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Ibovespa fecha em queda com tom cauteloso de Powell

A reforma tributária avançou no Senado, enquanto a temporada de balanços segue a todo vapor

Painel da B3: Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (Germano Lüders/Exame)

Painel da B3: Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (Germano Lüders/Exame)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 10h41.

Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 18h34.

O apetite deu lugar à aversão ao risco na bolsa desta quinta-feira, 9. O Ibovespa fechou com queda, em uma sessão com poucos indicadores no radar, mas que foi afetada pelas falas dos presidentes dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, Roberto Campos Neto e Jerome Powell — sobretudo deste último. Por aqui, a reforma tributária aliviou o clima no mercado, enquanto a temporada de balanços prosseguiu, com a expectativa dos resultados da Petrobras (PETR3;PETR4) e Bradesco (BBDC4) que virão depois do fechamento.

Com um dia de agenda vazia, o mercado vai repercutir a aprovação do texto-base da reforma tributária no Senado na véspera. A votação ocorreu em dois turnos, com o mesmo placar: 53 votos favoráveis e 24 contrários. Agora, ele volta para a Câmara dos Deputados, cujo presidente, Arthur Lira, chegou a afirmar que pretende concluir a votação ainda neste ano. A expectativa é de que a simplificação do sistema tributário reflita positivamente para empresas de diferentes setores.

Contudo, outra questão política ficou no radar dos investidores: a meta fiscal. Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que a flexibilização do controle das contas públicas tem gerado preocupações. "É um momento em que muito se insinua a possibilidade de alteração das metas fiscais de 2024, logo no primeiro ano de vigência do arcabouço fiscal."

Ibovespa hoje

IBOV: -0,12%, aos 119.034 pontos.

Também esteve no radar dos investidores as falas de Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Na última quarta-feira, o dirigente reafirmou a postura cautelosa da instituição no atual contexto a fim de garantir que a inflação retorne à meta de 2%. Powell disse que o Fed está comprometido com uma política monetária "restritiva o suficiente" para levar a inflação à meta com o tempo. "Nós não estamos confiantes de que tenhamos atingido essa postura", advertiu. 

José Cláudio Securato, economista e presidente da Saint Paul Escola de Negócios, pontua que a inflação vem caindo nos últimos meses, e existe um balanço entre o mercado de trabalho e o crescimento do PIB americano, mas a fala de Powell indica que o sistema de meta de inflação não foi cumprido, apesar da tendência de queda. “É bastante compreensível que ele pondere que, se necessário, fará apertos monetários, uma vez que o processo de combate à inflação vem de um ciclo pós-pandêmico e agora temos novos elementos, como os conflitos no Oriente Médio, que tornam o cenário mais desafiador”, diz o especialista.  

Diante dessas falas, os índices em Nova York, que abriram as sessões com baixa, ampliaram as perdas. No fechamento de hoje, o Dow Jones caiu 0,65%, S&P 500 recuou 0,81% e a Nasdaq, teve baixa de 0,94%. “Essa performance negativa lá fora se deve também a alta do mercado de juros de dez anos nos EUA. Mas, claro, que essa alta está sendo guiada pelos comentários e discursos dos membros relevantes do Fed”, explica Victor Miranda, operador de renda variável da One Investimentos.

O clima negativo foi além das fronteiras estadunidenses e chegou ao Brasil, onde o Ibovespa, que operava no campo positivo e chegou a ultrapassar a barreira dos 120 mil pontos, virou para queda. E de volta ao cenário brasileiro — mas ainda em território norte-americano —, Campos Neto também participou de uma palestra. 

O presidente do BC, que está em Nova York para uma série de eventos, afirmou que há preocupação com a dificuldade sobre previsão de resultado fiscal. "Sobre a mudança da meta fiscal, para nós a preocupação é que as pessoas tenham mais dificuldades de prever os resultados fiscais", afirmou.  

Entre as empresas listadas na bolsa, destaque para a Petrobras (PETR3;PETR4), que subiram 2,04% e 2,14%, respectivamente. A petrolífera e seus pares foram impactados pelo petróleo, que subiu após cair nas últimas semanas. O barril do Brent teve alta de 0,59%, cotado a US$ 80,01. Já o WTI avançou  0,54%, a US$ 75,74. 

Enquanto isso, a temporada de balanços continua impactando as empresas listadas na bolsa. Após o fechamento da última quarta, a Casas Bahia (BHIA3) publicou os seus resultados do terceiro trimestre e revelou um prejuízo de R$ 836 milhões ante uma perda de R$ 203 milhões um ano antes, e no fechamento de hoje, afundou entre as maiores quedas do dia, com baixa de 10,53%. 

As maiores expectativas, agora, são com os balanços da Petrobras e do Bradesco, após o encerramento do pregão, devido ao peso que essas empresas têm no índice brasileiro. Além delas, a quinta contará com os reports das seguintes companhias: B3, CPFL, Cyrela, EcoRodovias, EZTec,Fleury, Helbor, IRB, JHSF, Renner, Petz, Sabesp, PetroRecôncavo, Porto Seguro, Qualicorp, Rumo, São Martinho, Zamp e Tenda.

Dólar hoje

O dólar hoje fechou em alta. Nesta quinta, a moeda americana subiu 0,67%, a R$ 4,940. Na quarta, o dólar fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 4,907.

Maiores altas do Ibovespa

Na ponta positiva do Ibovespa hoje, a Braskem liderou as altas após receber nova oferta de compra.” Essa nova oferta traz, sim, um benefício, do interesse das empresas em adquirirem a companhia. Isso sempre é bom. E os investidores veem com bons olhos. Por isso, tantas empresas têm manifestado o desejo de adquiri-la”, explica Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT CAPITAL.

  • Braskem (BRKM5): +15,63%
  • Grupo Soma (SOMA3): +6,54%
  • Cogna (COGN3): +3,82%

Maiores quedas do Ibovespa

Entre as quedas do IBV, Minerva e Banco do Brasil. “Ambas apresentaram seus resultados e não foram bem vistos pelos investidores. Já a queda de Casas Bahia e Magalu vejo mais como uma realização de lucros”, diz Richetti.

  • Minerva (BEEF3): -13,45%
  • Casas Bahia (BHIA3): -12,28%
  • PetroRecôncavo (RECV3): -5,47%

Como é calculado o índice Bovespa?

Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice. 

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 18h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 18h25 e 18h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.

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