Invest

Ibovespa opera em queda após IPCA-15 e PIB dos EUA virem acima do esperado

Investidores também aguardam balanço da Vale (VALE3) que será publicado após o fechamento da sessão de hoje

Ibovespa: mercado aguarda balanço da Vale (VALE3) (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: mercado aguarda balanço da Vale (VALE3) (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 25 de julho de 2024 às 10h36.

Última atualização em 25 de julho de 2024 às 16h10.

O Ibovespa opera, na sessão desta quinta-feira, 25, em queda de 0,30% aos 126.040 pontos. Investidores repercutem negativamente a prévia da inflação acima do esperado, o que também pode acrescentar um teor de cautela na sessão de hoje. Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho ficou em 0,30%.

Ibovespa hoje

  • IBOV: -0,19% aos 128.180.

Apesar da queda de 0,09 ponto percentual frente a junho, quando o índice ficou em 0,39%, o mercado estimava uma alta menor, de 0,23%. Já nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,45%, acima dos 4,06% observados nos 12 meses acumulados até junho e acima das expectativas de 4,38%.

De olho nos Estados Unidos, o mercado também acompanha a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. De acordo com o Departamento de Análises Econômicas, o PIB dos EUA cresceu 2,8% no período. O mercado temia justamente que o indicador viesse acima de 2% e atrasasse o ciclo de cortes do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Após o PIB robusto, o mercado reduziu as apostas para o início do corte de juros em setembro. Por volta das 10h, a plataforma Fed Watch, exibia 100% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base (bps, na sigla em inglês) de juros em setembro. Após a divulgação do PIB, as apostas reduziram para 87,7% às 10h50.

Balanço de Vale (VALE3)

O mercado aguarda a divulgação hoje, após fechamento das negociações, do balanço da Vale (VALE) do segundo trimestre de 2024. Além da mineradora, Hypera (HYPE3) e Multiplan (MULT3) também divulgam seus números pós fechamento do mercado.

A expectativa de grandes bancos é que a mineradora reporte uma recuperação gradual em seus resultados. De acordo especialistas, a queda do preço do minério de ferro visto no período, pode ser compensada pelo aumento de vendas da commodity, além do avanço no preço de outros metais, como cobre e níquel.

O consenso Bloomberg projeta uma receita líquida em US$ 10,224 milhões, com lucro líquido de US$ 2,092 bilhões. As estimativas para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) é de US$ 4,283 bilhões, com a margem Ebitda em 41,9%.

Porque os balanços das big techs preocupam

Ontem, os índices S&P500 e Nasdaq registraram o pior desempenho diário desde 2022, com queda de 2,31% e 3,62%, respectivamente. O movimento nos Estados Unidos foi puxado pela desvalorização de 5% da Tesla (TSLA34) e de 12,3% da Alphabet (GOGL34), após a divulgação de balanços do segundo trimestre, que frustraram investidores.

A Tesla registrou no período um lucro líquido de US$ 1,57 bilhão, o que representa uma queda de 45% na comparação anual. Os investidores mostraram preocupação com as margens de lucro, especialmente devido aos altos custos de produção e às incertezas sobre a demanda futura para veículos elétricos.

Já a Alphabet, controladora do Google, superou as expectativas dos analistas e mostrou uma receita de US$ 84,72 bilhões, um aumento de 14% em comparação ao 2T23. Entretanto, apesar dos números positivos, o mercado está preocupado com o crescimento dos investimentos. De acordo com o balanço, US$ 13 bilhões foram investidos no segundo trimestre devido ao aquecimento da concorrência nas áreas de busca e computação em nuvem.

Na sessão de hoje, os índices apresentam uma recuperação: S&P500 (+0,69%), Nasdaq (+0,54%) e Dow Jones (+1,05%), com ajuda da alta da Tesla (+3,62%).

IPCA-15 veio ruim?

A alta do IPCA-15 acima do esperado pode impactar negativamente a bolsa ao longo do dia. Entretanto, Carla Argenta, economista da CM Capital, explica que quando o IPCA-15 é destrinchado para observar os grupos, as correções e os movimentos pontuais não fornecem motivos para uma visão mais pessimista em relação à composição da inflação atual do país. "De modo que elevações na Selic, conforme especulado no mercado nos últimos dias, seguem completamente fora de cogitação no atual quadro."

A especialista destaca que o grupo de alimentação foi o destaque da divulgação, corroborando com a expectativa positiva de que o grupo, tradicionalmente, é afetado neste período do ano por conta de movimentos sazonais/climáticos. Com isso, o grupo de alimentos apresentou a primeira deflação do ano.

No sentido oposto dos alimentos, os grupos de habitação e de transportes trouxeram as maiores contribuições inflacionárias para o indicador. "No que concerne ao grupo de habitação, o movimento de alta foi impulsionado por energia elétrica residencial em virtude da alteração da bandeira tarifária de energia elétrica, que passou de verde para amarela."

Já no grupo de transportes, Argenta pontua que foi um movimento inflacionário concentrado em poucos itens, como passagens aéreas (19,21%), combustíveis automotivos (1,39%) e pedágio (6,21% MoM). Itens estes afetados também por movimentos sazonais e que, portanto, serão revertidos ao longo dos próximos meses. 'Bem como por reajustes de preços administrados, concedidos por agências regulatórias e não determinados pelo nível de demanda da economia."

Já para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destaca que o IPCA-15, em sua visão, veio ruim. "Estamos falando do maior IPCA-15 para o mês de julho desde 2021. Isso mostra uma inflação piorando no Brasil. No ano, o IPCA-15 já acumula 2,82% e nossa meta de inflação é 3% para o ano todo, então algo que era para 12 meses já está em seis meses."

Gala também destaca que, normalmente, a inflação de junho e junho é estável (0%) e "estamos passando longe disso." Em sua visão, o Comitê de Política Monetária (Copom) irá manter a taxa em 10,50% na semana que vem e comenta que uma parcela do mercado já se posiciona para uma alta de juros até o final do ano. "Com esse IPCA do jeito que está, é impossível imaginar o Banco Central (BC) cortando juros esse ano."

Dólar hoje

Nesta quinta-feira, 25, o dólar cai 0,36% e encerrou a R$ 5,636. Na última sessão, a moeda fechou em alta de 1,27%, a R$ 5,657.

Como é calculado o índice Bovespa?

Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

Acompanhe tudo sobre:Ibovespabolsas-de-valoresDólar

Mais de Invest

"Mercado precifica cenário de quase crise fiscal no Brasil, que não é verdade", diz Mansueto Almeida

IA transforma tarefas em Wall Street, mas profissionais ainda estão céticos

Stellantis tem queda de 48% no lucro líquido do 1º semestre

Balanço da Vale (VALE3), IPCA-15 e PIB dos EUA: o que move o mercado

Mais na Exame