Ibovespa: mercado acompanha piora nas perspectivas macroeconômicas pelo Banco Central (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 1 de julho de 2024 às 10h35.
Última atualização em 1 de julho de 2024 às 17h49.
Descolado do exterior, o Ibovespa subiu 0,66% nesta segunda-feira, 1, e fechou a 124.718 pontos. Já o dólar subiu 1,15% e fechou a R$ 5,65, o patamar mais alto desde janeiro de 2022. Segundo Luiz Bazzo, CEO do Transferbank, o avanço é reflexo da valorização do minério de ferro e do petróleo no exterior.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Dalian, na China encerrou as negociações do dia com alta de 2,5%, a 840 iuanes (US$ 115,58) a tonelada, o nível mais alto desde 18 de junho. O movimento puxa Vale (VALE3) para cima, que subiu 1,48%. Tanto a referência Brent do petróleo como a WTI subiu mais de 2%, o que também impacta Petrobras (PETR3; PETR4), que teve valorização de 1,21% e 1,52%, respectivamente.
Entretanto, a piora nas perspectivas macroeconômicas pelo Boletim Focus, e o risco fiscal que ainda segue no radar, com o mercado de olho na divulgação do déficit público acima do esperado. Além disso, a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano reverbera na curva futura de juros no Brasil.
O Boletim Focus desta semana, trouxe mais uma elevação, pela oitava semana consecutiva, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, que subiu de 3,98% para 4%. O IPCA para 2025, por sua vez, foi elevado pela oitava semana consecutiva, subindo de 3,85% para 3,87%. A inflação para 2026 e 2027 se manteve em 3,60% e 3,50%, respectivamente.
O Banco Central (BC) manteve, como esperado, a Selic em 10,50% (2024), 9,50% (2025), e 9% (2026 e 2027). A estimativa de 2025 para o Produto Interno Bruto (PIB) foi a única mudança entre os anos, caindo de 2% para 1,98%. Já o PIB de 2024 se manteve em 2,09%, enquanto o de 2026 e 2027 ficou em 2%.
As projeções do câmbio, por sua vez, tiveram altas significativas em suas medianas: de R$ 5,15 para R$ 5,20 (2024), de R$ 5,10 para R$ 5,15 (2025), de R$ 5,15 para R$ 5,19 (2025 e 2026), e R$ 5,18 para R$ 5,20 (2027).
Nesta segunda-feira, 1º, o dólar subiu 1,15% e fechou a R$ 5,65. Na última sessão, a moeda fechou com alta de 1,46%, a R$ 5,588.
Dentre os principais motivos da alta na moeda norte-americana, segundo Bazzo, estão as preocupações fiscais e declarações do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o Banco Central. Durante a entrevista, Lula criticou a taxa Selic em 10,50%, chamando-a de "irreal", e atribuiu a alta do dólar à especulação com derivativos.
Em resposta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que ajustes fiscais baseados apenas em aumento de receita são ineficazes, podendo levar a menos investimentos, menor crescimento e inflação mais alta. Suas observações vieram após mencionar o impacto negativo das falas de Lula nos preços dos ativos. Campos Neto também destacou que a desconfiança nas contas públicas eleva os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.
“A troca de farpas entre Lula e Campos Neto deteriorou o mercado, afetando negativamente o dólar, os juros futuros e as ações brasileiras, resultando em desempenho inferior ao de outros mercados emergentes”, pontua Bazzo.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.