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O que vai ser da Intel após a saída do CEO?

Empresa tem que lidar com IA e programa de incentivo para fabricar chips nos EUA

Empresa anunciou um prejuízo líquido de US$ 16,6 bilhões em outubro (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Empresa anunciou um prejuízo líquido de US$ 16,6 bilhões em outubro (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 13h17.

Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 20h07.

O anúncio surpreendente da Intel de que o CEO, Pat Gelsinger, está se aposentando lançou o futuro da famosa empresa de chips em profunda incerteza.

Seus líderes interinos e o próximo CEO agora devem juntar os pedaços de um plano de recuperação projetado para consertar um negócio em turbulência, recuperar o atraso em uma lucrativa corrida de IA e navegar no segundo mandato de Donald Trump.

De acordo com o Business Insider, a missão atribuída a Pat Gelsinger quando assumiu a Intel em 2021 era restaurar a relevância da empresa de 52 anos. Seu negócio de projetar e fabricar chips — antes líder do setor — estava em dificuldades. Ela teve que lidar com as big techs avançando com seus próprios designs e contratempos de produção devido a problemas de fabricação.

Agora, os desafios são ainda maiores. A Intel falhou em capitalizar o boom da IA ​​generativa que levou rivais como Nvidia e TSMC a patamares jamais imaginados. Ela também está lutando para se tornar uma "campeã nacional" da indústria dos EUA em um momento em que a fabricação de chips está se tornando cada vez mais crítica para a prosperidade tecnológica do país.

Números ruins

Em outubro, a Intel anunciou um prejuízo líquido de US$ 16,6 bilhões no terceiro trimestre. Isso se somou a outro prejuízo no segundo trimestre, quando a empresa suspendeu seus dividendos e anunciou uma redução de 15% no quadro de funcionários. O mercado não reagiu bem. Desde o início do ano, a gigante dos chips perdeu metade de seu valor, afundando para uma capitalização de mercado de US$ 103 bilhões.

Após a saída de Gelsinger na segunda-feira, cabe aos co-CEOs interinos da Intel — os executivos David Zinsner e Michelle Johnston — e seu futuro líder superar esses problemas.

Desafios em IA

Segundo reportagem do BI, um dos primeiros desafios que o próximo CEO da companhia terá que encarar será o da corrida da IA. Enquanto rivais produziam chips para alimentar essa nova indústria, a Intel não sabia como separar sua divisão de negócio de design. 

A Intel, querendo ou não, ainda é conhecida como "a empresa de CPU x86", ou seja, identificada com uma arquitetura para chips de computadores mais gerais. No mundo da IA, os chips são bem mais parrudos. A Intel precisa correr contra os concorrentes aqui.

Sua linha de chips de IA, conhecida como Gaudi, não foi páreo para Nvidia. Em uma teleconferência de resultados de outubro, Gelsinger compartilhou que a empresa "não atingirá nossa meta de US$ 500 milhões em receita para a Gaudi em 2024".

"Campeã nacional"

O outro grande desafio que os próximos líderes da Intel enfrentam é provar que a empresa é capaz de ser uma "campeã nacional" da fabricação de chips nos EUA. Isso não será simples.
Todos os outros grandes clientes se voltam em grande parte para a gigante taiwanesa TSMC, que cresceu mais de 83% neste ano - tem hoje um valor de mercado de pouco mais de US$ 1 trilhão.
Apesar dos desafios, algumas notícias animam, como a de que a Amazon estava adotando um processo da Intel chamado 18A para um chip específico seu.
Mas uma questão muito importante será comportamento do presidente eleito, Donald Trump. Ele já enfatizou que terá uma política protecionista que coloca as empresas dos EUA em primeiro lugar. Em teoria, isso é bom para a Intek. Porém, o republicano já criticou anteriormente o Chips Act, que deve dar à Intel US$ 7,9 bilhões em subsídios para impulsionar sua capacidade de fabricação de chips nos EUA
Em vez disso, Trump disse que preferiria impor tarifas às importações estratégicas (como chips), tendo o papel de uma ferramenta para incentivar a fabricação de chips em solo americano. 
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