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Ibovespa cai 1,4% e perde os 120 mil pontos com temor fiscal e Fed no radar

Falas do presidente Lula e encruzilhada fiscal com devolução de MP no Senado mantiveram investidores cautelosos durante o pregão

Painel de cotações da B3: Ibovespa cai em dia de decisão de juros nos EUA (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: Ibovespa cai em dia de decisão de juros nos EUA (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 12 de junho de 2024 às 10h39.

Última atualização em 12 de junho de 2024 às 17h43.

O Ibovespa fechou em queda de 1,4% nesta quarta-feira, 12, a 119.936 pontos, após a decisão de juros nos Estados Unidos. Porém, o maior ruído, veio do mercado local, com preocupações sobre o cenário fiscal.

Parte das preocupações vieram de falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no FII Priority Summit, no Rio de Janeiro. Em discurso a investidores e representantes do Brasil e da Arábia Saudita, Lula disse que o País será a sexta maior economia do mundo até o final de seu mandatoO que preocupou, no entanto, foi um comentário sobre o cenário fiscal. Lula reforçou que “o mercado não é uma entidade abstrata”, e que a "a arrecadação e a queda de juros vão reduzir o déficit fiscal".

"Esse trecho do discurso foi particularmente mal recebido", afirma Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Outro ponto de atenção foi a suposta perda de força do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após o Senado ter devolvido a medida provisória (MP) que limitava a compensação de crédito do PIS/Cofins para a manutenção da política de desoneração da folha de empresas e municípios até 2027. Haddad disse não ter "plano B" para compensar a desoneração depois da devolução da MP.

Além do Ibovespa, houve repercussão também no dólar, que chegou a encostar nos R$ 5,43 na máxima do dia. O papel fechou em alta de 0,86%, a R$ 5,407. Na véspera, a moeda encerrou a sessão em leve alta de 0,07% aos R$ 5,361.

Ibovespa e dólar hoje

  • IBOV: -1,40% aos 119.936 pontos
  • Dólar: + 0,86%, a R$ 5,407

Juros nos EUA

Nos Estados Unidos, os investidores acompanharam na tarde de hoje a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed), que manteve a taxa de juros do país na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado. O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano. 

Pela manhã, o mercado acompanhou a divulgação do CPI, o principal índice de inflação americano, que subiu 0,3% em maio, segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho. O número mostra uma estabilidade em relação a abril, quando o indicador também avançou 0,3%. A expectativa era de uma alta de 0,1 pontos percentuais.

Já nos últimos 12 meses, a taxa subiu 3,3%. Em abril, o índice anualizado estava em 3,4%. O núcleo do CPI, que exclui comida e energia, avançou 0,2% em maio, frente a alta de 0,3% em abril, o que mostra um avanço de 0,1 p.p., abaixo da mediana das estimativas, que apontavam para alta de 0,3 pontos percentuais.

Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, destaca que o CPI de hoje colaborou para a tese de que a aceleração de preços no primeiro trimestre ficou pra trás. “Vínhamos observando sinais de desaquecimento no mercado de trabalho, imóveis e serviços, mas o dado que realmente importa é o CPI. E hoje ele mostrou que a história de desaceleração é a mais provável.”

Mas, apesar de dados mais amenos da inflação, o Fed não baixou a guarda no discurso à tarde, seguindo com um tom mais cauteloso. O comitê, liderado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que não dará início aos cortes de juros antes que tenha confiança suficiente de que a inflação está convergindo para a meta de 2%.

Nesse sentido, a boa notícia é que o novo comunicado passou a reconhecer "progressos modestos" nos últimos meses em direção ao objetivo de inflação de 2%, enquanto no comunicado anterior dizia haver "falta de progressos".

“Agora, o mercado está dividido entre uma ou duas quedas neste ano. Com os dados do CPI de hoje, algumas opiniões começam a falar em três quedas. A notícia importante para o Brasil é que devemos experimentar menos pressão altista no dólar nos próximos meses”, afirma Saadia.

Como é calculado o índice Bovespa?

Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

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