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Ibovespa cai 3,4% na semana e vira para o negativo no ano

Payroll nos EUA cresce quase o triplo do esperado e preocupa; falas de Lula sobre BC causam ruído

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 3 de fevereiro de 2023 às 10h46.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2023 às 18h47.

O Ibovespa registrou sua primeira queda semanal do ano nesta sexta-feira, 3, recuando mais de 3%. A semana foi marcada por decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, que deixaram investidores mais cautelosos. 

Uma correção no recente rali do minério de ferro também impactou em cheio a bolsa brasileira, especialmente as ações da Vale (VALE3), que caiu 6,7% na semana. 

Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a independência do Banco Central também preocuparam investidores nesta sexta. O índice caiu 1,4% nesta sexta-feira e, com a baixa dos primeiros dias de fevereiro, virou para queda no acumulado do ano.

Virada nos EUA com payroll

O payroll recém-divulgado nos Estados Unidos revelou a criação de 517.000 empregos urbanos no mês de janeiro. O resultado foi o mais forte em 11 meses e quase o triplo do consenso de mercado, que era de 187.000 novos postos para o mês. Outra surpresa foi a taxa de desemprego, que caiu de 3,5% para 3,4%, sendo que a expectativa era de alta para 3,6%. A pressão sobre salários também se mostrou superior à esperada. No mês, o aumento anual de salário médio por hora trabalhada no país foi de 4,4% contra a projeção de 4,3% alta.

Os números, que mostram um caminho mais desafiador para o controle da inflação, levaram investidores a revisarem as expectativas de que o Federal Reserve pudesse começar a cortar juros ainda neste ano. O rendimento dos títulos do Tesouro americano, que operavam em queda antes da divulgação, viraram para alta. Já os futuros dos Estados Unidos aprofundaram as perdas.

"Um mercado de trabalho altamente aquecido pode pressionar o Fed e fazer com que seja revisto seu plano de política monetária para ajustes de rota, inclusive voltando a considerar subir os juros além do previsto. É algo que pode preocupar e refletir negativamente no mercado, no curto prazo, causando volatilidade e incerteza", afirmou Carlos Vaz, CEO da Conti Capital.

Ruídos sobre o Banco Central

Além da perspectiva de um Fed mais duro no exterior, pressionam as negociações as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central.

Em entrevista à RedeTV!, Lula voltou a criticar a independência do Banco Central. "Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Roberto Campos Neto, presidente do BC] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente", disse Lula.

Lula ainda afirmou que a independência do Banco Central é "irrelevante". "Isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juro."

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