Mercados

Dólar dispara mais de 3% com novos casos de covid-19 nos EUA e Europa

Questões comerciais e revisão do PIB mundial para baixo também pressionam moedas emergentes

Dólar: moeda americana se fortalece com maior aversão a risco (JamieB/Getty Images)

Dólar: moeda americana se fortalece com maior aversão a risco (JamieB/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 17h41.

O dólar fechou em forte alta, nesta quarta-feira, 24, com a maior aversão a risco no mundo, após novos casos de coronavírus na Europa e nos Estados Unidos aumentem os temores de uma segunda onda de contaminação, que poderia desacelerar a recuperação econômica. Por aqui, o dólar comercial subiu 3,3% e encerrou sendo vendido por 5,325 reais.

No mercado, os temores de que o isolamento social seja retomado, mesmo que em parte, parece cada vez mais próximo da realidade, agora que países europeus passaram a registrar a intensificação de novos casos. Na Alemanha, um novo surto da doença em uma planta de processamento de carnes, fez com que regiões do país retomassem o lockdown.

Nos Estados Unidos, que iniciaram processos de reabertura sem que alguns estados tivessem atingido o pico da pandemia, o ritmo de infecções também tem aumentado. Na terça-feira, o país teve mais 34.700 infectados confirmados, o terceiro maior número diário desde o início da pandemia, de acordo com a AP. Essa foi a maior quantidade em dois meses. Nos Estados Unidos, já são 2.366.961 infectados e 121.662 mortos pela doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

“A gente não vê a possibilidade de novas quarentenas mais rígidas, o que é ótimo para o mercado. Mas a economia não vai voltar com força, até porque é quase impossível uma vacina para este ano. Esse trade off entre saúde e economia deve continuar”, disse Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.

Nesta quarta, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou a projeção do PIB mundial para contração de 4,9% neste ano. As projeções para o Brasil foram ainda piores, com previsão de com contração de 9,1%. A estimativa para o PIB brasileiro é a mesma prevista pela OCDE, em caso de uma segunda onda de coronavírus.

"O FMI botou para baixo a expectativa de recuperação econômica mais forte no segundo semestre. Vai demorar até que o Brasil retome o nível de antes da pandemia, talvez fique para depois de 2022", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Também azedou o humor dos investidores a notícia da Bloomberg que afirma que os Estados Unidos pretendem impor tarifas de 3,1 bilhões de dólares sobre produtos europeus. A volta da tensão comercial entre essas potências ocorreu um dia após o presidente Donald Trump confirmar que o acordo comercial com a China permanece “intacto”.

“Toda vez que há tensão comercial entre potências globais, se eleva o receio sobre o crescimento global, ainda mais neste ano, que se espera um crescimento bem reduzido”, disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

No radar, também esteve o dado de investimento estrangeiro direto no Brasil de maio, que superou as estimativas de 1,65 bilhão de dólares, ficando em 2,55 bilhões de dólares. Logo após a divulgação, às 9h30, o dólar chegou a perder um pouco de força contra o real, mas logo voltou a subir.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedas

Mais de Mercados

Netflix supera expectativa e registra 277 milhões de assinaturas pelo mundo

Ações da CrowdStrike caem 18%, com apagão cibernético; CEO diz que falha está 'sendo corrigida'

Microsoft chega a cair quase 3% no pré-mercado após apagão cibernético

Bloqueio de R$ 15 bi e corrida eleitoral americana: os assuntos que movem o mercado

Mais na Exame