Rafael Menin: A nova estratégia reflete nossa visão mais conservadora quanto à alocação de capital e o compromisso da companhia com a busca por eficiência operacional e financeira (Leandro Fonseca /Exame)
Editora de Finanças
Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 11h39.
Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 12h10.
As ações da MRV (MRVE3) operavam em forte alta nesta sexta-feira, de 9,74%. Os investidores repercutem o fato relevante publicado pela companhia sobre a revisão estratégica da Resia, subsidiária do grupo. O objetivo é reduzir as operações, bem como sua estrutura organizacional e financeira, e acelerar a desalavancagem do grupo.
Entre as ações previstas para os próximos anos, destacam-se a venda de sete projetos, dos quais seis estão prontos e um em construção, ao longo dos próximos 24 meses e a desmobilização de mais de 60% do landbank, com expectativa de vendas em torno de US$ 800 milhões até o final de 2026.
A Resia também reduzirá seu ritmo de lançamento para um número mínimo de propriedades de alta rentabilidade nos próximos dois anos, cujo investimento virá do landbank atual, além de US$ 20 milhões de capital adicional e US$ 120 milhões de dívida de financiamento à construção neste período. O início de novas obras está condicionado à execução do plano de desinvestimento.
A superonda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa rendaNesse contexto, a companhia também está reduzindo seu G&A (despesas gerais e administrativas, na sigla em inglês) de US$ 35 milhões anuais para menos de US$ 10 milhões já em 2025. Como consequência dessas medidas, a expectativa é que a alavancagem reduza em aproximadamente US$ 480 milhões e que sejam gerados net proceeds (montante total de dinheiro obtido com uma transação) em torno de US$ 200 milhões até o final de 2026.
Para liderar esta nova fase, a Resia contará com a gestão de dois novos executivos: Leonardo Guimarães Correa, que se mudou para Miami para comandar o processo de reestruturação e venda de ativos da Resia, e Ricardo Blás, que irá liderar a área de operação. Adicionalmente, Matias Rotella, CEO da holding da família Menin e ex-Managing director da Goldman Sachs, e Nicola Calicchio, vice-presidente do conselho da MRV&Co e ex-CEO da McKinsey na América Latina, contribuíram para a elaboração desta nova estratégia e irão apoiar a Companhia na implementação destas medidas. O atual CEO da Resia, Ernesto Lopes, deixará o cargo no final de 2024.
“A nova estratégia reflete nossa visão mais conservadora quanto à alocação de capital e o compromisso da companhia com a busca por eficiência operacional e financeira. As mudanças têm como foco simplificar a operação, liberar capital e fortalecer a geração de caixa. Acreditamos na solidez do modelo de propriedades multifamily e entendemos que esses ajustes são necessários no curto prazo para adequarmos nosso negócio à atual conjuntura econômica”diz Rafael Menin.
Em relatório publicado, o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) afirmou que tem ‘sentimentos mistos em relação à reestruturação’. Segundo o banco, a notícia é positiva pelo viés de que o downsizing deve liberar US$ 200 milhões nos próximos dois anos, o que significa uma grande desalavancagem na Resia, reduzindo assim o endividamento da MRV (preocupação do investidor nº 1).
Por outro lado, também significa lucros menores do que temos em nosso modelo para os próximos anos. O banco recomenda compra do papel e estima preço-alvo de R$ 17 em 12 meses.
A MRV e os negócios da família Menin são destaque na última edição da revista EXAME. Em entrevista, Rafael Menin, copresidente da MRV, se mostrou otimista com o futuro do grupo. Sobre a MRV, o executivo disse que companhia já teve recuperação operacional e que os resultados deverão aparecer também na frente financeira conforme as novas safras, mais saudáveis, forem incorporadas aos números. “Já somos os maiores em tamanho no país e voltaremos a ser a líder em geração de caixa. Estamos no caminho certo. Temos um portfólio muito organizado”, diz.
Sobre a Resia, Menin reconheceu que a companhia era um dos pontos de atenção do portfólio da MRV, especialmente pelo cenário de juros altos nos EUA que prejudica as operações da empresa.