O Ibovespa fechou em alta as negociações nesta sexta-feira, 12, e ainda na primeira hora de negociação retornou aos 160 mil pontos. A principal referência acionária do mercado brasileiro subiu 0,99%, aos 160.766 pontos.

Na semana, o índice acumulou 2,16% de ganhos, parcialmente revertendo as perdas de uma semana atrás, quando caiu 4,31%, no pior resultado do ano e desde 2021. A queda teve relação com a confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência em 2026.

O anúncio contrariou a expectativa majoritária dos agentes financeiros de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiaria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), consolidando uma coalizão da direita.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, ainda há muita influência do anúncio. "O mercado interpreta que tem uma grande chance dele ir para o segundo turno, mas que dificilmente ele teria um favoritismo para vencer as eleições, porque ele ainda dividiria aqueles eleitores mais ao centro, dos indecisos", disse Cruz.

Mas houve um alívio parcial na sessão de hoje com o Flávio acenando ao mercado. "Ao longo da semana, quando ele começa a falar da sua questão econômica, visitar o mercado financeiro, o mercado dá uma leve respirada sobre esse tema, mas eu entendo que ainda tem muita coisa para acontecer", complementou.

O avanço do Ibovesoa foi ampliada com a notícia de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi retirado da lista de sanções dos Estados Unidos, que estabelecia a inclusão do ministro na Lei Magnitsky, usada pelos Estados Unidos para punir violadores de direitos humanos.

Além de Moraes, sua esposa Viviane Barci de Moraes, e a entidade Lex - Instituto de Estudos Jurídicos que pertence à família, também foram sancionado em julho com o uso da Lei Magnitsky. Hoje, porém, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou a retirada da sanção, o que deu folêgo para o índice avançar mais.

"É mais um capítulo positivo sobre a retirada das sanções americanas sobre o Brasil. Isso mostra que, de fato, isso ficou totalmente para trás", afirmou Cruz.

Alexandre Pletes, head de renda variável na Faz Capital também aponta a queda dos juros futuros como outro motivo que ajudou na alta do Ibovespa. Ele destaca que, na sexta passada,  os juros futuros dispararam, batendo mais de 13,6% na ponta longa, o que pressionou a Bolsa. Ao longo da semana, porém, esses juros começaram a ceder.

"O movimento da curva de juros cedendo privilegia a Nolsa para ela subir aos 164 mil pontos. O que tem limitado essa alta é o sentimento de incerteza, porque se for pegar economicamente o cenário de ciclo atual está favorável. Juros caindo e a inflação caindo é bom para a Bolsa. Acredito que ela possa retomar os 164 mil pontos", afirmou Pletes.

Tombo nas bolsas de Nova York

O desempenho do Ibovespa contrastou com os principais índices acionários dos Estados Unidos. O índice Dow Jones encerrou em queda de 0,51%, assim como S&P 500, que perdeu 1,07%. As perdas foram ainda maiores no Nasdaq, que cedeu 1,69%.

As principais bolsas de Nova York sentiram a pressão do setor de tecnologia. Os índices ampliaram a queda com a notícia de que a Oracle adiou as datas de conclusão de alguns projetos de data center para a OpenAI de 2027 para 2028. As informações são da Bloomberg, que cita pessoas familiarizadas com o projeto. Após a notícia, as ações da Oracle caíram quase 5%.

A semana tem sido difícil para a companhia após a divulgação de desempenho de sua infraestrutura de nuvem, voltada para empresas de inteligência artificial (IA), abaixo das expectativas dos analistas, com US$ 4,1 bilhões.