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Ibovespa começa abril em queda, de olho em inflação e dúvidas com arcabouço

Corte de produção surpresa da OPEP+ impulsiona ações ligadas ao petróleo, mas alta é insuficiente para estancar queda da bolsa

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 3 de abril de 2023 às 09h27.

Última atualização em 3 de abril de 2023 às 17h33.

O Ibovespa começou abril em terreno negativo, e fechou esta segunda-feira, 3, em queda de 0,4%, com investidores preocupados com o novo arcabouço fiscal e com os riscos para a inflação global. 

Ibovespa agora

  • IBOV: - 0,37%, 101.560 pontos

Por aqui, o mercado segue avaliando o plano do novo arcabouço fiscal apresentado pelo governo na semana passada. Embora considerado melhor do que o esperado inicialmente, investidores ainda ponderam os desafios para implementação da nova regra, especialmente na receita.

Nesta segunda-feira, 3, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo precisa aumentar a receita entre R$ 100 bilhões a R$ 110 bilhões para atingir metas do arcabouço fiscal. O ministro reforçou, no entanto, que não haverá aumento de alíquotas nem novos tributos.

"Economistas ainda reverberam questionamentos sobre as fontes de receitas, com diversas opiniões afirmando que é pouco provável que haja avanço na arrecadação sem uma elevação de impostos", afirmou, em nota, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.

A opinião é compartilhada pela SulAmérica Investimentos. “Avaliamos que o arcabouço anunciado promove um ajuste lento, e resulta, tudo o mais constante, em trajetórias de dívida explosivas.A mensagem principal é que a trajetória de primário anunciada pelo governo pressupõe aumento de carga tributária”, afirmaram os analistas em relatório.

Petróleo e Petrobras em alta

No mercado internacional, as atenções se voltaram para o corte de produção surpresa anunciado por membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que acendeu o alerta para uma possível nova alta da inflação. 

Anunciado no final de semana, o corte surpresa da Opep+ fez o petróleo disparar mais de 6% no mercado internacional, e as ações ligadas à commodity ficaram entre as maiores altas do dia hoje. A Petrobras (PETR4), segunda ação com maior peso do Ibovespa, saltou mais de 4%.

  • Petrobras (PETR3): + 4,76%
  • Petrobras (PETR4): + 4,44%

A alta, no entanto, não foi suficiente para colocar o Ibovespa em trajetória positiva. Um dos pontos de pressão é o impacto que o próprio corte da Opep pode ter na inflação global. Vale lembrar que o preço do petróleo é um componente relevante para a inflação, que continua elevada nas economias desenvolvidas.

Os Estados Unidos, por exemplo, classificaram o corte como “desaconselhável”, e as bolsas por lá fecharam entre perdas e ganhos. "O mercado quer entender o quanto essa alta do petróleo deve pressionar a inflação e os juros americanos", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Maiores altas da bolsa de valores

Na ponta positiva, a Petrobras liderou os ganhos do dia, seguida pela petroleira privada Prio (PRIO3).

  • Petrobras (PETR3): + 4,76%
  • Petrobras (PETR4): + 4,44%
  • Prio (PRIO3): + 3,88%

Maiores quedas da bolsa de valores

Entre as maiores quedas, a Hapvida (HAPV3) voltou a cair forte com a confirmação da oferta subsequente de ações (follow-on) que havia sido sondado na semana passada.

A empresa enfrenta uma espiral negativa desde que anunciou queda no lucro do quarto trimestre. De lá para cá, a empresa levantou a hipótese de um aumento de capital, e viu algum alívio na semana passada com a notícia de que os controladores fariam uma operação de resgate para Hapvida, que pode colocar R$ 2,1 bilhões no caixa da empresa. Hoje, com a confirmação do follow-on, os papéis voltam a cair.

Dia negativo também para as ações ligadas à economia doméstica. Lojas Renner (LREN3) e Grupo Soma (SOMA3) também tiveram fortes quedas.

  • Lojas Renner (LREN3): - 7,00%
  • Hapvida (HAPV3): - 6,49%
  • Grupo Soma (SOMA3): - 5,80%

Mudança no comando da Via

As ações da Via (VIIA3) recuaram quase 4% com investidores reagindo à mudança de direção anunciada pela companhia na noite de sexta-feira, 31. Roberto Fulcherberguer, CEO da empresa desde 2019, foi substituído por Renato Franklin, ex-CEO da Movida.

"Há dúvidas do mercado sobre o timing e os motivos para as mudanças na diretoria, além da informação de que a empresa encaminha negociação para rolagem de R$ 1,3 bilhão em dívidas que vencem neste ano", comentou Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Que horas fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h30. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.

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