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Ibovespa opera em alta após dia de pânico nos mercados; dólar cai 1,75% a R$ 5,641

Apesar da alta, fatores locais, como ata do Copom, podem impactar a bolsa ao longo do dia

Ibovespa: bolsa se recupera após dia de pânico global (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: bolsa se recupera após dia de pânico global (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 10h47.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 13h05.

O Ibovespa abriu a sessão desta terça-feira, 6, em alta, acompanhando os mercados internacionais que se recuperam após o pânico do dia anterior. Entretanto, fatores locais, no caso a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), podem impactar a bolsa ao longo do dia conforme investidores vão digerindo os sinais do Banco Central (BC).

O câmbio também se recupera, depois de bater a marca dos R$ 5,826 pela manhã de ontem, maior alta desde 15 de maio de 2020, quando fechou em R$ 5,838. Na sessão desta terça-feira, o dólar cai 1,75% a R$ 5,641.

Ibovespa hoje

  • IBOV: +0,44% aos 125.818 pontos
  • Dólar: - 1,75% cotado a R$ 5,641

O mercado estava aguardando um tom mais duro no documento, o que se concretizou. Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a ata foi mais hawkish, principalmente considerando a frase “o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.”

No entanto, a economista alerta que os sinais foram mistos no decorrer do documento, uma vez que o Copom ressalta que, para o cenário atual, a manutenção da Selic está apropriada, e consideram que a taxa de juros está restritiva o suficiente para trazer a inflação para a meta no horizonte relevante, que agora inclui o começo de 2026.

Este ponto é o grande desafio do Banco Central e preocupa investidores. Isso porque a curva de juros já precifica altas na Selic ainda este ano e, se o BC não entregar essas altas de juros que estão precificadas na curva, isso poderá resultar em uma depreciação do real, explica Álvaro Frasson, estrategista Macro do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) Portfolio Solutions. Se o real depreciar, a expectativa de inflação piora ainda mais.

Inclusive, o cenário alternativo ao cenário de referência (que é queda da Selic para 9,5% em 2025, conforme o Focus), é exatamente a manutenção da Selic, que elevaria a inflação para 3,2%. "A mensagem acaba trazendo mais ruído para os agentes de mercado considerando a atual discrepância entre o que está precificado na curva de juros, que é a possibilidade de até três altas consecutivas nas reuniões em 2024, versus o que é coletado na pesquisa Focus, que é a manutenção da Selic", explica Rafaela.

Recuperação dos mercados internacioanis

A liquidação de ontem nas bolsas mundiais foi uma continuação do movimento da última sexta-feira, 2, quando os mercados analisaram os dados do payroll. O relatório de empregos não-agrícolas dos Estados Unidos mostrou dados abaixo do esperado pelos investidores, e se tornou combustível para a grande preocupação do momento: que a maior economia do mundo possa estar entrando em uma recessão.

O índice Nikkei 225 do Japão, que ainda não tinha reagido aos dados na semana passada, confirmou a tendência vendedora e amargou queda de 12,4% – maior tombo desde 1987 – reagindo também a um dos maiores desmontes de operações de carry trade da história recente.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o dia de ontem foi de mais estresse nas bolsas do que no dia do anúncio da pandemia, com o índice VIX atingindo uma alta histórica. O índice VIX, conhecido como "índice do medo", chegou a subir 181% pela manhã, a 65,73 pontos, próximo também dos 72 pontos verificados durante a crise financeira de 2008. A alta do VIX indica que o mercado está esperando uma grande volatilidade nos próximos 30 dias.

Entretanto, nesta terça-feira, os mercados asiáticos recuperaram boa parte das perdas, com o índice Nikkei fechando em alta de 10,23%, maior ganho diário desde outubro de 2008. As bolsas americanas, que também amargaram duras perdas fechando perto de uma queda de 3%, operam em alta na sessão de hoje de mais de 1,2%.

Como é calculado o índice Bovespa?

Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, com base na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

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