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Gol (GOLL4) sai do Ibovespa: o que acontece com o investidor do papel?

Ativo encerrou seu último dia no índice com queda de 26,97%, cotado a R$ 2,87 nesta terça-feira, 30

Gol: ações despencam após pedido de recuperação judicial (Leandro Fonseca/Exame)

Gol: ações despencam após pedido de recuperação judicial (Leandro Fonseca/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 19h49.

Mais um capítulo foi acrescentado na história da Gol (GOLL4): a B3 excluiu as ações da companhia aérea do Ibovespa. O movimento impactou o papel, que derreteu em seu último dia no índice, fechando a sessão desta terça-feira, 30, com queda de 26,97% cotado a R$ 2,87.

Além do Ibovespa, a Gol também saiu de todos os outros índices que fazia parte: IBRA, IBXX, ICO2, IDVR, IGCT, IGCX, ITAG, IVBX e SMLL, sendo sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira. Segundo a B3, o motivo das exclusões é o pedido de recuperação judicial (Chapter 11, segundo a legislação norte-americana) pela companhia perante o Tribunal de Falências dos Estados Unidos.

A Gol já teve sua primeira audiência com a Justiça dos EUA na segunda-feira, 29, e recebeu o aval do Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York para ter acesso à primeira parcela do financiamento de US$ 950 milhões (cerca de R$ 4,7 bilhões). Em informações financeiras preliminares, a empresa também divulgou que tem um patrimônio líquido negativo de R$ 23 bilhões.

O que acontece agora com o investidor?

Apesar das notícias refletirem negativamente, especialistas ouvidos pela EXAME Invest explicam que a saída do índice já era esperado pelo mercado e o investidor não precisa se desesperar, já que o papel segue sendo negociado normalmente. A B3 informou que agora os papéis estão listados na bolsa sob o título de "Outras Condições".

Entretanto, mesmo que a saída do Ibovespa, em si, não mude nada na negociação - já que a compra e venda dos papéis segue normalmente - o que impacta o bolso do investidor é a desvalorização do ativo. Essa queda, por sua vez, está sim intimamente ligada à saída do Ibovespa.

“O impacto para o investidor é muito grande. O papel agora está com quase 65% de queda no mês de janeiro”, pontua Gustavo Bertotti, economista chefe da Messem Investimentos.

Segundo o especialista, logo após um pedido de recuperação judicial, o mercado tende a ficar muito especulativo e levar bastante em consideração as notícias ruins. “Somado a esse movimento especulativo, muitas casas que recomendavam compra, revisaram e estão colocando o papel como venda. Então muitos investidores se desfazem da posição”, diz.

Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, ainda acrescenta que quando se tem uma saída desse e dos outros índices, acaba-se tendo um grande volume de vendas de fundos passivos que seguem a carteira teórica desses índices, principalmente do Ibovespa.

É hora de vender GOLL4?

O analista Piovesan recomenda não ter exposição ao setor. Segundo ele, o setor aéreo é complexo e a Gol tem um histórico complicado de geração de resultados. “É muito difícil fazer projeções para a companhia, tanto de resultado, quanto de geração de caixa. Acaba sendo muito difícil projetar um cenário positivo. É uma ação que varia muito, tem muito fluxo especulativo em cima. É difícil achar fundamentos ali.”

Mas, para quem está posicionado agora, por conta da queda, o especialista recomenda esperar e não comprar mais. “Deixa o papel lá e se tiver uma recuperação da companhia, provavelmente, as ações vão ser reprecificadas para cima, apesar de ser incerto que isso vá acontecer de fato.”

Como alternativa, ele diz que Azul (AZUL4) fica mais atrativa agora. De acordo com sua análise, é possível que a companhia ganhe espaço, já que a Gol deve diminuir a operação no Brasil. “A principal concorrente hoje do mercado é a Azul e ela deve tomar o market share da Gol e se fortalecer em cima, então ela fica mais atrativa para os investidores”, finaliza.

Em um viés mais otimista, Bertotti destaca que a empresa está bem inserida no Brasil, tendo uma relevância importante na geração de emprego. “Eu acredito sim na recuperação dela. A RJ nos EUA é um processo mais claro, não é tão moroso quanto no Brasil e a empresa já está conseguindo linhas de financiamento. Mas o tempo que isso vai levar, a gente não sabe e é isso que faz o papel cair”, diz.

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