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O estrangeiro não sabia falar Eletrobras, diz CEO da nova Axia Energia

Como Axia, elétrica espera melhorar comunicação com o investidor gringo e ganhar espaço no mercado livre de energia

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 17h56.

Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 18h31.

A Axia Energia (ex-Eletrobras) quer deixar a imagem de gigante estatal do setor elétrico para ser vista como uma empresa relevante no mercado livre de energia. A mudança de nome faz parte desse reposicionamento.

Segundo o CEO da elétrica, Ivan Monteiro, a nova marca nasce para dialogar com o "consumidor empoderado" e com o investidor global.

"Não sei se vocês já tentaram ouvir um americano, um britânico falando Eletrobras, ele não fala, não sai [a pronúncia correta]", disse o executivo, em coletiva de imprensa, ao explicar que o rebranding simboliza também a abertura da companhia a um público internacional, num momento em que a elétrica vê mudar o seu perfil de investimentos e se prepara para competir em um mercado cada vez mais descentralizado e competitivo.

Os planos de internacionalização, contudo, são de longo prazo e podem acontecer nos próximos 10 ou 20 anos. Segundo Monteiro, a Axia ainda observa experiências internacionais para aprender com mercados mais maduros, enquanto o foco total está em aproveitar o potencial interno.

"Temos um programa de investimento muito grande e que está acelerando. Está vindo aí novos leilões e não fazia muito sentido [focar na internacionalização]. Mas estamos sempre abertos", afirma Monteiro.

"Quando eu me refiro a um americano, britânico, australiano, francês, belga ou a alemão, eu me refiro a investidores. A Axia tem três formas de crescer: ou ele pega funding no mercado de dívida, de capital, ou no banco de desenvolvimento ou no mercado acionário. E estamos percebendo uma mudança na base acionária com a perspectiva de capturar aqueles investidores que chamamos de long-bonding", disse ele em referência aos investidores "pacientes", dispostos a apostar em retornos de longo prazo. 

O executivo detalhou que, em conversas recentes com investidores na Europa, tem notado uma mudança de percepção em relação à empresa. "Hoje, o estrangeiro entende melhor o nosso equity story, a narrativa da companhia. Antes, eu precisava explicar o empréstimo compulsório, um conceito muito distante da realidade deles. Agora, esse assunto ficou para trás, eles querem discutir o futuro: preço de energia, programa de investimento, alocação de capital e estratégia de longo prazo".

Posição no mercado livre de energia

A antiga Eletrobras, agora Axia Energia, anunciou ontem ao mercado a mudança de nome. O movimento foi lido como a conclusão do processo de privatização da empresa que, embora tenha sido realizado em 2022, ainda permaneceu nos últimos anos com uma série de amarras ao governo até a venda da Eletronuclear na primeira quinzena deste mês.

O processo reduziu a fatia da União no capital votante para cerca de 40%, mas limitou o poder de voto de cada um dos acionistas a no máximo 10% tornando, na prática, uma empresa de controle pulverizado.

Agora, a maior geradora de energia renovável do país e líder na transmissão quer se conectar às mudanças legislativas recentes no setor, como a medida provisória editada pelo governo federal, em maio, que trata da tarifa social de energia elétrica e da liberdade de escolha dos consumidores.

Com ela, todos os consumidores poderão escolher seus fornecedores e fontes de energia a partir de 2028.

"O consumidor brasileiro, primeiro os de maior porte, as grandes empresas, depois as médias, depois os que têm comércio, até chegar na pessoa física, terão o poder de escolher o seu fornecedor de energia. E será escolhido aquele que for competitivo, aquele que apresentar uma solução de energia mais competitiva, aquele que prover um serviço correto e um serviço pós-venda correto", disse o executivo.

"É com esse objetivo que a gente traz a mudança do nome da marca, para se comunicar e para fazer frente a esse novo mercado, essa nova postura".

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