Super Quarta: Fed e Copom decidem próximos níveis de juros nesta quarta-feira, 18 (Natalya Kosarevich/Getty Images)
Repórter
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 06h52.
Última atualização em 10 de dezembro de 2025 às 06h55.
Quando bancos centrais de duas das maiores economias do mundo tomam decisões de juros no mesmo dia, o mercado se prepara para uma Super Quarta. A desta quarta-feira, 10, encerra o ano com atenções voltadas à reunião do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e do Copom no Brasil, em um momento de sinais mistos sobre inflação, atividade e emprego.
Para investidores, empresas e consumidores, os desfechos indicam os rumos do crédito, do dólar, da renda fixa e do crescimento global. Juros mais altos reduzem a demanda e pressionam o financiamento. Juros mais baixos estimulam consumo e investimento — e tendem a mexer com preços de ativos financeiros.
Nos Estados Unidos, o mercado espera um possível corte. No Brasil, a expectativa é de manutenção da taxa básica, com sinalização sobre o início do ciclo de flexibilização monetária em 2026.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central encerra nesta quarta a última reunião do ano. A projeção majoritária é de manutenção da Selic em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva. Segundo análises da Suno Research, o comunicado deve manter o tom firme e reforçar que a política monetária precisa permanecer em patamar contracionista por um “período bastante prolongado”.
A estratégia tem como base uma combinação de variáveis: inflação ainda acima do centro da meta, expectativas desancoradas, atividade moderando e mercado de trabalho ainda resiliente.
O IPCA-15 de novembro registrou alta de 0,20%, com inflação acumulada de 12 meses em 4,50%. A média dos núcleos apresentou desaceleração, mas os preços de serviços intensivos em mão de obra seguem pressionados por um mercado de trabalho aquecido.
Segundo a Warren Investimentos, o Banco Central pode sinalizar um possível início de cortes em janeiro de 2026, com redução de 0,25 ponto percentual. A expectativa é que o ciclo seja gradual, condicionado aos dados e leve a Selic para 12,25% ao ano até o fim do próximo ano.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve divulga sua decisão às 16h (horário de Brasília). O cenário-base da Suno e de parte do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual, levando os juros para o intervalo entre 3,5% e 3,75% ao ano.
O debate é marcado por divergências internas. Nomes como John Williams, vice-presidente do FOMC, sinalizaram apoio a um corte. Outros dirigentes, como Susan Collins (Boston) e Jeff Schmid (Kansas City), alertam para riscos de flexibilização prematura.
A inflação medida pelo núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) gira em torno de 3%, ainda acima da meta de 2%. O mercado de trabalho, embora em desaceleração, segue resiliente: a criação de empregos formais em setembro foi de 119 mil vagas, mas com revisão negativa dos meses anteriores.
Segundo a Wilmington Trust, o presidente Jerome Powell deve repetir o tom da última coletiva, evitando sinalizações firmes sobre cortes futuros. A expectativa é de um "hawkish cut" — corte com viés cauteloso.
O FOMC divulgará junto com a decisão o Resumo de Projeções Econômicas (SEP), com atualizações sobre crescimento, inflação, desemprego e juros esperados até 2026. Powell fala às 16h30.
No Brasil, o mercado acompanha também a divulgação do IPCA de novembro, prevista para as 9h. A projeção é de alta de 0,20% no mês, com taxa anual de 4,49%. O dado pode reforçar o tom do Copom.
Para 2026, a Suno projeta início dos cortes no Brasil em março, com Selic chegando a 12,5% ao ano. Nos EUA, a expectativa é de mais cortes ao longo do ano, com os juros encerrando 2026 próximos de 3% ao ano.
A Super Quarta desta semana marca a reta final de um ciclo de aperto monetário global iniciado em 2022. A questão central agora é quando e como iniciar a flexibilização sem comprometer a convergência da inflação.
Enquanto o Fed lida com uma inflação resistente e um mercado de trabalho menos aquecido, o Banco Central brasileiro equilibra uma retomada lenta com expectativas inflacionárias ainda acima da meta.