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Selic a 7,75%: 5 opiniões do mercado sobre a alta de juros do Copom

BC prevê novo ajuste de 150 pontos-base para a próxima reunião, levando Selic para 9,25% até o fim do ano

Roberto Campos Neto: presidente do Banco Central | Foto: Andre Coelho/Bloomberg (Andre Coelho/Bloomberg)

Roberto Campos Neto: presidente do Banco Central | Foto: Andre Coelho/Bloomberg (Andre Coelho/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 27 de outubro de 2021 às 20h18.

Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 20h26.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade elevar a taxa básica de juros Selic em 1,5 ponto percentual (150 pontos-base), que passa de 6,25% para 7,75% ao ano. O nível é o maior desde 2017.

A alta de juros foi acima da sinalizada na última ata do Copom, em que projetava mais um ajuste de 100 pontos-base para esta reunião. Contudo, a decisão foi em linha com as expectativas do mercado, que vinha revisando para cima suas projeções para a Selic, devido à piora da percepção dos riscos fiscais e aos dados de inflação, que se mostrou mais persistente do que a esperada.

Em comunicado sobre a decisão, o Copom justificou que o ajuste mais duro reflete "riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante".

"O Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado", pontua.

O Copom ainda voltou a incluir no comunicado o trecho em que "antevê um ajuste de mesma magnitude" para a próxima reunião, que desta vez seria de 150 pontos-base. Caso a previsão seja concretizada, a Selic fechará o ano a 9,25%.

"Passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", afirma o Copom em comunicado.

Segundo o BC, "o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista".

Para o mercado, que já esperava um posicionamento mais duro do Copom, a decisão foi vista como necessária para controlar os riscos inflacionários. Mas, as sinalizações de que o Copom manterá o ritmo acelerado na alta de juros tem feito parte dos economistas revisarem as expectativas para cima o fim do ciclo de ajustes e para baixo as projeções de PIB para o ano que vem.

Confira 5 opiniões do mercado sobre a decisão do Copom:

Necton

Após a alta de juros, André Perfeito, economista-chefe da Necton, revisou o encerramento do ciclo de alta da Selic de 9,25% para 11,5%, terminando em maio do ano que vem. Já sua estimativa para o PIB de 2022 caiu de 1,5% para alta de 1%.

"Os desafios na mesa do Copom eram grandes, afinal caberia à autoridade monetária tentar equilibrar sobre a taxa todos os dilemas econômicos atuais, como inflação persistente, fiscal desorganizado e atividade fraca. Provavelmente [o BC] irá conseguir acalmar o mercado com tal decisão", afirma o economista em nota.

Rio Bravo

Para João Leal, economista da Rio Bravo, o Banco Central agiu certo em sinalizar mais uma alta de 150 pontos-base para a próxima reunião do Copom, mas "ainda é muito cedo para falar de redução de estimativas de inflação, já que são muitas pressões afetando o ano que vem".

Para ele, porém, a Selic não deve ir muito além de 9,25% até o fim do ciclo de alta. "Isso porque nos modelos do Banco Central, eles apontaram que a inflação de 2023 já ficaria ligeiramente abaixo da meta, com juros de 9,75%. Então não haveria muito espaço para ir além desse nível de Selic", afirma.

O economista ainda pontuou que a maior cautela do Copom na avaliação fiscal, em que "sem dar muito peso à deterioração fiscal, admitiu que o balanço de riscos piorou após as últimas semanas". Leal também ressalta a maior importância dada aos riscos inflacionários. "O BC passou a ver uma pressão mais disseminada. Isso coloca uma atenção maior para a inflação neste e no próximo ano."

BTG Pactual Digital

Na visão do BTG Pactual Digital, a alta de 50 pontos-base acima da projetada na última reunião foi necessária para compensar a piora dos riscos fiscais da última semana. "Mudou bastante o cenário em relação há 45 dias. As taxas de juros [futuras] tiveram um estresse muito grande, com o possível rompimento do teto de gastos", disse Bruno Carvalho, responsável pela mesa de renda fixa do BTG Pactual Digital em live.

Leonardo Paiva, economista da casa, vê possibilidade de o ciclo de aperto monetário encerrar em 11,5%. "A sensação inicial, até porque o Banco Central colocou em comunicado 'avançar em terreno ainda mais contracionista', seria mais uma alta de 1,25 p.p. na primeira reunião de 2022 e outra de 1%, fechando o ciclo."

Constância 

Alexandre Lohmann, economista da Constância Investimentos, viu "cautela" por parte do Banco Central tanto na decisão quanto no comunicado. "No mercado, a curva de juros do DI pedia uma alta ainda maior, de 175 até de 200 pontos-base", disse.

Segundo ele, também houve maior cautela na avaliação dos riscos inflacionários, em que o Copom elevou sua projeção de inflação de 3,7% para 4,1% para 2022, enquanto o mercado projeta IPCA de mais de 4,4% para o ano que vem. "O cenário piorou bastante, mas o BC manteve o pé atrás para avaliar a situação." A expectativa da gestora é de que o Copom termine o ciclo de ajustes com a Selic a 11,50%, em março do ano que vem.

Órama

A equipe econômica da Órama, formada pelo economista-chefe, Alexandre Espirito Santo, e pela analista Elisa Andrade, ressaltou a maior importância à questão fiscal expressa pelo Copom no comunicado. Segundo eles, as tentativas do governo em driblar o teto de gastos teria motivado tanto uma postura mais dura para esta decisão quanto a contratação de um novo ajuste de 150 pontos-base para a próxima reunião, de dezembro.

No entanto, por avaliar que a inflação atual "está sendo impulsionada por choques de oferta", a equipe da Órama vê como limitados os efeitos da alta de juros no controle da alta de preços. "É provável, inclusive, que movimentos mais acentuados de alta tragam desaquecimento da atividade, que procura uma retomada mais consistente para o ano que vem (com o progresso da vacinação)", afirmam em nota.

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