Ibovespa: bolsa se recupera após dia de pânico global (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 6 de agosto de 2024 às 10h47.
Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 17h45.
Depois da tormenta, a calmaria: o Ibovespa subiu no pregão desta terça-feira, 6, se recuperando de um início de semana caótico nos mercados globais. O principal índice da B3 subiu 0,80%, encerrando aos 126.266 pontos.
O dólar também teve um dia mais calmo depois de bater a marca intradiária dos R$ 5,826 pela manhã de ontem. Na sessão desta terça-feira, a moeda americana caiu 1,48% e fechou cotado a R$ 5,656.
Na véspera, o Ibovespa caiu mais de 1% e as principais bolsas americanas caíram até 3,4% em um dia de pânico nos mercados. A liquidação começou no Japão, com o índice Nikkei registrando sua maior queda desde 1987, e rapidamente se espalhou pelas bolsas globais. O motivo é o temor de que a economia dos Estados Unidos esteja entrando em um cenário de recessão que teria implicações globais.
Hoje, o nervosismo deu lugar ao alívio. O Nikkei fechou em alta de 10,23% enquanto as bolsas americanas subiram até 1%.
A recuperação na Ásia deu o tom que permitiu a retomada do bom humor global hoje. A avaliação é de Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, e de Matheus Jaconeli, analista de ações do banco, que avaliam o movimento da véspera como “exagerado”.
“Tendo em vista o movimento [de queda das bolsas] que, em certa medida, foi exagerado ontem, há sinais de recuperação parcial não apenas das bolsas, mas também dos rendimentos das treasuries”, escreveram em relatório.
Ontem os investidores saíram correndo das bolsas e migraram para os títulos do tesouro americano, derrubando o rendimento das Treasuries ao menor nível em mais de um ano – vale lembrar que o rendimento do tesouro é inversamente proporcional ao preço. Hoje, a Treasury de 10 anos apresentou leve alta de 0,1%.
A recuperação da bolsa brasileira acompanhou o cenário externo, mas ganhou um impulso extra com a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
O mercado estava aguardando um tom mais duro no documento, o que se concretizou. Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a ata foi mais hawkish, principalmente considerando a frase “o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.”
No entanto, a economista alerta que os sinais foram mistos no decorrer do documento, uma vez que o Copom ressalta que, para o cenário atual, a manutenção da Selic está apropriada. O Comitê considera ainda que a taxa de juros está restritiva o suficiente para trazer a inflação para a meta no horizonte relevante, que agora inclui o começo de 2026.
Este ponto é o grande desafio do Banco Central e preocupa investidores. Isso porque a curva de juros já precifica altas na Selic ainda este ano e, se o BC não entregar essas altas de juros precificadas, o impacto será uma depreciação do real, explica Álvaro Frasson, estrategista Macro do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME). E se o real depreciar, um efeito em cadeia: a expectativa de inflação piora ainda mais, podendo ocasionar novas altas de juros.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, com base na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.