Petróleo: excesso de oferta pressiona preços (makhnach/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 18h13.
Os preços do petróleo fecharam em forte queda nesta terça-feira, 16, pressionados pela combinação de menor risco geopolítico e excesso de oferta no mercado internacioal.
O preço do barril do petróleo tipo Brent, referência global, caiu 2,71%, ou US$ 1,64, para US$ 58,92, menor valor de fechamento desde fevereiro de 2021.
A queda reflete, em grande parte, a percepção de que o risco de interrupções no fornecimento de petróleo pode diminuir. O presidente dos EUA, Donald Trump, vem pressionando a Ucrânia a aceitar um acordo de paz com a Rússia, o que, na avaliação do mercado, reduziria as tensões geopolíticas que, desde 2022 sustentavam um prêmio de risco nos preços da commodity.
O setor também sofre com oferta excedente, alimentado pelos sucessivos aumentos de produção da OPEP+, grupo que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados.
Com isso, o desempenho do petróleo neste ano tem sido negativo. O Brent recua aproximadamente 21% no período, pior desempenho desde 2020 até agora.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, o mercado convive com o risco de interrupções no fornecimento. Ao longo deste ano, Kiev realizou ataques com drones contra a infraestrutura petrolífera russa, enquanto Estados Unidos e aliados europeus impuseram sanções ao setor de energia do país. Esse conjunto de fatores vinha limitando a oferta russa ao mercado global.
Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad Energy, disse à CNBC que esse quadro poderia mudar rapidamente caso um acordo seja alcançado. Ele afirmou que ataques à infraestrutura petrolífera russa e sanções americanas tenderiam a ser suspensos com relativa rapidez, reduzindo de forma significativa o risco de interrupções no curto prazo. Isso abriria espaço para que um volume relevante de petróleo russo hoje armazenado em reservatórios de água retorne ao mercado.
O eventual fim das sanções dos EUA contra a Rússia também teria implicações para a estratégia da OPEP+. Na avaliação de Leon, o grupo poderia retomar uma política mais agressiva de aumento de produção para recuperar participação de mercado, após ter colocado essa estratégia em pausa recentemente. Esse cenário reforça a leitura de pressão estrutural sobre os preços do petróleo, em um mercado que já lida com oferta elevada e demanda mais contida.