Com essa pontuação, o Ibovespa também ultrapassou a máxima intradiária de 161.041 pontos, distanciando-se ainda mais da mínima de 158.611 (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 18h28.
Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 18h59.
O Ibovespa bateu uma sequência de recordes nesta terça-feira, 2. Depois de superar pela primeira vez os 160 mil pontos logo no início do pregão, o principal índice acionário da B3 acelerou ainda mais os ganhos na reta final e rompeu também a marca inédita dos 161 mil pontos.
Embalado pelo maior apetite ao risco no exterior, a queda dos juros globais e dados fracos da indústria que reforçaram a expectativa de um corte na Selic no início de 2026, o Ibovespa subiu 1,50%, aos 161.092 pontos.
Com essa pontuação, o Ibovespa também ultrapassou a máxima intradiária de 161.041 pontos, distanciando-se ainda mais da mínima de 158.611.
O índice foi impulsionado pelo avanço das ações de grandes empresa, as chamadas blue chips de bancos e da Vale (VALE3). A mineradora realizou nesta terça o Vale Day, encontro anual da Vale com analistas de mercado de capitais, em Londres, com a participação do presidente Gustavo Pimenta, e atualizou suas projeções, o guidance, para os próximos cinco anos, o que foi bem visto pelo mercado.
Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras (PETR3 e PETR4), que ficaram no negativo durante parte do pregão, também viraram para o positivo e contribuíram para um avanço ainda maior do Ibovespa.
"A alta do Ibovespa hoje tem muito a ver com um ajuste de humor do mercado logo cedo. Ontem a pressão dos juros futuros deixou tudo mais pesado, mas hoje esse movimento deu uma acalmada e abriu espaço pra Bolsa respirar", afirmou Tatiana Maluf, banker da Guardian Capital.
No exterior, o movimento de alívio vem depois de uma sessão marcada por forte volatilidade nas taxas de juros globais. Ontem, a sinalização de que o Banco do Japão pode elevar os juros ainda neste mês provocou uma onda de vendas no mercado de títulos, que pressionou ativos de risco de todo o mundo.
Hoje, porém, pesou positivamente a expectativa de um novo corte de juros nos Estados Unidos na reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), no próximo dia 10. Segundo operadores, com a flexibilização da política monetária americana, o mercado projeta mais fluxo de capital estrangeiro para mercados emergentes, como o Brasil, e isso anima o apetite ao risco antecipado por aqui.
"Somando isso ao fato de que o mercado tinha corrigido nos últimos dias, muita gente enxergou oportunidade. O resultado foi essa arrancada logo na abertura e o índice voltando acima dos 160 mil pontos", complementou Maluf.
Felipe Sant'Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing, também aponta que a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg apontando que o presidente Lula (PT) empataria tecnicamente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), em um eventual 2° turno da eleição em 2026, animou os investidores.
"Podemos adicionar neste pacote o movimento tradicional de final de ano, com giro de carteira, posicionamento e pagamento de dividendos, o que também faz com que os investidores comprem papéis e aumentem o volume de negociação", disse Sant'Anna.
Não havendo novas crises, guerras ou intercorrências, os operadores do mercado também não veem motivos para a "perda do apetite" dos investidores.
"Uma fala positiva na próxima reunião do FOMC [Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed] pode impulsionar o Ibovespa para 165 ou 170 mil pontos, pois temos espaço para isso, basta ver como a bolsa brasileira ainda está barata em dólares", afirma o especialista em investimentos.
Maluf concorda que se cenário externo seguir mais organizado e os juros futuros por aqui não voltarem a subir, o mercado pode manter essa tendência positiva. Mas adverte que, em um patamar alto como o atual, qualquer sinal de incerteza fiscal ou um dado pior lá fora pode trazer correções no caminho.
"A expectativa para este último mês do ano é construtiva, mas não necessariamente linear. É aquele movimento de alta com oscilações no meio", concluiu a banker.