em uma loja de utilidades.


7. Aplicativos e games

Rafael Marques, jornalista, é viciado em games. Sua última aquisição foi o aplicativo Garage Band, que permite ao usuário tocar diversos instrumentos musicais. “Eu comprei o aplicativo para iPod, mas é muito mais legal jogar no iPad”. Ele gastou 5 dólares e nunca mais usou o aplicativo.

Com a febre dos aplicativos e de alguns games, muitos acabam atraídos pelos lançamentos, compram e depois de usar um vez ou duas, acabam não mais usando.

Para evitar a compra em um momento de euforia, alguns aplicativos têm versões para teste gratuitas e alguns podem ser testados. É uma boa dica para avaliar se a compra será usufruída ou não.

Se não houver jeito de fazer o teste, existem sites e blogs que passam informações sobre o produto e também podem ajudar a definir se a compra valerá a pena ou não.

8. Casa de veraneio

A casa na praia é um grande sonho de consumo e também uma das maiores despesas depois de realizado. Colocando na ponta do lápis, desde o investimento com o imóvel propriamente dito, até os impostos e a manutenção da casa, são milhares e milhares de reais despendidos.

Se a casa não é usada, é muito dinheiro perdido. Em muitos casos, as despesas mensais poderiam cobrir gastos com viagens internacionais, ou poderiam ser rentabilizadas em uma aplicação financeira. “A menos que tenha um potencial de valorização do imóvel nós próximos anos, ao deixá-lo parado com despesas, o investimento que você faz poderia estar rendendo em outro lugar. É um ativo que está queimando”, diz Cesar Caselani, professor de finanças da FGV.

Se a casa está sem utilização, recomenda-se ponderar se o imóvel pode sofrer desvalorização e, em caso afirmativo, repensar este tipo de despesa.

9 Energia

Fernando Bacellar, coordenador de usos finais de energia da Eletropaulo, supervisiona projetos que medem o desperdício do uso de energia. Os resultados mostram que com algumas mudanças de hábitos, na maioria dos casos, é possível reduzir em média de 5% a 10% os gastos da conta de energia.

“Existem desperdícios mais evidentes, como a luz acesa em ambientes que não têm nenhuma pessoa ou a televisão ligada sem ninguém assistindo, até alguns menos perceptíveis, mas que fazem diferença, como deixar o chuveiro elétrico na posição inverno durante o verão", explica Bacellar.


Para alcançar a economia de 5% a 10% na conta e deixar de gastar com a energia que você não usa, seguem algumas dicas: desligar o monitor do computador, ele é responsável pelo consumo de 70% da energia gasta pelo aparelho; deixar o chuveiro na posição verão representa 30% de economia em relação à posição inverno; usar lâmpadas fluorescentes, pois elas consomem apenas 1/3 da energia das incandescentes; evitar abrir e fechar muito a geladeira, a refrigeração é feita pelo esfriamento do ar quente, logo, quanto mais ar quente entra, mais energia ela gasta; não deixar aparelhos eletrônicos no carregador depois que eles já estão com a carga completa; não deixar aparelhos no stand by, pois nesta função eles podem chegar a gastar de 15% a 40% da energia de quando estão ligados; e não ligar e desligar o ferro de passar roupa muitas vezes, a maior parte da energia é consumida na hora em que ele é ligado.

10. Cosméticos

Cremes antienvelhecimento, redutores de celulite e estrias, antirrugas, hidratantes, bronzeadores, anti-acne, esfoliantes, vários deles prometem resultados espetaculares e acabam sendo comprados indiscriminadamente, principalmente pelas mulheres. Uma pesquisa da Universidade do País Basco mostrou que fatores emocionais influenciam mais na compra destes produtos do que componentes utilitários.

É por isso que algumas mulheres costumam pagar preços exorbitantes por estes cosméticos, para depois deixá-los mofando no banheiro.

O Dr. Reinaldo Tovo, chefe da equipe de dermatologa do Hospital Sírio Libanês, conta que muitas pessoas são influenciadas pelos anúncios, e até pelos balconistas de farmácia que se dizem consultores de beleza, e acabam comprando o produto errado. “Eu tenho pacientes que chegam com uma sacola de produtos e perguntam o que devem usar. Elas viajam para o exterior e compram diversos cosméticos, que muitas vezes não podem ser usados porque podem causar reações cutâneas”, afirma.

Para frear mais este gasto inútil e também estas reações na pele, Tovo recomenda que os cosméticos sejam comprados apenas por indicação de um médico dermatologista. Ele saberá indicar o produto ideal para cada tipo de pele e pode evitar, por exemplo, que um jovem compre um produto voltado a pessoas com mais idade e acabe desenvolvendo acne.

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