Fim do bull market? Morgan Stanley vê risco crescente para o S&P 500
Banco prevê recuo de 20% para bolsa americana em um cenário de desaceleração econômica somada a lucros pressionados
Bloomberg
Publicado em 20 de setembro de 2021 às 16h35.
Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 20h10.
Uma queda de mais de 20% no mercado acionário dos Estados Unidos parece cada vez mais provável, de acordo com estrategistas do Morgan Stanley liderados por Michael Wilson, executivo-chefe de investimentos (CIO).
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Embora ainda seja o pior cenário, o banco disse que evidências começam a apontar para um crescimento mais fraco e a queda da confiança dos consumidores.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 20, estrategistas do banco de investimento traçaram duas direções para os mercados dos EUA, que chamaram de “fogo e gelo”. Caso resulte em "fogo" -- a visão mais otimista --, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) retiraria o estímulo para evitar o superaquecimento da economia.
“O resultado típico do ‘fogo’ levaria a uma correção modesta e saudável de 10% do S&P 500”, escreveram. Vale lembrar que o S&P 500 é o principal índice do mercado acionário dos Estados Unidos.
Porém é o cenário do “gelo” -- o mais pessimista -- que tem ganhado força, segundo os estrategistas. Na visão do Morgan Stanley, o quadro está caminhando para mostrar uma mostra forte desaceleração econômica somada a lucros pressionados para as companhias listadas. Neste caso, o recuo do S&P 500 poderia superar 20%.
Uma queda dessa magnitude representaria a definição clássica de bear market, nome dado ao período de baixa no mercado de ações, em contraponto ao bull market.
Nesta segunda-feira, os mercados globais reagiram à crise de dívida da incorporadora imobiliária chinesa Evergrande, que poderia impactar o sistema financeiro de forma mais ampla.
Entre estrategistas de Wall Street, o Morgan Stanley é mais pessimista do que a maioria, mas suas opiniões ecoam em outros bancos que também fizeram previsões de baixa recentemente. Estrategistas do Goldman Sachs e do Citigroup, por exemplo, destacaram a possibilidade de choques negativos encerrarem o período de ganhos do mercado dos EUA.
“Será fogo ou gelo? Não sabemos, mas o cenário do gelo seria pior para os mercados e estamos inclinados nessa direção”, escreveram os estrategistas do Morgan Stanley. “Acreditamos que a transição do meio de ciclo terminará com a correção finalmente atingindo o S&P 500.”
O banco recomendou que investidores optem por ações defensivas e de qualidade como proteção e mantenham alguma exposição a papéis do setor financeiro que se beneficiarão do aumento das taxas de juros.