Dólar bate máxima em 20 anos e ameaça esperança de queda frente ao real
Dólar mais caro que o euro? Alta de juros nos Estados Unidos impulsiona preço da moeda americana no mundo
Guilherme Guilherme
Publicado em 12 de maio de 2022 às 08h00.
Última atualização em 12 de maio de 2022 às 08h47.
O Índice Dólar (DXY), referência para a variação de preços da moeda americana no mundo, atingiu a máxima desde 2002 nesta quinta-feira, 12, ao bater 104,54 pontos.
O índice é formado por uma cesta de divisas fortes, que representam a maior parte das negociações de dólar no mundo. Somente neste ano o DXY subiu mais do que em 2021 inteiro. A valorização acumulada nesses primeiros meses de 2022 foi de 8,8% contra 6,7% do ano passado.
A aceleração do movimento de alta coincide com o início do aperto monetário do Federal Reserve, o banco central americano.
Dólar mais caro que euro?
Juros mais altos se traduzem em títulos mais rentáveis, que obrigam investidores a trocarem suas moedas por dólar para comprá-los. O euro, que representa 57,6% do DXY, está entre as moedas que mais têm sofrido com a alta de juros dos Estados Unidos.
Isso porque o diferencial de juros entre as economias europeia e americana tem crescido, já que o Banco Central Europeu tem sido mais cauteloso sobre o aperto monetário, dado os potenciais efeitos na atividade econômica -- já combalida pela guerra na Ucrânia.
Desde o início do ano, o euro se desvalorizou 8,19%, passando a ser negociado próximo de US$ 1,04. Ou seja, se cair mais 5%, será possível comprar mais euro do que dólar com a mesma quantidade de dinheiro.
Real mais fraco
Mas a situação tampouco tem sido favorável para o real. A moeda brasileira, que teve forte valorização no começo do ano, perdeu força, conforme os preços de commodities resfriaram e cresceram as expectativas de um aperto monetário mais duro nos Estados Unidos. Nem mesmo a Selic em 12,75% -- e com novas altas já precificadas -- tem segurado os dólares no país.
No ano, o dólar ainda acumula queda de 7% contra o real. Porém, o cenário já é bem diferente de meados de abril, quando a queda acumulada no ano chegou a 17%. A valorização do dólar no mundo é apontada por economistas como um dos fatores de apreciação da moeda no Brasil.
Ainda que o saldo da divisa brasileira siga positivo, o consenso do mercado é de que o melhor momento do real já ficou para trás. A saída de estrangeiros da bolsa a partir de abril e a busca por ativos defensivos em meio a temores de uma recessão causada pela alta de juros são sinais que reforçam o dólar mais forte no país.
O consenso de economistas, segundo o boletim Focus, é de dólar a R$ 5 para o fim do ano e -- pelo menos -- até 2025.