Dejà vu: JBS bate (de novo) o consenso, puxada por Seara
Gigante das proteínas tem lucro em linha, mas EBITDA acima das expectativas; alavancagem vai a 2,15x
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 18:14.
A JBS teve mais um trimestre com resultado operacional acima do esperado do mercado, graças principalmente ao desempenho da Seara, que registrou margem EBITDA recorde de 21% em meio ao bom momento do ciclo do frango e iniciativas de eficiência nas unidades.
A gigante das proteínas teve lucro de R$ 3,8 bilhões, levemente abaixo do consenso Bloomberg, que apontava para R$ 3,9 bilhões.
O EBITDA ajustado, por sua vez, ficou em R$ 11,9 bilhões, mais que o dobro do registrado no ano passado e bastante acima das expectativas, que apontavam para R$ 10,4 bilhões.
Impulsionada por um crescimento em todas suas linhas de negócio, a JBS viu sua receita saltar 21% na comparação anual, para R$ 110 bilhões.
Nesse contexto, a gigante das proteínas conseguiu entregar já no período sua meta de desalavancagem para todo o ano, com a relação entre dívida líquida e EBITDA passando de 2,79x para 2,15x em dólar. A dívida líquida da companhia caiu US$ 1 bilhão, encerrando o período em US$ 13,7 bilhões.
Seguindo a toada do ano, o destaque ficou principalmente com as operações de aves da Seara e da americana Pilgrim’s Pride.
Na Seara, a receita cresceu 19% na comparação anual, por conta principalmente dos maiores preços no período. Já a margem EBITDA avançou 3,6 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, para 21%, seu maior patamar histórico.
Apesar do crescimento da receita em todas as categorias, de aves, suínos e preparados, o destaque principal ficou por conta dos produtos in natura.
Em alimentos preparados, a receita líquida aumentou 2%, resultado dos maiores volumes vendidos. “A Seara segue com sua estratégia de conquistar a preferência do consumidor através da qualidade dos produtos, inovação, execução e fortalecimento da marca, obtendo crescimento em índices de penetração e recompra”, disse a empresa em relatório.
Na JBS Brasil, que concentra a operação de carne bovina no país, o crescimento também foi expressivo – tanto em receita quanto em rentabilidade. O faturamento líquido cresceu 25% na comparação anual, para R$ 18 bilhões, enquanto o EBITDA ajustado mais que quadruplicou, chegando a R$ 2 bilhões, com margem de 11,6%, contra 7,4% no segundo trimestre.
O negócio de bovinos nos Estados Unidos segue sendo o detrator, com margens pressionadas pelo ciclo pecuário pesando apesar da demanda forte. A receita líquida cresceu 6% em dólares e 20% em reais na comparação anual, para R$ 35 bilhões. Já a margem EBITDA em dólares ficou em 0,6%
Na JBS Australia, que faturou R$ 9,8 bilhões no período, o crescimento seguiu forte, com bom desempenho na demanda por carne bovina. Mas a rentabilidade foi pressionada pelo aumento do preço do gado: a margem EBITDA saiu de 12,2% no segundo trimestre para 8,1% em dólares.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.