WASHINGTON, DC - JULY 27: U.S. Federal Reserve Board Chairman Jerome Powell pauses during a news conference following a meeting of the Federal Open Market Committee (FOMC) at the headquarters of the Federal Reserve, July 27, 2022 in Washington, DC. Powell announced that the Federal Reserve is raising interest rates by three-quarters of a percentage point. (Photo by Drew Angerer/Getty Images) (Drew Angerer/Getty Images)
Repórter
Publicado em 14 de junho de 2023 às 17h28.
Última atualização em 14 de junho de 2023 às 17h38.
O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros inalterada entre 5% e 5,25% nesta quarta-feira, 14. A decisão marcou a primeira interrupção do ciclo de alta de juros, iniciado em março de 2022. Na época, a taxa ainda estava entre 0% e 0,25%. A manutenção dos juros já era amplamente esperada pelo mercado, ainda mais após dados de inflação abaixo do esperado para maio.
A decisão teve apoio unânime dos membros votantes do Fomc, o comitê de política monetária do Fed. Mas a grande mensagem do dia foi: a manutenção da taxa de juros desta quarta não deve ser encarada como o fim do ciclo de aperto monetário.
No comunicado da decisão, o Fomc afirmou que estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir os objetivos", que são colocar sua taxa de inflação referência para 2%. Vale lembrar que o Índice de Preço sobre Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), baliza para a política monetária do Fed, ficou em 4,4% na medição mais recente, acima das expectativas do mercado.
Pelas projeções atualizadas pelo Fed nesta quarta, a taxa de juros americana deverá terminar 2023 entre 5,5% e 5,75%. Ou seja, ainda com, potencialmente, duas altas de 0,25 ponto percentual até o fim do ano. A expectativa anterior era de que encerrasse entre 5,25% e 5,50%. A projeção para o núcleo do PCE também foi revisada para cima em relação à de março, com alta de 3,6% para 3,9%.
"A decisão de considerar não subir em todas as reuniões e, finalmente, manter as taxas estáveis nesta reunião. Eu diria apenas que é uma continuação desse processo", afirmou Jerome Powell, presidente do Federal Reserve em entrevista coletiva após a decisão.
Powell ainda deixou escapar durante a entrevista que a decisão de hoje seria uma espécie de "skip" -- ou um "pulo" -- para voltar a subir a taxa de juro posteriormente. Mas logo se corrigiu dizendo que "não poderia chamar isso [de 'skip']".
O termo "skip" já vinha sendo empregado antes da reunião para indicar que o Fed pularia a decisão desta quarta para voltar a subir os juros em julho. É nessa tese que a maior parte do mercado está com as posições montadas.
Após a decisão desta quarta, a probabilidade implícita nas curvas de juros de o Fed retomar o ciclo de altas em julho atingiu 65%, segundo radar do CME Group. Na véspera, a chance precificada era de 60%.
Para a gestora Tenax Capital, o Fed deverá adotar um padrão de "altas alternadas", pelo menos, até a decisão de novembro. "Até lá esperamos que a desaceleração da atividade esteja mais espalhada, inclusive no mercado de trabalho, o que deverá impedir uma nova alta, com o juro encerrando o ano entre 5,25% e 5,5%", disse Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Além dos dados econômicos, declarações de membros Fed já vinham mantendo elevadas as expectativas de o Fed ter que retomar o ciclo de altas de juros.
O presidente do Fed de Minneapolis e membro votante do Fomc, Neel Kashkari, foi um dos que sustentaram a possibilidade de o Fed ter que voltar a subir juros, mesmo após uma pausa em junho.
"Se nós pularmos junho, não significa que nós terminamos o ciclo de aperto monetário. Isso significaria que estamos coletando mais informações", afirmou Kashkari em entrevista recente à CNBC.
Alexandre Lohmann, estrategista-chefe da Constância Investimentos, ressaltou que a decisão e as declarações de hoje foram de encontro com o que vinha sendo dito por membros do Fed.
"A surpresa negativa veio da revisão das projeções do Fed, que passaram a considerar duas altas de juros até o fim do ano. O ciclo não chegou ao fim. Estamos apenas em uma pausa temporária."