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Ibovespa vermelho: entenda por que quase todas as ações da bolsa caíram no pregão desta terça-feira

As ações da SLC Agrícola (SLCE3) foram as únicas a não caírem no pregão de hoje, com os papéis subindo 1,97%

Ibovespa: praticamente todas as ações listadas no índice operam no campo negativo hoje (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: praticamente todas as ações listadas no índice operam no campo negativo hoje (Germano Lüders/Exame)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 15h44.

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 12h04.

Empresas varejistas, de commodities e até bancos: quase todas as ações listadas no Ibovespa ficaram no campo negativo nesta terça-feira, 16. No fechamento, as maiores quedas na bolsa eram lideradas pelo Soma (SOMA3), Cosan (CSAN3) e Azul (AZUL4), com perdas superiores a 6%. Apenas a SLC Agrícola (SLCE3) não caiu. E o motivo? Os investidores estão cautelosos om a menor expectativa de corte de juros.

Essa aversão ao risco mundial que tem marcado o mês de janeiro vem na contramão do otimismo que tomou os mercados no último mês de 2023. Na ocasião, quando houve a última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou que os membros do comitê poderiam iniciar as discussões sobre o primeiro corte. A postura fez com que investidores passassem a apostar que o início do ciclo de queda ocorreria já em março.

Apesar disso, como aponta Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, nas semanas seguintes, diversos dirigentes de bancos centrais e economistas demonstraram uma certa desconfiança sobre essa tese, sobretudo devido à ausência de dados que confirmassem a convergência da inflação com a meta. “Nesse momento, vemos que uma parcela do mercado já passa a revisar suas expectativas para o primeiro corte de juros e o sentimento de cautela em relação aos ativos de risco se tornou predominante novamente”, diz.

Fed e BCE: muito cedo para o corte de juros?

Nesta terça-feira, o diretor do Fed, Christopher Waller, durante evento da Brookings Institution, afirmou que o progresso atual da economia americana é compatível com a visão de três cortes até o fim do ano. Porém, ele alertou que o momento e intensidade vão depender dos dados futuros. "Ainda preciso de mais dados para ter certeza sobre uma queda sustentada da inflação, que não tenha repiques ou resistência excessiva", disse Waller.

Pedro Canto, analista da CM Capital, destaca que outro ponto de atenção no discurso de Waller foi o fato de ele sinalizar que o Fed prevê três cortes de juro neste ano. “O mercado esperava em torno de seis ou sete cortes. Foi um grande banho de água fria”, diz. Não por acaso, ele ainda cita, que a taxa do título de dez anos voltou a ficar acima dos 4%.

Junto a isso, o discurso menos otimista do que os investidores gostariam, embrenhou-se no sentimento de cautela que já estava instalado por conta de declarações do integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) e também presidente do BC da França, François Villeroy de Galhau. Também hoje, mas durante painel do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ele afirmou que os cortes de juros na zona do euro devem acontecer de maneira mais cautelosa e devagar do que é esperado pelo mercado.

Com a divergência entre as expectativas de cortes próximos e as declarações mais cautelosas dos banqueiros, o caminho adotado pelos investidores — sobretudo no pregão de hoje — é de evitar os ativos de risco. “Principalmente em países emergentes como o Brasil, que é considerado 'beta' no mercado global”, diz Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital. Segundo ele, o porto-seguro desses investidores é o dólar, os treasuries e as 'ações de alta qualidade' no mercado americano.

Aversão aos ativos de risco e a busca pela segurança

Diante desse cenário, o Ibovespa hoje caiu 1,69%, aos 129.294 pontos — perdendo a marca dos 130 mil. Enquanto isso, as bolsas europeias  e os índices de Nova York também recuam. Por outro lado, o índice DXY subiu 0,92%, e o dólar, avançou 1,22%, a R$ 4,925.

De volta ao Ibovespa, a única alta do pregão foi da SLC Agrícola, que avançou 1,97%, sem razões específicas para além da alta do dólar. Abaixo, confira as cinco ações que mais caíram hoje:

  • Soma (SOMA3): -6,18%
  • Cosan (CSAN3): -6,14%
  • Azul (AZUL4): -6,28%
  • Raizen (RAIZ4): -5,25%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -4,80%

Sem grandes movimentos corporativos que justifiquem a queda generalizada no pregão desta terça-feira, alguns fatos pontuais contribuíram para a baixa mais acentuada de alguns papéis. Como é o caso da Cosan e da Raízen, que foram afetadas por um menor volume de venda de açúcar no 23-24 (ano-safra).

“Principalmente da Raízen, que teve a prévia divulgada e mostrou queda de 6,5% nas vendas de açúcar na comparação com o mesmo período do ano passado”, diz Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Outras quedas de destaque no pregão foram da Azul e do Pão de Açúcar. A primeira foi afetada por um possível pedido de recuperação judicial do seu par de setor, a Gol. Já a segunda, caiu após uma subida de quase 20% ontem. “E hoje acaba tendo uma realização [de lucros], que é super comum.”

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