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O saldo final – e os vencedores – da temporada de balanços do 3º tri, segundo três análises

JBS e Itaú foram destaques, impulsionando números dos setores bancário e de alimentos e bebidas

Painel de cotações da B3: temporada de balanços termina em tom positivo (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: temporada de balanços termina em tom positivo (Germano Lüders/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 17h28.

A temporada de balanços do terceiro trimestre terminou em tom positivo para as companhias brasileiras: 42% delas reportaram resultados considerados fortes segundo análise do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O valor representa um aumento frente ao trimestre anterior, quando os melhores resultados representavam apenas 39% do saldo total.

Nos cálculos do banco, a receita consolidada e o Ebitda, principal indicador de caixa operacional, avançaram 11,9% e 8,5% na comparação ano a ano, respectivamente. O saldo analisa o resultado das empresas excluindo as gigantes Petrobras e Vale, que distorcem os números. 

As companhias associadas a commodities, por outro lado, tiveram resultados mistos, com receita e lucro avançando 9,5% e 28,6% na comparação anual e Ebitda em queda de 1,3%. O saldo mais positivo ficou com as empresas domésticas, que, em 12 meses, tiveram alta de 13% em receitas, de 18,3% em Ebitda e crescimento de 20,9% no lucro líquido.

A equipe de análise do Santander Brasil também destacou o tom positivo da temporada de balanços, em que 32% das companhias em sua cobertura superaram suas estimativas para Ebitda – e 46% delas bateram as expectativas de mercado. O banco estima 10% de alta na receita em base anual, além de avanço de 5% e 30% para Ebitda e lucro líquido, respectivamente, no mesmo período.

Por sua vez, o Itaú BBA classificou a temporada como “ligeiramente positiva”, com 42% dos resultados alinhados com as expectativas do banco. “O lucro líquido avançou, mas o Ebitda mostrou desaceleração: não é suficiente para bater as estimativas e aumentar [as projeções]”, escreveram os analistas.

O banco calcula que o lucro avançou 24% na comparação anual contra alta de 6,2% no trimestre anterior. A receita, no entanto, subiu 11,2% no mesmo período, abaixo dos 14% de avanço no segundo trimestre. Já o Ebitda teve alta de 4,5% em 12 meses, contra alta de 15,4% no trimestre passado.

Os vencedores da temporada

Dos 18 setores analisados pelo BTG, 17 tiveram crescimento de receita, embalados por dois setores: alimentos e bebidas, com crescimento de 16% em base anual, e agronegócio, com avanço de 21% no mesmo período. 

Os analistas destacaram o desempenho “excelente” de alimentos e bebidas nas principais métricas, impulsionados por uma empresa, a JBS. A gigante das proteínas teve lucro de R$ 3,8 bilhões, levemente abaixo do consenso Bloomberg, que estimava resultado de R$ 3,9 bilhões. O Ebitda ajustado, por sua vez, mais que dobrou na comparação anual e ficou em R$ 11,9 bilhões – bastante acima das expectativas, que apontavam para R$ 10,4 bilhões.

“Olhando para o faturamento, o desempenho do setor foi impulsionado principalmente pela JBS (alta de 21% em 12 meses), com crescimento sólido em todos os segmentos e resultados particularmente impressionantes em seus negócios relacionados a aves e carne bovina brasileira”, escreveram.

Embora os resultados tenham vindo fortes, o Santander faz um alerta para o próximo trimestre. “ O segmento de carnes no Brasil representou mais de 70% do Ebitda superado no terceiro trimestre. O forte desempenho foi explicado por exportações fortes e margens amplas. Por outro lado, esperamos um quarto trimestre muito mais difícil, uma vez que os preços do gado subiram 21% desde outubro, à medida que o ciclo do gado começa a deteriorar.”

Além da JBS, os analistas do Santander destacam Itaú, Localiza, Vivara, Direcional e Yduqs como destaques da temporada. “Mais uma vez, o Itaú apresentou um trimestre construtivo, com principais destaques na aceleração da expansão em crédito, avanço da receita líquida de juros e na solidez da qualidade dos ativos.”

O maior banco da América Latina apresentou um lucro líquido de R$ 10,675 bilhões no terceiro trimestre deste ano, avanço de 18,1% frente ao mesmo período do ano passado, e de 6% contra o saldo do trimestre anterior. O resultado ficou levemente acima do consenso Bloomberg, que esperava R$ 10 bilhões.

O Itaú também esteve entre os destaques do BTG Pactual. Os analistas destacaram a força dos bancos para o crescimento dos resultados das companhias domésticas no terceiro trimestre. 

“A grande contribuição [para o bom saldo do setor bancário] veio do Itaú, que apresentou forte expansão na margem financeira de clientes devido ao crescimento da carteira de crédito e a um melhor mix, também apoiado pelo crescimento da frente de tesouraria (impulsionando a margem com o mercado)”, escreveram.

O BBA apontou construtoras, empresas de bens de capital, transporte e siderurgia e mineração como principais focos de bons resultados na temporada. JBS, Weg, Direcional, Cyrela, Petrobras, Rumo e Azzas foram destacadas como ações a se observar. “[As companhias] apresentaram bons resultados na temporada de resultados do terceiro trimestre e fortaleceram nossa convicção em seus cases de investimentos daqui para frente.”

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