Dolar-Moeda estrangeira (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 17h16.
Última atualização em 5 de dezembro de 2025 às 17h33.
O dólar à vista interrompeu a sequência de três quedas consecutivas nas negociações desta sexta-feira, 5, e apagou as perdas de 0,46%, que acumulava na semana, ao subir 2,31% frente ao real. A divisa encerrou o dia cotada a R$ 5,433, o maior valor desde o dia 16 de outubro, quando fechou a R$ 5,4426. Na semana, acumula alta de 1,8%.
O câmbio doméstico chegou a abrir em leve queda, mas por volta das 12h, passou a subir com parte do mercado apontando a possibilidade de um fluxo negativo devido a remessas de lucros e dividendos. Às 13h, porém, o dólar ampliou os ganhos frente ao real com a notícia de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) vai disputar a eleição presidencial do ano que vem.
A informação veio, primeiro, do portal Metrópoles, mas foi confirmada momentos depois depois pelo próprio Flávio em suas redes sociais.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, diz que o noticiário político local de fato pesou para a apreciação da moeda americana. Antes disso, o governo dos Estados Unidos divulgou os dados de inflação do indicador, o PCE, referentes a setembro, apontando que os preços subiram 0,4% na variação mensal e 2,8% no acumulado de 12 meses.
O número veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Economistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperavam alta anual de 2,8% no indicador completo em setembro.
Com o resultado dentro do esperado, o PCE reforçou as expectativas de apostas de mais um corte de juros nos EUA na próxima semana, mas por ser um dado atrasado, por conta da paralisação federal, o shutdown, "ele não necessariamente aumentou as apostas de corte de juros", segundo Zogbi.
"As apostas continuam de lado, então globalmente não parece ter nenhum fator no noticiário que justifique essa virada tão intensa do câmbio e da bolsa", disse a especialista. "Agora, domesticamente, essa virada veio depois da notícia da indicação do Flávio Bolsonaro para concorrer à presidência em 2026", afirma.
Nos últimos dias, o Real valorizou bastante com a expectativa de corte de juros nos EUA e o diferencial que o afrouxamento monetário provocaria em relação aos juros brasileiros, lembra ela. A Bolsa também atingia uma sequência de recordes históricos.
"E esse movimento muito intenso, com muitas altas consecutivas, traz um ambiente realmente um pouco mais sensível à notícias [políticas como essa]", acrescenta Zogbi.
Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital, acrescenta que o mercado passou a buscar proteção após a notícia.
"Fluxo de saída de capital estrangeiro e a demanda típica de fim de ano por remessas se intensificaram, empurrando a cotação para mais de 2,5% de alta, rapidamente para a casa de R$ 5,49. A percepção de que o episódio adiciona incerteza ao quadro fiscal e pode comprometer a previsibilidade do ambiente político reforçou o movimento de busca por proteção", diz Iarussi.
O dólar à vista é o valor negociado no mercado de câmbio para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Esse tipo de câmbio é bastante utilizado em operações de curto prazo feitas por empresas e instituições financeiras.
A cotação do dólar à vista reflete o valor real de mercado no momento da transação, oferecendo transparência para quem precisa fechar negócios com rapidez.
O dólar futuro corresponde a contratos de compra e venda da moeda para liquidação em uma data futura. Essa modalidade é negociada na Bolsa de Valores e ajuda empresas e investidores a se protegerem da volatilidade cambial.
Sua cotação varia conforme as expectativas do mercado em relação à economia, podendo se distanciar bastante do dólar à vista em momentos de incerteza.