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Ganho de mercado: os planos da Suzano com a operação de papel higiênico da Kimberly-Clark

Direção da companhia detalhou a analistas e jornalistas as perspectivas para o negócio, que, após combinação de operações, chega 22% do mercado

Suzano: Com Neve e outras marcas licenciadas, negócio de papéis sanitários chega a 22% (Wikimedia Commons/Exame)

Suzano: Com Neve e outras marcas licenciadas, negócio de papéis sanitários chega a 22% (Wikimedia Commons/Exame)

Na teleconferência de resultados e, posteriormente, em coletiva com a imprensa, a direção da Suzano (SUZB3) explorou mais detalhes das razões para a compra dos negócios de tissue (papéis sanitários) da Kimberly-Clark. "Vemos muita complementariedade nos negócios", disse o diretor Luís Bueno, diretor executivo de Bens de Consumo e Relações Corporativa.

Sob o valor de US$ 175 milhões, além da operação, cuja capacidade de produção é de 130 mil toneladas. a empresa passa a ser dona da marca Neve e fica com o licenciamento no Brasil de marcas globais da norte-americana. Tudo isso, claro, depende da aprovação do Cade.

A Suzano entrou no negócio de tissue em 2017, com o início de produção em Mucuri e Imperatriz. No ano seguinte, comprou a Facepa, que produzia para diversas marcas. Depois de ampliações de capacidade ao longo do tempo, a empresa chegou, neste ano, a 100% da capacidade instalada, de 150 mil toneladas. Por isso, começou a traçar novos planos de ampliação, nos quais entram a nova fábrica em Aracruz, com 60 mil toneladas, e a compra da operação da KC.

Hoje, a Suzano responde por pouco mais de de 12% do mercado de papel higiênico do Brasil. Com a Neve, responderia por 22%, ficando no segundo lugar, segundo números até agosto da consultoria Nielsen. Já dados da Euromonitor, outra consultoria de consumo, apontam que somente o mercado movimentou R$10,66 bilhões no ano passado e que a Kimberly-Clark respondeu por 8,3%. Mas a motivação da aquisição, que será paga inteiramente com caixa da companhia, vai além da participação, segundo Bueno.

De olho no Sudeste

Hoje, a Suzano está mais exposta aos mercados do Norte e Nordeste, com sua marca Mimmo. Com a chegada das operações da KC, a empresa abocanha parte relevante do mercado do Sudeste, onde a marca Neve tem maior exposição. "KC e Suzano têm complementariedade de regiões e consumos, não deve haver aumento de preços, nesse cenário. Nossa intenção é manter as marcas, que são complementares e com fortalezas diferentes por região e mesmo poscionamento de preços", diz Bueno, acrescentando que o mercado é altamente pulverizado: "existem mais de 50 marcas". 

A empresa diz que não faz projeções de alteração dessa participação ao longo tempo, mas destaca que a aquisição também coloca a empresa em novas categorias, como a de "away from home" (lenços e papéis-toalha de uso institucional, por exemplo). "Temos uma visão positiva para o mercado brasileiro. A premiunização já vinha acontecendo e a expectativa é de que continue essa tendência de migração para papéis de folhas dupla e tripla. A segunda vertente de crescimento é de consumo per capita. Consumo de papel ainda é muito baixo, de 7 quilo por pessoa por ano. Países vizinhos têm o dobro, como o Chile. Olhando esse cenário, é natural que esse mercado cresça e se desenvolva nessas duas vertentes."

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