Dólar: moeda americana atinge maior valor em 10 dias (halduns/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 15h17.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 18h13.
O dólar saltou 2,5% contra o real neste início de semana, acompanhando o cenário externo volátil no câmbio. A receita inclui taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, preocupações com a inflação na Europa e, no cenário interno, a reta final para as eleições presidenciais. O dólar chegou a ser negociado com mais de 3% de alta na máxima, voltando a operar acima de R$ 5,40. Ao final da sessão, a moeda perdeu parte da força e encerrou o dia cotada a R$ 5,38.
A moeda americana começou a ganhar mais força a partir da última alta de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O Fed elevou a taxa básica de juros nos EUA em 0,75 ponto percentual (p.p.) na última quarta-feira, 21, e sinalizou que o ciclo de alta pode ser mais duro do que o inicialmente esperado pelo mercado.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic reafirmou nesta segunda que ainda há "trabalho a ser feito", com um "longo caminho" no aperto monetário a fim de conter os preços. A fala reacendeu o clima de aversão a risco, uma vez que juros mais altos por mais tempo tiram a atratividade de investimentos mais arriscados. Como consequência, os investidores migram para opções mais seguras – em especial, o dólar.
“Os membros do Fed discursaram hoje e disseram que ainda tem um longo caminho para o controle da inflação nos Estados Unidos, o que estressa o mercado”, avaliou Cristiane Quartaroli economista do Banco Ourinvest.
A economista destaca também que a moeda brasileira apresenta um movimento pior que os demais emergentes pelo País estar na última semana de campanha antes do primeiro turno.
As eleições presidenciais que ocorrem no domingo, 2, tem trazido forte volatilidade ao mercado de câmbio, tanto que a volatilidade implícita de uma semana no real está em 28,5%, a mais alta do mundo segundo estudo da Bloomberg, e significativamente acima das leituras de um e dois meses, quando está abaixo de 22%.
Outro fator que aumenta a força da moeda americana é o aumento da preocupação com a inflação na Europa. O estopim para a turbulência ocorreu na última sexta-feira, quando a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liss Truss, anunciou um um programa de corte de impostos para impulsionar a economia. A medida preocupou os investidores, que estão atentos às consequências da política expansionista para a inflação.
Na esteira das preocupações, a libra esterlina bateu a mínima histórica frente ao dólar nesta segunda, ao ser negociada abaixo de US$ 1,04.
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