Invest

Ibovespa tem segunda maior queda do ano com ata do Copom e eleições

O principal índice acionário da B3 despencou 2,42% e fechou abaixo dos 159 mil; em NY, principais bolsas encerraram em direções opostas

O índice encerrou a sessão aos 158.557 pontos, com os investidores repercutindo o tom conservador da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) (Germano Lüders/Exame)

O índice encerrou a sessão aos 158.557 pontos, com os investidores repercutindo o tom conservador da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 18h33.

Última atualização em 16 de dezembro de 2025 às 19h29.

O Ibovespa recuou 2,40% no pregão desta terça-feira, 16, registrando o segundo pior dia do ano, atrás somente do pregão do dia 5 de dezembro, quando a principal referência acionária da B3 despencou 4,31% com confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência, em 2026. 

O índice encerrou a sessão aos 158.557 pontos, com os investidores repercutindo o tom conservador da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada pela manhã, antes da abertura do mercado, além da pesquisa Quaest sobre o cenário eleitoral do próximo ano.

Em relatório, o Itaú BBA apontou que o documento dos diretores do Banco Central diminui a probabilidade do início do ciclo de afrouxamento monetário em janeiro e por isso o forte recuo do Ibovespa. O mercado esperava um viés um pouco mais dovish, isto é, sinalizando um início do corte de juros já para o início do ano,  o que não se confirmou.

"O comitê observa sinais mistos da atividade econômica, como geralmente ocorre em pontos de inflexão, e um mercado de trabalho resiliente, o que exigirá mais tempo para avaliar adequadamente os componentes cíclicos versus estruturais. Também enfatiza que expectativas desancoradas aumentam o custo da desinflação em termos de atividade econômica", afirmou o banco.

Esse choque de expectativas acabou pesando de forma significativa sobre os ativos após o índice ensaiar uma recuperação, como ressalta Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain.

Na sessão passada, o Ibovespa chegou a subir mais de 1%, voltando ao patamar de 162 mil, hoje novamente perdido.

"Isso explica o estresse observado no mercado hoje, em um movimento de correção após uma sequência de altas recentes. Parte do ajuste é técnico, mas o pano de fundo é claramente macroeconômico, com frustração em relação à política monetária", disse Santana.

Ao longo da tarde, as perdas da abertura se intensificaram com a divulgação dos resultados da pesquisa Quaest, que apontou o atual presidente Lula (PT) à frente no primeiro turno contra todos os nomes testados. O petista também aparece com 46% das intenções de voto contra 36% de Flávio Bolsonaro (PL) em um eventual cenário de segundo turno para a eleição presidencial 2026.

O estudo também trouxe dúvidas sobre o cenário que vinha sendo abraçado pelo mercado de uma candidatura de direita projetada no nome do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao indicar Flávio como mais competitivo.

"As pesquisas eleitorais reforçaram a liderança do candidato do governo e também evidenciaram a fragmentação da oposição em torno de um nome competitivo para o pleito de 2026", afirmou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Queda da Petrobras pressiona o Ibovespa

Dos 82 papéis que compõem o Ibovespa, 71 fecharam em baixa, sendo que em 51 deles a queda foi igual ou superior a 2,50%.

Do lado das perdas estão as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que caíram acompanhando o recuo do petróleo no mercado internacional.

"O avanço e a ampliação dos acordos de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia vêm pressionando a commodity, e a estatal acaba refletindo diretamente esse movimento", afirmou especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain.

Entre as quedas, ações de varejistas e construtoras também tombaram acompanhando o estresse da alta dos juros futuros hoje.

Já a Vale (VALE3) seguiu na direção oposta e encerrou em alta de 0,38%, impulsionada pelo avanço superior a 1% do minério de ferro em Dalian, que sustentou o desempenho positivo do papel no pregão de hoje.

Bolsas de NY encerram em direções opostas

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários encerraram em direções opostas. Segundo operadores, falta neste momento um conjunto de dados que realmente anime os investidores.

O relatório oficial de empregos, o payroll, divulgado hoje, mostrou a abertura de 64 mil vagas de empregos em novembro, acima do consenso de 45 mil, mas um fechamento de 105 mil vagas em outubro, o que praticamente anulou os ganhos de setembro, de 108 mil.

"Na prática, não alterou em nada a leitura do mercado. A expectativa de corte de juros em janeiro segue intacta, com redução de 0,25 ponto percentual, e a precificação da CME continua indicando cerca de 75% de probabilidade de corte na decisão de janeiro. Ou seja, o payroll passou sem força suficiente para mexer no cenário", disse Santana.

Assim, o índice Dow Jones encerrou em queda de 0,62%, e o S&P 500 perdeu 0,24%. O Nasdaq, por outro lado, avançou 0,23% com suporte do setor de tecnologia, que se recuperou.

Acompanhe tudo sobre:Ibovespabolsas-de-valoresMercadosAções

Mais de Invest

Abono salarial PIS/Pasep terá datas fixas a partir de 2026; confira calendário

Petróleo tipo Brent tem menor preço de fechamento em quase cinco anos

Dólar descola do exterior e fecha em alta, a R$ 5,46

Ação da Petrobras tem maior queda em dez dias: entenda o motivo