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"Melhor oportunidade em dez anos": as apostas de André Lion, da Ibiuna, diante de uma bolsa em queda

Gestor e CIO de uma das maiores gestoras independentes do Brasil segue otimista com Petrobras e vê grande potencial de alta no setor de shoppings

André Lion, CIO da Ibiuna Investimentos: "Trocas na Petrobras são oportunidades" (Germano Lüders/Exame)

André Lion, CIO da Ibiuna Investimentos: "Trocas na Petrobras são oportunidades" (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 26 de junho de 2024 às 06h45.

Última atualização em 28 de junho de 2024 às 10h36.

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A bolsa bateu o menor patamar do ano na última semana, com o Ibovespa chegando a acumular uma perda próxima de 10%. Embora descompassado do maior otimismo internacional, dado a piora na percepção dos riscos locais, o momento é de grandes oportunidades. Essa é a avaliação de André Lion, CIO de ações da Ibiuna Investimentos, uma das maiores gestoras independentes, com cerca de R$ 26 bilhões sob gestão.

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"Estamos vendo na bolsa algumas empresas com preços muito atrativos. São valuations que batem uma vez a cada cinco ou dez anos", afirma Lion em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest.

Uma das grandes apostas de Lion é no setor de shoppings centers, em que possui ações da Multiplan, Iguatemi e Allos. A tese, conta, está alinhada com dados mais fortes da atividade econômica. Mas foi o nível de preço que mais lhe chamou a atenção, já que essas companhias estariam valendo menos do que o próprio patrimônio.

"Se for construir um shopping sai mais caro do que comprar um equivalente na bolsa. A cada cinco ou dez anos surgem oportunidades como essa e estamos tentando aproveitar. Pelas nossas contas, a Multiplan está 20% mais barata do que o valor de reposição dela. Isso sem contar o terreno. É o preço do tijolo por metro quadrado, fora a operação. Tem um potencial de alta de 40% ou 50%."

Outra ação que vem sendo negociada perto das mínimas recentes e que é considerada uma grande oportunidade por Lion é a da Localiza. O papel acumula cerca de 30% de queda no ano, sendo parte da queda atribuída à piora no momento da companhia em seminovos. Isso porque a maior presença de carros chineses no mercado estaria provocando uma desvalorização dos carros usados além do normal.

"A empresa está passando por isso. Então, os últimos resultados não foram inspiradores, especialmente na frente de seminovos. Só que isso não é recorrente. A Localiza continua sendo uma empresa extraordinária, com vantagens competitivas muito fortes, seja em posicionamento de marca ou penetração de mercado. Isso deve normalizar em dois ou três trimestres. É um ativo que chama bastante atenção", diz Lion.

"Trocas na Petrobras são oportunidades"

Uma tese bem diferente da exposição doméstica também presente na carteira da Ibiuna é a de Petrobras. Embora tenha passado por alta volatilidade com a recente troca de comando, Lion avalia que os níveis de preço das ações mais do que compensam os riscos de investir na estatal.

"Temos Petrobras já há quatro ou cinco anos e continuamos achando a ação barata, especialmente em geração de caixa e dividendos. O questionamento que todo mundo tem é a governança. Em 2015, a empresa estava praticamente quebrada e, a partir de 2016, passou por uma reorganização. A companhia tem hoje um corpo técnico excelente. Quando fizeram essa reorganização, percebemos que a Petrobras teria uma geração de caixa impressionante."

Apesar do histórico de trocas de comando promovidas pelo governo nos últimos anos, Lion considera que a governança segue "sólida". "Não significa que será sólida para sempre. Mas as movimentações que tiveram durante o governo anterior e o atual são oportunidades. Tem que ficar atento às mudanças estruturais, mas até agora não vimos nenhuma."

Em maio, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, as ações da companhia chegaram a cair 8% em apenas um pregão. Boa parte do preço, no entanto, já foi recuperada. "No passado, quando se trocava o presidente, havia o risco de serem feitas coisas mais heterodoxas. Mas, com a nova governança, o grau de liberdade caiu muito. Depois da Lava Jato e da Lei das Estatais, ficou bastante claro que cada um é responsável por suas próprias ações."

Lion disse estar "acompanhando de perto" a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. "A indicação que temos é que ela deve focar mais agressivamente em algum projeto, mas não deverá haver mudança estrutural. Por isso, continuamos achando que este é um bom investimento."

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