Invest

IA vai continuar sustentando bolsas nos EUA em 2026, prevê JP Morgan

Aposta em inteligência artificial sustenta lucros e mantém os EUA como principal motor do crescimento econômico mundial, apesar do temor de uma bolha

JP Morgan: tese de crescimento, apesar do medo da bolha (Getty/Getty Images)

JP Morgan: tese de crescimento, apesar do medo da bolha (Getty/Getty Images)

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

Apesar da queda nas bolsas americanas nos pregões desta terça-feira, 16, e quarta, 17, o banco JP Morgan avalia que o mercado dos Estados Unidos deve seguir como o principal motor do crescimento global no próximo ano.

Entre 2 de janeiro e 16 de dezembro de 2025, o índice S&P 500 acumulou alta de 15,88%, enquanto o Dow Jones avançou 5.721,99 pontos, o equivalente a uma valorização de 13,5%.

No mesmo período, o Nasdaq registrou um ganho ainda maior de dois dígitos, ao subir 3.830,67 pontos, com ganho de cerca de 19,9%.

Um reflexo do peso crescente das empresas ligadas à tecnologia e à inteligência artificial (IA) mesmo em meio ao temor de uma "bolha de IA" que ronda os mercados.

De acordo com o JP Morgan, esse desempenho não foi um movimento pontual. O banco sustenta que a alta das bolsas americanas está ancorada em fundamentos sólidos, especialmente na expansão dos lucros corporativos e no superciclo de investimentos em inteligência artificial.

"Os EUA devem continuar sendo o motor do crescimento mundial, impulsionados por uma economia resiliente e um superciclo impulsionado pela IA que está alimentando um recorde de investimentos, rápida expansão dos lucros e concentração sem precedentes do mercado em empresas de crescimento de qualidade e beneficiárias da IA", diz o banco em relatório.

Economia com K

O banco avalia, por outro lado, que a IA está ampliando uma economia já polarizada, a chamada "economia em forma de K". O termo é usado para se referir a um grupo restrito de empresas que cresce de forma acelerada, amplia lucros e ganha eficiência, enquanto grande parte do mercado avança pouco ou fica para trás.

Esse efeito "vencedor leva tudo" se intensifica à medida que apenas companhias com escala, capital e tecnologia conseguem investir pesado em inteligência artificial e capturar seus ganhos. Por conta disso, os principais índices americanos têm se deslocado cada vez mais da chamada "velha economia", como classifica o banco.

"A narrativa da IA compensou as preocupações com a macroeconomia mais fraca, os lucros mais modestos ou as mudanças nas políticas", afirmam o JP Morgan.

Hoje, 30 ações associadas a essa temática já representam cerca de 44% da capitalização de mercado do S&P 500, um salto expressivo em relação a 2022, quando esse grupo respondia por pouco mais de um quarto do índice.

O nível de concentração atingiu patamares históricos e já supera o pico observado na era das chamadas Nifty-Fifty, nos anos 1970, quando um grupo reduzido de grandes empresas dominava o mercado americano.

Uma bolha diferente

Mas, diferentemente de bolhas clássicas, como a da internet no início dos anos 2000, as atuais líderes em inteligência artificial apresentam características mais robustas com lucros elevados, forte geração de caixa, margens altas e balanços menos alavancados, afirma o banco.

Na avaliação do banco, os preços elevados refletem, em grande parte, a expectativa de um crescimento de lucros acima da média histórica, e não apenas uma aposta em narrativas futuras.

Essa leitura embasa a visão otimista do banco para os lucros das empresas americanas. O JPMorgan destaca que os lucros das empresas do S&P 500, por exemplo, devem subir 11% em 2025 e mais 13% em 2026.

Para 2026, a estimativa é de lucro por ação de US$ 315, seguida de US$ 355 em 2027, números superiores ao consenso de mercado de US$ 309 e US$ 352, respectivamente.

A política monetária é outro pilar central desse cenário. O JPMorgan trabalha com a expectativa de mais dois cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), seguidos por uma pausa prolongada.

Caso a inflação permita uma flexibilização adicional, o banco vê espaço para uma valorização ainda maior das ações. Nesse contexto, a meta de preço para o S&P 500 é de 7.500 pontos ao fim de 2026, com potencial para o índice ultrapassar os 8.000 pontos em um ambiente monetário mais benigno. Atualmente, o índice gira em torno dos 6,7 mil pontos.

JP Morgan tem visão construtiva para as ações globais

Ao ampliar o olhar para fora dos Estados Unidos, o JPMorgan mantém uma visão construtiva para as ações globais. A expectativa é de ganhos de dois dígitos tanto em mercados desenvolvidos quanto emergentes, apoiados por crescimento robusto dos lucros, taxas de juros mais baixas e menor pressão política.

Na zona do euro, o banco projeta melhora do dinamismo econômico, sustentada por maior oferta de crédito e estímulos fiscais, com crescimento dos lucros acima de 13% no próximo ano. No Japão, reformas corporativas e políticas econômicas devem impulsionar investimentos, elevar salários e aumentar o retorno sobre o capital.

Já os mercados emergentes aparecem bem posicionados para 2026, beneficiados por juros mais baixos, avaliações atrativas e um ambiente global mais resiliente, com destaque para China, Coreia do Sul e América Latina.

Acompanhe tudo sobre:JPMorganAçõesMercados

Mais de Invest

Inflação nos EUA e decisão de juros na Europa: o que move os mercados nesta quinta-feira

Confira o calendário de pagamentos do INSS em 2026

BB Seguridade aprova R$ 8,72 bilhões em dividendos; veja quem recebe

Ibovespa recua pelo 2º dia seguido e cai 0,79%, com bancos e varejo