Oracle: ação acumula queda de 18% no mês (Cheng Xin/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 18h13.
As ações da Oracle recuavam mais de 5% nesta quarta-feira, 17, ampliando as perdas do mês, após o Financial Times noticiar que a gestora de crédito privado Blue Owl Capital (OWL) não apoiará um projeto de cerca de US$ 10 bilhões para um novo data center da empresa. A notícia reacendeu as preocupações dos investidores sobre o uso de dívida para financiar a expansão da capacidade de computação voltada à inteligência artificial.
Segundo o jornal, a Blue Owl, maior parceira da Oracle em data centers, vinha negociando com credores e com a própria empresa um investimento em uma grande instalação no estado de Michigan, mas as conversas não avançaram. O impasse levantou dúvidas sobre como o projeto será financiado. Em resposta, a Oracle afirmou que sua parceira de desenvolvimento, a Related Digital, escolheu outro investidor entre diferentes alternativas, sem detalhar os termos do acordo.
A Blue Owl é um dos principais nomes no financiamento do boom de data centers de IA, com parcerias com a Oracle em projetos no Texas e no Novo México, além de um acordo com a Meta (META) para ajudar a viabilizar instalações de grande porte na Louisiana. A saída da gestora de um projeto relevante reforçou o debate sobre a sustentabilidade financeira desses investimentos.
O movimento ocorre em um momento de maior escrutínio sobre a forma como grandes empresas de tecnologia estão financiando seus projetos de IA. Estruturas que concentram a dívida em joint ventures ou veículos específicos, fora dos balanços das companhias, somadas às emissões bilionárias de títulos corporativos, têm levantado alertas no mercado.
No caso da Oracle, analistas destacam que a empresa não conta com o mesmo nível de geração de caixa de concorrentes no setor de computação em nuvem.
Com a queda desta quarta-feira, as ações da Oracle acumulam desvalorização de cerca de 18% no mês. Os papéis já haviam recuado após a divulgação dos resultados trimestrais, que mostraram custos acima do esperado e consumo de caixa maior do que o projetado.
Além disso, a empresa informou US$ 248 bilhões em obrigações de arrendamento em seu balanço mais recente, número que intensificou os temores sobre o avanço do endividamento.
Embora a administração tenha reiterado o compromisso de manter o grau de investimento, com classificação BBB para seus títulos, o mercado segue cauteloso. Na semana passada, os spreads dos swaps de crédito da Oracle atingiram o nível mais alto desde 2009, sinalizando aumento na percepção de risco por parte dos investidores.