Invest

Dow Jones enfrenta maior sequência de perdas desde os anos Carter

Índice registrou nove quedas consecutivas, mas especialistas apontam estabilidade nos fundamentos de mercado

Mercado segue atento à política monetária e fiscal, com o Dow registrando a maior sequência de quedas em décadas. (Getty Images)

Mercado segue atento à política monetária e fiscal, com o Dow registrando a maior sequência de quedas em décadas. (Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 06h12.

O Dow Jones Industrial Average, principal termômetro do mercado de ações global, registrou na última terça-feira, 17, sua nona queda consecutiva, marcando a maior sequência de perdas desde fevereiro de 1978, quando Jimmy Carter ocupava a Casa Branca. O índice encerrou o dia com uma queda de 267 pontos, ou 0,6%, destacando-se como o único dos grandes índices de Wall Street a apresentar uma sequência tão longa de desvalorização.

Apesar do recorde negativo, o impacto acumulado dessa sequência é considerado modesto. As perdas somam apenas 3% ao longo dos últimos nove dias, uma oscilação mínima em relação ao histórico recente do mercado.

“É um pouco peculiar”, disse Keith Lerner, estrategista-chefe de mercado da Truist Advisory Services à CNN. “O dinheiro continua girando para ações de tecnologia, especialmente impulsionado pela temática de inteligência artificial.”

Tecnologia e inteligência artificial dominam o mercado

Enquanto o Dow enfrenta dificuldades, outros índices têm se mostrado mais resilientes. O Nasdaq, fortemente influenciado por empresas de tecnologia e pela euforia em torno da inteligência artificial, ainda apresenta desempenho positivo no acumulado do ano, mesmo com uma leve queda de 0,32% na terça-feira. Já o S&P 500, mais abrangente, recuou 0,39%.

Os analistas apontam para um movimento de rotação no mercado, com investidores buscando oportunidades em ações de tecnologia, que continuam a impulsionar o Nasdaq. Isso reflete o entusiasmo com a inovação tecnológica e a promessa de crescimento futuro.

Fatores específicos e impacto no Dow

Entre os fatores que contribuíram para o desempenho negativo do Dow, destaca-se a forte desvalorização da UnitedHealthcare Group, que perdeu 18% de seu valor no mês de dezembro. O recuo teve início após o assassinato do CEO Brian Thompson e foi agravado por declarações do presidente eleito Donald Trump, que prometeu eliminar intermediários da indústria farmacêutica.

Além disso, os investidores aguardavam ansiosamente a decisão de política monetária do Federal Reserve. Assim como o esperado pelo mercado, o corte foi na mesma magnitude do anterior, em 0,25 ponto percentual (p.p.), levando os fed funds para a faixa de 4,25% a 4,50%.

Perspectivas e fundamentos do mercado

Mesmo com a sequência de perdas, o Dow Jones acumula alta de 16% em 2024, posicionando-se cerca de 1.500 pontos acima do nível registrado no dia da eleição presidencial. As primeiras reações ao resultado eleitoral foram positivas, impulsionadas por expectativas de redução de regulamentações e cortes de impostos prometidos por Trump.

“Após as eleições, os investidores focaram nos aspectos positivos das políticas de Trump. No próximo ano, será necessário avaliar tanto os benefícios quanto os riscos”, destacou Lerner, referindo-se às possíveis consequências de políticas como aumento de tarifas e deportações em massa.

Anthony Saglimbene, estrategista da Ameriprise, minimizou o impacto da recente sequência de perdas. “Não acredito que essa queda prolongada do Dow seja um sinal de problemas futuros”, disse. Segundo ele, as perdas refletem uma realização de lucros após as altas recentes, além de um ajuste modesto nas expectativas sobre os riscos e oportunidades associados à nova administração.

Acompanhe tudo sobre:Dow JonesEstados Unidos (EUA)Inteligência artificialNasdaqwall-streetAções

Mais de Invest

PIS/Pasep 2025: pagamento do abono salarial começará em 17 de fevereiro

Como fazer um inventário? Veja o passo a passo

INSS divulga calendário 2025 para pagamentos de aposentados e pensionistas

Quanto rende R$ 20 mil por mês com a Selic a 12,25%