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Janela de oportunidade: 3 setores descontados para comprar na bolsa

Ações podem começar a subir a partir do final de outubro, com o início da temporada de balanços

Resultados do 3º tri e vendas de final de ano podem impulsionar bolsa | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 15 de outubro de 2021 às 09h30.

A bolsa brasileira enfrenta quatro meses em tendência de queda desde sua máxima histórica em 7 de junho, quando o Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão aos 130.776 pontos. De lá para cá, o índice já caiu 13,45% e agora é negociado na casa dos 113.000 pontos.

A queda, no entanto, pode estar perto do fim, abrindo uma janela de oportunidade para o investidor que quiser comprar ações descontadas na bolsa. Isso porque as questões macroeconômicas que seguravam o índice podem ceder espaço para boas notícias no front das empresas.

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“A bolsa já corrigiu boa parte de seus lucros desde junho por conta de incertezas políticas e fiscais, que já estão parcialmente precificadas. A questão dos precatórios deve ser solucionada ainda em outubro, abrindo espaço para uma boa performance dos ativos após os resultados do terceiro trimestre”, avalia Renan Vieira, sócio da gestora Taruá Capital.

A partir do dia 22 de outubro, as empresas listadas em bolsa começam a divulgar seus balanços, e a expectativa é que setores que sofreram ao longo dos últimos meses mostrem sinais de recuperação, levantando o preço das ações. “É uma oportunidade relevante para entrar em ações ou fundos de ações”, completa Vieira.

Consumo: varejistas e shoppings

O setor de consumo é um dos mais descontados de 2021, com o índice de Consumo da B3 (ICON) caindo quase 12% no acumulado do ano. As explicações para as baixas estão tanto nas restrições causadas pela segunda onda de Covid-19 quanto pela disparada da inflação, que aumentou os preços dos produtos e segurou as compras dos brasileiros.

As perspectivas, porém, são mais positivas. A vacinação avança no Brasil, e o País já conta com 46% da população totalmente vacinada e 70% com ao menos uma dose. Uma cobertura vacinal maior permite a reabertura mais consistente do comércio, impulsionando, principalmente, as ações de varejistas e shoppings.

Além disso, o setor conta com várias fontes de impulso no final do ano. “A Black Friday em novembro e o Natal em dezembro tradicionalmente são positivos para essas empresas. Além disso, temos o pagamento do 13º salário, que coloca mais dinheiro na mão da população e incentiva o consumo”, explica Bruna Marcelino, estrategista-chefe da Necton.

Entre as varejistas , as do setor de vestuário e calçados são algumas das mais otimistas com a tendência de recuperação econômica, segundo relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ). Os analistas comentam que os players de e-commerce apresentam expectativas mais difíceis de superar depois dos fortes ganhos de 2020, e são também impactados pelo avanço da inflação–que por sua vez é o maior desafio de supermercados e atacadistas. Ainda assim, as perspectivas são positivas.

“Para empresas mais expostas à reabertura da economia, embora haja uma tendência de desaceleração em relação aos meses anteriores, os resultados ainda devem ser destaque em nosso universo de cobertura. De fato, alguns dos maiores varejistas estão se abastecendo de produtos para as festas de fim de ano, em uma forte demonstração de confiança na demanda do consumidor”, afirmam os analistas.

A carteira de curto prazo do banco recomenda exposição em cinco ações do setor: Arezzo (ARZZ3), Track & Field (TFCO4), Grupo Soma (SOMA3), Renner (LREN3) e Assaí (ASAI3).

As ações de shoppings também se beneficiam da reabertura econômica e do impulso comprador de fim de ano. “As pessoas estão ganhando confiança, estão indo para a rua, estão consumindo. Então, esperamos um terceiro trimestre com resultados que vão surpreender o mercado”, afirma Vieira.

Na Taruá, a principal aposta no setor é a Multiplan (MULT3). “É uma empresa que conseguiu repassar uma boa parte do reajuste do IGP-M para os lojistas e deve apresentar um bom resultado operacional da empresa no próximo balanço”, diz o gestor.

Bancos

Os bancos também sofreram no acumulado do ano, com o Índice Financeiro (IFNC) caindo 14,9% em 2021. No caso do setor bancário, a maior influência negativa veio da reforma do Imposto de Renda, que pretende extinguir os Juros sobre Capital Próprio (JCP).

“Os JCP eram uma ferramenta de eficiência tributária para os bancos. Em vez de distribuir dividendos, os bancos distribuíam JCP como proventos porque quem pagava o imposto de renda era o investidor final. Com a discussão de extinção dos JCP, o mercado precificou essa perda e bateu nas ações dos bancos”, explica Marcelino, da Necton.

A estrategista avalia, porém, que os bancos devem voltar ao radar dos investidores com os resultados do 3º trimestre, principalmente por causa do aumento na taxa básica de juros, a Selic. “São ações que se beneficiam da alta dos juros porque a maior parte de sua receita vem do segmento de crédito. Com os juros em alta, sobe o custo dos empréstimos e o banco consegue um spread maior nessa operação”, destaca.

Vale lembrar que os grandes bancos – Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4/BBDC3), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) – representam, juntos, quase 15% da carteira teórica do Ibovespa. Sendo assim, a recuperação do setor pode ter um papel importante na retomada do próprio índice e da bolsa brasileira como um todo.

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